Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

sábado, 26 de maio de 2012

INDICIAMENTO NO RIO - Desabamento de prédios no Rio termina com sete indiciados pela Polícia Federal



PF indicia síndico, quatro operários e outras duas pessoas por desabamento no Centro

Por Ana Cláudia Costa Célia Costa e Rogério Daflon
O Globo
Operários retiram escombros dos três prédios que desabaram no Centro em 26/01/2012
Foto: Carlos Ivan / O Globo

RIO - A Polícia Federal indiciou sete pessoas pelo desabamento de três prédios no Centro, em 25 de janeiro, tragédia que deixou 17 mortos e cinco desaparecidos. Os indiciados são quatro operários, o síndico do Edifício Liberdade, Paulo Renha, Sérgio Alves e Cristiane do Carmo Azevedo, presidente e administradora da empresa Tecnologia Organizacional (TO), que fazia obras no mesmo prédio. Eles são acusados de desabamento culposo qualificado com resultado de morte (punido com pena de de dois a oito anos de prisão) e dano a bem tombado pela União (de seis meses a um ano), já que o desmoronamento afetou também o Teatro Municipal.

Renha responderá ainda por falsidade ideológica (um a cinco anos de prisão) porque entregou à prefeitura uma planta antiga do edifício, na qual havia um prisma de ventilação que já não existia mais. O inquérito foi enviado anteontem ao Ministério Público Federal. O delegado titular da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e ao Patrimônio Histórico, Fábio Scliar, disse que não pediu a prisão dos indiciados porque todos têm endereço fixo e trabalham na cidade.

Polícia: tragédia podia ser evitada

De acordo com o delegado, a acareação de quatro operários que trabalharam na obra do nono andar do Liberdade foi essencial para a conclusão do inquérito, que tem mais de 500 páginas. Scliar disse que a “obra agressiva” no prédio foi determinante para o desabamento. Como O GLOBO noticiou em abril, operários revelaram à polícia que haviam serrado colunas, derrubado pelo menos um pilar e paredes de concreto.

— Foram derrubados cinco paredes de sustentação de concreto armado, dois pilares e uma coluna. Além disso, a obra foi feita de maneira errada, sem a presença de um engenheiro responsável — disse o delegado.

Scliar acrescentou que, quando a TO começou a fazer a obra, contratou dois funcionários que eram do ramo de decoração. Esses dois, segundo depoimentos na PF, contrataram um servente e um ajudante de pedreiro. Os quatro, que acabaram sendo indiciados, são Alexandro da Silva Fonseca — que escapou do desabamento abrigando-se no elevador —, Gilberto Figueiredo de Castilho Neto, André Moraes da Silva e Wanderley Muniz da Silva. O GLOBO tentou ouvi-los, mas não conseguiu.

— Houve dois polos de causas do desabamento. Um deles foi o Sérgio Alves, dono da TO, que fez a obra. O outro foi o síndico, que não tomou providências para impedir as mudanças agressivas à estrutura do prédio.

Na conclusão do inquérito, o delegado diz que o desabamento do Edifício Liberdade — que acabou causando o desmoronamento de outros dois — poderia ter sido evitado caso o síndico tivesse informado às autoridades sobre as irregularidades na obra. Scliar disse que, ao longo dos anos, foi retirado do edifício um prisma de ventilação e em seguida construído nesse local uma espécie de puxadinho, onde copas foram feitas. Na obra da TO, a copa e paredes foram derrubadas para a ampliação do espaço. As paredes, segundo o delegado, faziam parte da estrutura do prédio.

— Se o síndico tivesse tomado medidas para impedir a obra e avisado às autoridades, sou capaz de dizer que o prédio não teria caído — disse o policial.

O advogado Beire Simões, representante de Paulo Renha, informou que a TO foi notificada para que apresentasse os documentos, incluindo a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e o laudo técnico sobre duas obras (no terceiro e no nono pavimentos), além do tubo coletor de entulho. Mas nenhum documento teria sido entregue ao síndico. Nesta sexta-feira, Renha não foi localizado para comentar a decisão da PF. Já a TO, por meio de nota, informou que “as peças contidas na investigação policial não permitem identificar a causa do desabamento do Edifício Liberdade”. Ainda segunda o texto, “os depoimentos são claramente contraditórios, não se podendo sequer assegurar que as paredes ditas estruturais foram derrubadas”.

Ainda na nota, a empresa afirma que peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) disseram que não era possível afirmar se as paredes derrubadas tinham função estrutural adicional ou eram apenas divisórias. Segundo a TO, o laudo pericial é inconclusivo quanto à causa do acidente.

Além de remeter o inquérito ao Ministério Público, Scliar disse que pediu a quebra do sigilo telefônico das cinco pessoas desaparecidas. A intenção é verificar se elas estavam na área do prédio que desabou e, assim, confirmar os óbitos. Nesta sexta-feira, defensores públicos informaram que vão analisar o inquérito para pedir indenização para parentes das vítimas. Já o presidente da associação de vítimas dos prédios, Antônio Molinaro, disse que ainda aguarda a decisão da Justiça na área criminal para pedir indenizações:

— Queremos buscar indenizações com quem foi o causador do desabamento — contou.

No caso do bondinho, funcionários indiciados

Assim como no inquérito da queda dos três prédios no Centro, em que quatro operários foram indiciados, no acidente do bonde de Santa Teresa, em agosto do ano passado, funcionários da Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (Central), vinculada à Secretaria estadual de Transporte, também estão sendo processados. Um motorneiro, dois mecânicos, um chefe de manutenção e um engenheiro mecânico respondem por homicídio culposo e lesão corporal culposa.

Para o MP, os cinco funcionários denunciados foram negligentes, tendo culpa no acidente que matou seis pessoas. A responsabilidade do secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, é analisada em outra investigação do MP.

Presidente da Associação de Moradores de Santa Teresa, Elzbieta Mitkiewicz diz que os funcionários indiciados não eram responsáveis por obter investimentos para a manutenção adequada de todo o sistema.

—Vínhamos denunciado há mais de dez anos a falta de manutenção dos bondes.

Os três prédios do Centro do Rio desabaram na noite do 25 de janeiro, próximo ao Teatro Municipal. Um deles, o Edifício Liberdade, era localizado na Avenida Treze de Maio 44 e tinha 20 andares, e caiu sobre um outro prédio, de quatro pisos, onde funcionava uma loja que não estava ocupada no momento do desabamento. Já a outra construção - o Edifício Colombo, de 10 andares - ficava localizada na Rua Manoel de Carvalho 16.

No caso do bondinho, funcionários indiciados

Assim como no inquérito da queda dos três prédios no Centro, em que quatro operários foram indiciados, no acidente do bonde de Santa Teresa, em agosto do ano passado, funcionários da Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (Central), vinculada à Secretaria estadual de Transporte, também estão sendo processados. Um motorneiro, dois mecânicos, um chefe de manutenção e um engenheiro mecânico respondem por homicídio culposo e lesão corporal culposa.

Para o MP, os cinco funcionários denunciados foram negligentes, tendo culpa no acidente que matou seis pessoas. A responsabilidade do secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, é analisada em outra investigação do MP.

Presidente da Associação de Moradores de Santa Teresa, Elzbieta Mitkiewicz diz que os funcionários indiciados não eram responsáveis por obter investimentos para a manutenção adequada de todo o sistema.


PF indicia síndico, quatro operários e outras duas pessoas por desabamento no CentroOperários retiram escombros dos três prédios que desabaram no Centro em 26/01/2012 Foto: Carlos Ivan / O Globo
Ana Cláudia Costa Célia Costa Rogério Daflon - O Globo
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RIO - A Polícia Federal indiciou sete pessoas pelo desabamento de três prédios no Centro, em 25 de janeiro, tragédia que deixou 17 mortos e cinco desaparecidos. Os indiciados são quatro operários, o síndico do Edifício Liberdade, Paulo Renha, Sérgio Alves e Cristiane do Carmo Azevedo, presidente e administradora da empresa Tecnologia Organizacional (TO), que fazia obras no mesmo prédio. Eles são acusados de desabamento culposo qualificado com resultado de morte (punido com pena de de dois a oito anos de prisão) e dano a bem tombado pela União (de seis meses a um ano), já que o desmoronamento afetou também o Teatro Municipal.

Renha responderá ainda por falsidade ideológica (um a cinco anos de prisão) porque entregou à prefeitura uma planta antiga do edifício, na qual havia um prisma de ventilação que já não existia mais. O inquérito foi enviado anteontem ao Ministério Público Federal. O delegado titular da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Meio Ambiente e ao Patrimônio Histórico, Fábio Scliar, disse que não pediu a prisão dos indiciados porque todos têm endereço fixo e trabalham na cidade.

Polícia: tragédia podia ser evitada

De acordo com o delegado, a acareação de quatro operários que trabalharam na obra do nono andar do Liberdade foi essencial para a conclusão do inquérito, que tem mais de 500 páginas. Scliar disse que a “obra agressiva” no prédio foi determinante para o desabamento. Como O GLOBO noticiou em abril, operários revelaram à polícia que haviam serrado colunas, derrubado pelo menos um pilar e paredes de concreto.

— Foram derrubados cinco paredes de sustentação de concreto armado, dois pilares e uma coluna. Além disso, a obra foi feita de maneira errada, sem a presença de um engenheiro responsável — disse o delegado.

Scliar acrescentou que, quando a TO começou a fazer a obra, contratou dois funcionários que eram do ramo de decoração. Esses dois, segundo depoimentos na PF, contrataram um servente e um ajudante de pedreiro. Os quatro, que acabaram sendo indiciados, são Alexandro da Silva Fonseca — que escapou do desabamento abrigando-se no elevador —, Gilberto Figueiredo de Castilho Neto, André Moraes da Silva e Wanderley Muniz da Silva. O GLOBO tentou ouvi-los, mas não conseguiu.

