Wladmir Garcez diz que tentou comprar a casa de Perillo com dinheiro de Cláudio Abreu
BRASÍLIA - Único a falar nesta quinta-feira à CPI do Cachoeira, o ex-presidente da Câmara de Vereadores de Goiânia Wladmir Garcez surpreendeu ao ler um texto na abertura da sessão para se defender. O ex-vereador disse que é amigo de diversos parlamentares, governistas e de oposição e contou que ele mesmo quis comprar a casa do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), por R$ 1,4 milhão, e pediu dinheiro para o ex-diretor da Delta Centro-Oeste, Cláudio Abreu, para fazer a compra. Também com depoimentos marcados para esta quinta-feira, o sargento da reserva da Aeronáutica, Idalberto Matias, o Dadá, e o sargento da Policia Militar Jairo Martins de Souza, preferiram não se pronunciar e foram logo liberados.
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Wladmir Garcez contou ainda que teria recebido três cheques de Cláudio Abreu, apontado pela Polícia Federal como braço direito de Cachoeira. Porém, disse que não conseguiu dinheiro para pagar o empréstimo e, assim, repassou a casa para o empresário Valter Paulo.
- O Cláudio me arrumou três cheques. Não sei quem são os emitentes. Repassei os cheques ao Lúcio, assessor do governador. Cheques do banco Itaú, em nome do governador. O Cláudio passou a me pressionar. Queria vender por um valor maior, mas não consegui vender (pelo) valor maior. O professor Valter me deu R$ 10 mil como comissão pela venda da casa. Dizem que o professor seria laranja do Carlinhos, mas o professor Valter poderia comprar a própria Delta - afirmou Garcez.
Ele disse ainda que a casa foi emprestada pelo professor Valter Paulo para que a mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, ocupasse o imóvel, enquanto outra casa, no mesmo condomínio, estivesse em construção. E negou que tivesse entregue dinheiro no Palácio do governo de Goiás, conforme indicam interceptações telefônicas feitas pela PF.
- Pedi a casa do professor Valter para que me emprestasse até que a casa da Andressa ficasse pronta. Nunca houve a história de entrega de dinheiro no palácio do governo de Goiás. Essas gravações foram montadas. Nem sequer fui atendido nesse dia pelo governador.
Garcez diz que prestava consultoria a Delta e a Cachoeira
Garcez lembrou que é amigo do senador Paulo Paim (PT-RS), do subsecretário da Secretaria de Relações Institucionais, Olavo Noleto, e do governador Marconi Perillo, e até do ex-governador de São Paulo, Mario Covas que já morreu. Ele disse também que era funcionário da Delta e de Carlinhos Cachoeira. Recebia R$ 5 mil do contraventor e R$ 20 mil da Delta para a prestação de serviços de consultoria.
Ele justificou que está preso há 86 dias, longe da família, “sem nunca ter cometido crime algum”. Segundo ele, algumas gravações “são ilícitas “ e somente o Supremo Tribunal Federal (STF) poderia conduzir o processo.
Apesar de inicialmente concordar em responder algumas perguntas, Garcez acabou irritando os senadores por ficar calado. Ao final, Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disparou.
- Caiu a carapuça do contraventor. Ele não vai dizer mais nada. Encerro minhas perguntas - disse o senador.
Confusão entre governo e oposição
Logo em seguida, o depoente foi dispensado e o clima esquentou entre governo e oposição. O deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) criticou os questionamentos feitos pelo relator Odair Cunha. Segundo ele, as perguntas feitas a Wladimir Garcez prestaram um "papel de política mesquinha". O tucano reclamou de perseguição ao PSDB.
- Uma coisa é direcionamento da investigação, outra é a dispersão do foco - disse ele.
Minutos depois, o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR) chegou a levantar-se e partiu em direção ao deputado Dr. Rosinha (PT-SP), quando o petista pediu a palavra para questionar a agressividade de Francischini em relação ao relator.
- Relator é tchutchuca quando fala do governo e é tigrão quando fala da oposição - disse o deputado.
Dadá está preso, em carceragem da Aeronáutica em Brasília. Wladimir Garcez está preso na Penitenciária da Papuda. Jairo é o único depoente que não está na prisão. Em todos os casos, a PF identificou centenas de telefonemas entre os depoentes, Carlinhos Cachoeira e outros membros do que a Polícia Federal identifica como organização criminosa.
Dadá é suspeito de arregimentar policiais federais, civis e militares para as atividades criminosas, além de atuar na promoção dos sites de aposta eletrônica da organização e nas frentes de fechamento de bingos rivais.
Wladimir é apontado pela PF como o contato do grupo junto a agentes públicos, como as polícias civil e militar de Goiás. E Jairo seria um dos espiões do grupo que atuava no negócio de jogos ilegais em Goiás.
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