Salários mais altos empurram os cariocas para o consumo e fazem da cidade a mais cara do País. Aqui se paga mais por alimentos, serviços e lazer
POR MARIA LUISA BARROS
Jornal O dia
Rio - Rio de sol, de céu, de mar... e de preços nas alturas. A cidade é a segunda mais cara das Américas, atrás apenas de Caracas, na Venezuela, e a primeira do País em custo de vida. O cartão-postal que tanto atrai milhares de turistas é também o lugar onde os cariocas precisam trabalhar mais tempo que outros brasileiros para cobrir gastos com alimentação, diversão.
Ernani compara o preço do arroz: ele foge dos mercados mais caros | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Entre dez capitais, o Rio de Janeiro é onde se cobra mais caro pelo pão e o cafezinho.“Já não dá mais para lanchar na rua todo dia. Fica puxado”, reclama o técnico em eletrônica, Rogério Ribeiro Fontes, 48 anos. No caminho do trabalho, se o carioca optar pelo metrô vai desembolsar R$ 3,20, a maior tarifa entre sete cidades brasileiras. Se for de carro, vai encher o tanque com a gasolina mais cara do País. “É absurdo. Eu procuro abastecer nos postos de combustível da Zona Norte, que têm preço melhor”, ensina o comerciante Alex Viana, 29 anos, que como todos os motoristas ainda sofre com os preços de estacionamento mais altos entre as cidades brasileiras.
Almoçar na rua, então, é artigo de luxo. Os restaurantes do Rio têm no cardápio a terceira refeição mais cara do País, liderada pela Zona Sul, Barra da Tijuca e Centro. O jeito seria cozinhar em casa, para driblar a inflação. Não é tão simples. Em pesquisa do Dieese, que calcula índices de preços ao consumidor, seis itens da cesta básica carioca (manteiga, óleo, açúcar, banana, leite e arroz) têm os preços mais salgados entre dez capitais.
O economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), diz que a saída é fazer compras semanais sempre de olho nas promoções para reduzir o impacto da inflação no orçamento doméstico, como faz o aposentado Ernani de Carvalho, 64 anos. “Comparo preços e só compro nos mercados onde os produtos são mais baratos”, dá a dica.
Arte: O Dia
A pesquisa que constatou que a vida do carioca é a mais cara do Brasil é da consultoria inglesa ECA comparando o custo de bens e serviços em 400 cidades para funcionários estrangeiros. Há 4 anos, o Rio ocupava o 141º lugar no ranking. Em 2010, alcançou o ‘top 20’ e este ano ultrapassou os paulistanos. “Enquanto houver consumidores com poder de compra, os preços vão se manter no topo”, diz Braz.
Aquecimento da economia provoca alta
Por trás da alta na cidade, está o aquecimento da economia fluminense, que vai além dos eventos esportivos. “Os cariocas estão recebendo salários melhores e demandando quantidade cada vez maior de serviços de qualidade”, explica o economista André Braz. Sem tempo para as tarefas domésticas, os profissionais acabam reféns das refeições fora de casa e salões de beleza. “Com o tempo que ele perderia em casa, prefere ganhar dinheiro e pagar alguém para fazer o que ele precisa”, diz Braz.
Confira algumas dicas para fugir da inflação e economizar no dia a dia
Substitua produtos que subiram de preço por causa da quebra de safra em função das condições climáticas (chuva ou seca) por frutas, verduras e legumes da estação.
Pesquise pela Internet e faça compras semanais para aproveitar as promoções dos mercados.
Não leve crianças às compras e evite ir com pressa ou cansado. Se for com fome vai gastar mais do que poderia.
Se for ao cinema, pesquise os dias em que há promoção. Clientes de grandes empresas ou bancos costumam ter descontos em cinemas, teatros e casas de shows.
No mercado, anote o preço de cada item e observe se o valor que aparece na prateleira é o mesmo indicado na caixa registradora.
Ao abastecer o carro, procure os postos de combustíveis em bairros mais distantes da Zona Sul.
Faça uma lista de itens antes de ir às compras. Grandes redes costumam cobrir a oferta da concorrência se você apresentar o encarte de promoções.
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