— Houve dois polos de causas do desabamento. Um deles foi o Sérgio Alves, dono da TO, que fez a obra. O outro foi o síndico, que não tomou providências para impedir as mudanças agressivas à estrutura do prédio.

Na conclusão do inquérito, o delegado diz que o desabamento do Edifício Liberdade — que acabou causando o desmoronamento de outros dois — poderia ter sido evitado caso o síndico tivesse informado às autoridades sobre as irregularidades na obra. Scliar disse que, ao longo dos anos, foi retirado do edifício um prisma de ventilação e em seguida construído nesse local uma espécie de puxadinho, onde copas foram feitas. Na obra da TO, a copa e paredes foram derrubadas para a ampliação do espaço. As paredes, segundo o delegado, faziam parte da estrutura do prédio.

— Se o síndico tivesse tomado medidas para impedir a obra e avisado às autoridades, sou capaz de dizer que o prédio não teria caído — disse o policial.

O advogado Beire Simões, representante de Paulo Renha, informou que a TO foi notificada para que apresentasse os documentos, incluindo a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e o laudo técnico sobre duas obras (no terceiro e no nono pavimentos), além do tubo coletor de entulho. Mas nenhum documento teria sido entregue ao síndico. Nesta sexta-feira, Renha não foi localizado para comentar a decisão da PF. Já a TO, por meio de nota, informou que “as peças contidas na investigação policial não permitem identificar a causa do desabamento do Edifício Liberdade”. Ainda segunda o texto, “os depoimentos são claramente contraditórios, não se podendo sequer assegurar que as paredes ditas estruturais foram derrubadas”.

Ainda na nota, a empresa afirma que peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) disseram que não era possível afirmar se as paredes derrubadas tinham função estrutural adicional ou eram apenas divisórias. Segundo a TO, o laudo pericial é inconclusivo quanto à causa do acidente.

Além de remeter o inquérito ao Ministério Público, Scliar disse que pediu a quebra do sigilo telefônico das cinco pessoas desaparecidas. A intenção é verificar se elas estavam na área do prédio que desabou e, assim, confirmar os óbitos. Nesta sexta-feira, defensores públicos informaram que vão analisar o inquérito para pedir indenização para parentes das vítimas. Já o presidente da associação de vítimas dos prédios, Antônio Molinaro, disse que ainda aguarda a decisão da Justiça na área criminal para pedir indenizações:

— Queremos buscar indenizações com quem foi o causador do desabamento — contou.

No caso do bondinho, funcionários indiciados

Assim como no inquérito da queda dos três prédios no Centro, em que quatro operários foram indiciados, no acidente do bonde de Santa Teresa, em agosto do ano passado, funcionários da Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (Central), vinculada à Secretaria estadual de Transporte, também estão sendo processados. Um motorneiro, dois mecânicos, um chefe de manutenção e um engenheiro mecânico respondem por homicídio culposo e lesão corporal culposa.

Para o MP, os cinco funcionários denunciados foram negligentes, tendo culpa no acidente que matou seis pessoas. A responsabilidade do secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, é analisada em outra investigação do MP.

Presidente da Associação de Moradores de Santa Teresa, Elzbieta Mitkiewicz diz que os funcionários indiciados não eram responsáveis por obter investimentos para a manutenção adequada de todo o sistema.

—Vínhamos denunciado há mais de dez anos a falta de manutenção dos bondes.

Os três prédios do Centro do Rio desabaram na noite do 25 de janeiro, próximo ao Teatro Municipal. Um deles, o Edifício Liberdade, era localizado na Avenida Treze de Maio 44 e tinha 20 andares, e caiu sobre um outro prédio, de quatro pisos, onde funcionava uma loja que não estava ocupada no momento do desabamento. Já a outra construção - o Edifício Colombo, de 10 andares - ficava localizada na Rua Manoel de Carvalho 16.

No caso do bondinho, funcionários indiciados

Assim como no inquérito da queda dos três prédios no Centro, em que quatro operários foram indiciados, no acidente do bonde de Santa Teresa, em agosto do ano passado, funcionários da Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística (Central), vinculada à Secretaria estadual de Transporte, também estão sendo processados. Um motorneiro, dois mecânicos, um chefe de manutenção e um engenheiro mecânico respondem por homicídio culposo e lesão corporal culposa.

Para o MP, os cinco funcionários denunciados foram negligentes, tendo culpa no acidente que matou seis pessoas. A responsabilidade do secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes, é analisada em outra investigação do MP.

Presidente da Associação de Moradores de Santa Teresa, Elzbieta Mitkiewicz diz que os funcionários indiciados não eram responsáveis por obter investimentos para a manutenção adequada de todo o sistema.—Vínhamos denunciado há mais de dez anos a falta de manutenção dos bondes.


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