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terça-feira, 22 de maio de 2012

ARMADILHA - Endividamento das famílias pode limitar eficácia das novas medidas


Economistas acreditam que governo federal deveria incentivar os investimentos


Segundo economista, muita gente se comprometeu com dívidas de longo prazo
MARCELO CARNAVAL / AGÊNCIA O GLOBO

SÃO PAULO E RIO — As novas medidas anunciadas ontem pelo governo são positivas, mas não terão o mesmo impacto que tiveram em 2008 e 2009, quando o governo usou a expansão do crédito e a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos carros para turbinar a economia. Para especialistas, o cenário atual é diferente e existe o obstáculo do alto endividamento do consumidor. O incentivo ao consumo pode armar uma bomba-relógio no futuro: o risco do aumento da inadimplência.

Segundo o economista Francisco Pessoa, da Consultoria LCA, o mercado automobilístico tem dificuldade para os bancos concederem mais crédito, em função do alto nível de inadimplência. E a capacidade de endividamento dos consumidores que bateu no teto:

— Muita gente se comprometeu com dívidas de longo prazo. A renda da população já está comprometida. Não sei se há muito espaço para crescimento do crédito. Pelo menos não na velocidade que cresceu no passado — disse ele.

Nicola Tingas, economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), frisou a importância de o governo tomar medidas de incentivo à economia para tentar reverter a “performance fraca” obtida no início deste ano.

— A dificuldade hoje, porém, é a capacidade de alavancagem, que não é igual a que tínhamos em 2008. Hoje, a capacidade de consumir está restrita — disse Tingas.

O professor Armando Castelar, da UFRJ, acredita que a repetição do modelo de corte de IPI e redução dos juros de algumas linhas do BNDES podem não surtir o efeito esperado. Ele defende que medidas horizontais, como redução na burocracia e de impostos de forma linear, poderiam surtir mais efeitos.

— O governo precisava se perguntar o motivo da economia continuar patinando mesmo com juros tão baixos e rever o modelo, buscar uma forma de se incentivar o investimento — disse o professor.

Carlos Langoni, professor de economia da FGV e ex-presidente do BC, concorda que as medidas poderão gerar algum alívio de curto prazo, mas que isso não será suficiente. Em sua opinião, o governo deveria aproveitar o momento para retomar uma agenda de reforma audaciosa:

— O governo precisa incentivar o investimento. O governo poderia aproveitar o momento da economia mundial, de uma longa estagnação das economias desenvolvidas e de uma forte desaceleração dos emergentes, como a China, para votar a reforma tributária, o que teria grande apoio da sociedade — disse.

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