Ministério da Defesa, no entanto, nega a informação do secretário de Segurança do Rio
O GLOBO
Secretário José Mariano Beltrame reclama que recursos federais não chegaram para compra de equipamentos
FABIANO ROCHA (ARQUIVO) / EXTRA
RIO - A Rio+20 registrou na quarta-feira o primeiro ruído: o secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, reclamou que o estado não recebeu repasse em tempo hábil de recursos do governo federal para compra de equipamentos para o evento e, por isso, terá que usar dinheiro próprio. Segundo explicou Beltrame, que participou do encerramento de uma operação simulada da Polícia Federal, no quartel do Batalhão de Choque, no Centro, somente há 20 dias foi disponibilizado pelo governo federal cerca de R$ 7 milhões para o Rio. O Ministério da Defesa negou que tenha deixado de repassar recursos.
— Toda a nossa participação na segurança da Rio+20, será com recursos próprios, do governo do estado — disse Beltrame demonstrando aborrecimento, na sede do Batalhão de Choque.
Estado gastou até agora R$ 12 milhões
Beltrame chegou ao Choque por volta das 15h, mas saiu rapidamente, 15 minutos depois, sem participar de uma coletiva prevista. A Secretaria de Segurança informou que foram aplicados até agora cerca de R$ 12 milhões em recursos próprios na compra de equipamentos para a Polícia Militar, que já serão utilizados agora na Rio +20. Foram adquiridos 62 cavalos e equipamentos de proteção individual para os policiais do Choque e para os soldados e animais do Regimento de Polícia Montada (RpMont), além de munição e armas não letais, tais como balas de borracha e gás lacrimogêneo, para os dois batalhões.
Os equipamentos de proteção individual ao qual a secretaria de Segurança se refere na nota são coletes, capacetes e armaduras para os policiais do Choque (e também para os cavalos do RpMont). A Secretaria de Segurança tem planos ainda de adquirir material especializado para o Esquadrão Antibomba da Polícia Civil, além de tecnologia e equipamentos para o uso de atiradores de elite (snipers).
Ainda segundo nota enviada ao GLOBO pela Secretaria de Segurança, o Ministério da Defesa liberou, para uso exclusivo na Rio+20, R$ 3 milhões para a Secretaria de Segurança e R$ 4 milhões para o Corpo de Bombeiros. No entanto, explica a nota, “a liberação do recurso não aconteceu em tempo hábil para realizar as licitações de compras, de modo que os equipamentos e animais fossem entregues antes do evento”. Desta forma, “a Secretaria de Segurança decidiu utilizar recursos próprios”.
Em Brasília, a assessoria de Comunicação Social do Ministério da Defesa informou que a reclamação do secretário de Segurança do Rio não procede. Segundo o Ministério da Defesa, no ofício número 67/12, de 10 de abril de 2012, endereçado ao Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), a Casa Civil do governo fluminense abre mão de R$ 4,4 milhões que seriam destinados para a segurança pública.
Ainda de acordo com a Defesa, os recursos devolvidos foram repassados à Marinha (R$ 1 milhão), ao Exército (R$ 1 milhão) e à Força Aérea Brasileira (R$ 2,4 milhões). “A FAB recebeu uma fatia maior para equipar a Base Aérea de Santa Cruz, um dos principais pontos de operação aérea da Rio+20”. O dinheiro, informou a Defesa, já foi entregue às Forças Armadas para serem empregados na segurança da Rio+20.
Para tratar exclusivamente da Rio+20 e de todos os outros eventos que o Rio sediará, foi criada a Subsecretaria de Segurança para Grandes Eventos, que terá caráter temporário e deverá ser mantida até a realização dos Jogos Olímpicos de 2016. Um dos principais objetivos é apresentar, até a Copa de 2014, índices de criminalidade considerados adequados, segundo parâmetros internacionais. Por isso, as polícias já trabalham com metas a serem cumpridas, a fim de garantir melhoria na qualidade do serviço prestado, deixando um legado social.
Para a Secretaria de Segurança, os números comprovam a mudança expressiva na área de criminalidade. Segundo dados do Mapa da Violência no Brasil, a cidade do Rio caiu no ranking nacional das capitais violentas, do 6º lugar em 2000, para o 23º em 2011. “O Rio deixou de ser referência de violência no País há muito tempo” diz o superintendente de Planejamento Operacional da Segurança, Roberto Alzir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário