Bernardo Costa
Extra
Cidade das Crianças Foto: Urbano Erbiste / Extra
O mais ambicioso projeto público de lazer na Zona Oeste do Rio reuniu mais de dez mil visitantes no dia da inauguração, em 31 de outubro de 2004, sendo quatro mil alunos de escolas municipais. Mas a brincadeira perdeu a graça na Cidade das Crianças, em Santa Cruz. Com investimento total de aproximadamente R$ 33 milhões, o espaço de 186 mil quadrados agora está abandonado. A diversão, hoje, representa um risco, dada a precariedade da infraestrutura.
Onde antes havia peixes, pedalinhos e passeios de barco a remo, hoje se assemelha a uma paisagem árida que denota desleixo. Vazio, salvo algumas poças d’água, o lago artificial com capacidade para 22 milhões de metros cúbicos de água é um dos cenários de falência do lugar.
Durante a visita da equipe do EXTRA na última quarta-feira, a Cidade das Crianças merecia outra denominação: a de cidade fantasma.
As atividades daquele dia estavam restritas à piscina, único equipamento com condições de ser utilizado. Quarenta crianças, que faziam parte de uma excursão da ONG Corbi, de Inhaúma, que anualmente organiza visitas ao parque, se divertiam ao som de sucessos de Gustavo Lima e Exaltasamba.
Após a brincadeira, foram lanchar na única loja em atividade do parque. As demais estão todas desativadas, com algumas cheias de entulho e materiais imprestáveis. Quando se retiraram, o único som que se ouvia era do vento remexendo o matagal.
O que mais chama atenção no espaço é o teleférico, cujo caminho para se chegar à estação não existe mais. Quem quiser se aventurar, tem que vencer o mato e os mosquitos; à toa, pois a atração está desativada. Segundo um funcionário, o teleférico só operou nos dois meses iniciais.
Banheiros sem conservação, quadras poliesportivas com equipamentos destruídos e uma pista de skate deteriorada completam o cenário de abandono.
A Cidade das Crianças é administrada por uma Organização Social (OS). De acordo com a Secretaria municipal de Educação, responsável pelo espaço público, a empresa contratada foi o Centro Comunitário Lídia dos Santos (Ceaca Vila), que funciona no Morro dos Macacos, em Vila Isabel. Ainda segundo a secretaria, o acordo vem sendo cumprido e fiscalizado pela 10ª Coordenadoria Regional de Educação.
A secretaria acrescenta que o parque público vai passar por uma grande reforma, mas não cita prazos para as obras, que contemplarão a reestruturação dos banheiros, das quadras, do teleférico, da pista de skate e do lago artificial. No momento, prossegue a nota, "estão sendo realizados serviços de capina, roçada, corte de grama e limpeza", além da reforma da cozinha, com prazo de término estipulado para o fim deste mês de maio.
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