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domingo, 27 de maio de 2012

BONDINHOS - Moradores defendem acusados por acidente de bondinho no Rio


AGÊNCIA BRASIL

Os protestos estão nos carros, nas portas, nos muros, em postes e em peças de artesanato espalhadas por todo o bairro. Os moradores de Santa Teresa, no centro da cidade do Rio, permanecem mobilizados para ter de volta os tradicionais bondinhos.

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O sistema parou de funcionar em agosto de 2011, depois que um acidente deixou seis mortos e 40 feridos.

Na defesa dos mecânicos e na mobilização para que os bondinhos voltem às ladeiras do bairro antes de 2014, conforme preveem os administradores, o símbolo da campanha vem sendo o motorneiro do bonde que bateu. Morto no acidente, Seu Nelson, como é chamado, estampa camisetas, páginas de redes sociais e foi tema de blocos de carnaval em 2012.

Após terem aprovado um referendo pela volta dos bondes, o próximo passo é a defesa na Justiça de cinco funcionários da manutenção do equipamento, responsabilizados pelo acidente do ano passado. O Ministério Público Estadual os acusa de negligência por não terem tirado de circulação o carro que bateu e por não terem notificado por escrito os problemas no sistema.

Felipe O'Neill-27.ago.11/Ag. O Dia 
Acidente com bonde em Santa Teresa deixou seis mortos no Rio


Ficaram de fora da acusação os gestores do governo que administravam os bondes, o que é questionado pela Amast (Associação de Moradores e Amigos de Santa Teresa). Para a organização, a acusação contra os funcionários é injusta e não leva em conta processos movidos no próprio Ministério Público contra a Secretaria Estadual de Transporte.

"O MP escolheu o caminho de penalizar quem não tinha o poder de gestão, no sentido de comprar peças e contratar serviços para recuperar o sistema, tampouco o poder de paralisar os bondes, como deveriam ter feito", disse um dos diretores da Amast, o advogado Abaeté Mesquita. "Os funcionários cumpriam ordens, muitas vezes, apenas verbais."

Para provar que os mecânicos eram impotentes ante a precariedade do sistema, a Amast contará com o criminalista e ex-governador do Rio Nilo Batista. Professor titular de Direito Penal da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Nilo já assumiu a defesa de quatro mecânicos que o procuraram até agora.

"Estamos buscando, de um lado, a defesa competente desses funcionários, que estão injustamente prejudicados e, de outro, apresentar mais provas para que os verdadeiros responsáveis pelo acidente sejam punidos por omissão", acrescentou Abaeté. Ele lembra que o governo sabia da precariedade do sistema, alvo de pelo menos dois termos de ajustamento de conduta no próprio Ministério Público.

No próximo dia 31 de maio, uma reunião de moradores vai discutir a proteção de bens culturais de Santa Teresa. Além de propor ações em defesa dos bondes, a comunidade vai debater como proteger e recuperar gradis, mobiliário urbano e a paisagem do bairro, que é um dos principais cartões-postais da cidade do Rio de Janeiro.

Giuseppe Bizzarri/Folhapress
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