Valor médio dos transportes para a Rio+20 já está acima do cobrado em dias comuns: vans de turismo, carros de aluguel e até ônibus serão mais caros
Imagem aérea do Riocentro: custo de transporte para chegar ao local vai custar cerca de 25% mais caro durante a conferência
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RIO — Além dos altos preços cobrados por hotéis — que, após acordo com o governo federal, devolverão até 60% dos valores extras das diárias —, os visitantes que participarão da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, também devem preparar o bolso, e a paciência, para chegar ao Riocentro, em Jacarepaguá, onde será organizado o evento. O mercado de aluguel de vans está aquecido, e os valores nos dias da Cúpula da ONU, de 20 a 22 de junho, podem ser até 25% mais caros do que em semanas normais, emboras algumas empresas não tenham alterado os preços. No aluguel de carros, há quem cobre 42% a mais por um veículo. Ainda falta cerca de um mês para abertura da Rio+20. E tudo indica que o “viés” dos preços é de alta — embora a prática de elevar orçamentos não seja ilegal, pois, ao contrário de táxis, as vans e carros de aluguel não têm valores prefixados.
O “Globo a Mais”, edição do Globo para tablet, fez um levantamento de várias empresas que oferecerão serviços de transporte dos passageiros que queiram chegar perto de chefes de Estado como Mahmoud Ahmadinejad (Irã), François Hollande (França) e Raúl Castro (Cuba). Algumas informam, por telefone, que já não têm mais frota para novas reservas. Foram pesquisados preços em seis empresas que alugam vans.
Um atendente da Viva Transportes pergunta, por telefone, se o cliente quer o serviço com ou sem nota fiscal. É solicitada à empresa uma comparação. Assim, é possível descobrir que o aluguel de uma van modelo Renault Master para 15 pessoas pelo período de oito horas — numa semana sem ser a da Rio+20 — sai a R$ 480 sem nota fiscal. Com nota, R$ 540. Nos dias de Rio+20, porém, os preços saltam: R$ 600 sem nota e R$ 680 com nota, uma variação de 25% nos dois casos. Cátia Gullo, sócia da Viva Transportes, informa que, assim como para todas as empresas, é obrigatória a emissão de nota fiscal para serviços de transporte. A empresa diz trabalhar com nota fiscal eletrônica.
Outra empresa, a Rio Cidade Service Tour, que também aluga ônibus e carros, cobra R$ 800 por seis horas da van Mercedes Sprinter, também de 20 a 22 de junho, 23% a mais do que em dias normais, quando o valor cai para R$ 650. É preciso pesquisar muito para achar preços mais próximos da realidade. A Executive Vans, especializada em transporte executivo, oferece uma Fiat Ducato a R$ 450, em dias normais, e a R$ 500, na Rio+20, uma variação de 11%.
Três das empresas consultadas informaram que cobram para a Rio+20 o mesmo preço dos dias comuns. Na Sul Tranfer, o período de seis horas custa R$ 450. Na CoopTijuca, são R$ 480 por dez horas. O serviço Rádio Van da Coopertramo não tem pacote, apenas tarifa para a viagem de ida ou de volta: R$ 210 cada trecho, entre Zona Sul e Riocentro, em um veículo para 15 pessoas.
Para efeito de comparação, 15 passageiros na Sprinter alugada por R$ 800 pagariam R$ 53 cada pelo transporte. Um táxi comum, no entanto, custa em média R$ 65 de Copacabana ao Riocentro. Se quatro passageiros dividirem o valor, pagam pouco mais de R$ 16 cada. Três dias de van a R$ 800 no Rio custam o mesmo valor de uma passagem aérea Rio-NovaYork-Rio pela US Airways, no mesmo período.
Assim como em outros grandes eventos, é bom ficar de olho se taxistas vão abusar dos preços nas datas mais movimentadas. Foi o que a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) tentou evitar no carnaval deste ano, quando baixou tarifas pré-fixadas para evitar que motoristas de táxis especiais cobrassem valores altos e o chamado “tiro”, quando o preço é combinado na hora.
Se quiser alugar um carro, o visitante também precisa ficar atento para não pagar preços nada sustentáveis. Uma das principais empresas de locação de veículos do mercado, a Hertz, cobra 42% a mais no período da Rio+20 para determinados modelos. A diária do Fiat Dobló custa R$ 308 de 20 a 22 de junho, valor oferecido com desconto de 20% pela atendente. Na semana seguinte, o valor cai para R$ 217. Outras empresas, como Localiza e Avis, não alteraram, em cotações feitas na última quarta-feira por telefone, seus preços durante a Rio+20.
Se optar por transporte público, por enquanto o visitante ficará confuso se procurar informações oficiais na internet sobre como chegar à Rio+20. O site da conferência dá dicas sobre linhas de ônibus diferentes das propostas pela SMTR. A prefeitura elaborou um plano de frotas adicionais de ônibus públicos em trechos específicos para a Rio+20. Serão oferecidas linhas especiais de ônibus circulares (entre o Riocentro e a Zona Sul) com tarifa de R$ 5,40. A passagem de um ônibus comum na cidade, no entanto, custa R$ 2,75, praticamente a metade. Outra linha proposta pela SMTR, a 332, fará o percurso da Taquara ao Castelo via Riocentro. Custará também R$ 5,40. Duas outras linhas, a 2018 e 2918, farão a ligação entre o Galeão e o Terminal Alvorada, na Barra, com tarifa de R$ 12. Nenhuma dessas linhas é citada no site oficial da Rio+20.
A SMTR informa que as vans de turismo registradas no município para fretamento são fiscalizadas, mas, como não há tarifa prefixada, o uso é precedido de um contrato de prestação de serviço que “depende de um acordo” entre as partes, diz a secretaria, em nota. Segundo a SMTR, os fiscais verificam “as condições dos veículos, proporcionando segurança, qualidade e conforto para a população”. Os proprietários, de acordo com a secretaria, devem estar credenciados, com a vistoria em dia e o cartão de identificação.
O Departamento de Transportes Rodoviários do governo do estado (Detro), responsável por fiscalizar vans que fazem o serviço intermunicipal, informa que fará “operações normais” durante a Rio+20. Além do registro nos órgãos responsáveis, os veículos que vão circular fazendo transporte no evento, diz o Detro, estão cadastrados no Comando Militar. O órgão não interfere nos valores do transporte turístico.
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