Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

domingo, 20 de maio de 2012

A Procuradoria Geral tarda, e tarda, por Elio Gaspari



Elio Gaspari, O Globo

Em outubro de 2010, o estudante Marco Paulo dos Santos, um negro evangélico de 24 anos, estagiário no Superior Tribunal de Justiça, foi à agência do Banco do Brasil que funciona no prédio e esperava sua vez para usar um terminal.

Pela sua narrativa, havia um senhor operando a máquina e ele aguardava sua vez atrás da linha demarcatória. A certa altura, o cidadão voltou-se, dizendo: “Quer sair daqui?”.

Marco explicou-lhe que estava no lugar adequado, mas não o convenceu: “Como eu não saí, ele se apresentou: ‘Sou Ari Pargendler, presidente do STJ, e você está demitido. Isso aqui para você acabou.’”. Pargendler teria puxado o crachá do rapaz para ver seu nome. Uma hora depois, Marco recebeu uma carta de demissão por ter cometido “falta gravíssima de respeito”.

Marco Paulo deu queixa na 5ª Delegacia da Polícia Civil e uma testemunha corroborou sua versão. Pargendler, presidente do “Tribunal da Cidadania”, não se pronunciou.

O processo contra o doutor por agressão moral foi remetido ao Supremo Tribunal Federal, sob sigilo. Felizmente, o ministro Celso de Mello tirou-o do segredo e remeteu os autos à Procuradoria Geral da República, para que verificasse “a exata adequação típica dos fatos narrados neste procedimento penal.”

No dia 17 de dezembro de 2010, o processo foi para as mãos da subprocuradora-geral Claudia Sampaio Marques. Cadê?

Quando completou um ano de espera, Marco Paulo disse ao repórter Frederico Vasconcelos que “entregou o caso nas mãos de Deus”. Fez muito bem, porque, em condições normais, a Procuradoria teria cumprido sua tarefa em dois meses.

No dia 7 de março, a doutora Sampaio Marques devolveu o processo e, no dia 14 de abril ele foi redistribuído para o procurador-geral Roberto Gurgel, seu marido. Explicação? Nem pensar.

Eremildo é um idiota e, ao lembrar que a Operação Vegas ficou com o doutor Gurgel durante quase três anos, convenceu-se de que não se deve falar do caso de Marco Paulo, pois isso é coisa de “pessoas que estão morrendo de medo do julgamento do mensalão”.

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