Sem médicos em postos, população de Mesquita viaja para ter acesso a saúde
POR DIOGO DIAS
Rio - A falta de médicos em Mesquita, na Baixada Fluminense, obriga moradores a procurar socorro em outras cidades. Pronta há dois anos, a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Edson Passos até hoje não abriu as portas à população, que também não encontra atendimento nos postos municipais de saúde.
DESCASO
Construída pelo estado em 2010, a UPA está vazia, com mato alto e entulho nos fundos da unidade. Outras unidades de saúde locais, por sua vez, não têm médicos. Para Renata dos Santos, 19 anos, que é vizinha da nova UPA, a expectativa de ter serviço de saúde do lado de casa virou um sonho distante. “Até hoje, nada. Sempre que eu e meus filhos temos de ir ao médico, vamos às UPAs do Rio.
UPA construída em Edson Passos, em Mesquita, está pronta desde 2010 mas ainda não abriu as portas | Foto: Alessandro Costa / Agência O Dia
Quando não tenho dinheiro para a passagem, sou obrigada a ficar em casa passando mal”, reclama. Se não bastasse a ‘unidade-fantasma’, a oferta de médicos no município é escassa. No posto municipal de Jacutinga, o mais perto da UPA, em vez dos profissionais, quem faz plantão é a população: “Quando tem médico, esperamos por 12 horas o atendimento”, conta o vendedor Alberto Bastos, 63.
Nesta segunda, em visita à unidade, equipe de O DIA constatou o problema. Com os filhos doentes, Tamires Aparecida, 22, teve de voltar para casa: “Minha filha está com 39,5 de febre e o outro vomitando. Não tem médico!”.
Na tentativa de driblar o problema, funcionários do posto ainda orientam os pacientes a fazer os exames com enfermeiros e levá-los para postos onde há médicos. Após receber denúncia do jornal, a Prefeitura de Mesquita enviou um médico ao posto de saúde de Jacutinga.
Promessa de abrir nos próximos meses
Desde o fim das obras da UPA de Mesquita, em dezembro de 2010, a população espera pela abertura. A Secretaria de Estado de Saúde alega que jamais agendou a inauguração da unidade. Mas, no site da prefeitura, texto de novembro de 2010 afirma que ela começaria a funcionar no mês seguinte. O órgão diz que a administração da UPA seria da prefeitura, mas segundo a Secretaria Estadual de Saúde, as equipes não foram contratadas.
Com a demora, o estado retomou-a e passou a administração para uma Organização Social (OS) selecionada para gerir 26 unidades no Rio. Segundo o estado, a previsão é que a UPA de Mesquita abra no início do segundo semestre, mas o mês não foi informado.
A prefeitura admite a escassez de médicos, afirma que está contratando profissionais mas que não consegue preencher todas vagas. O salário de R$ 6 mil.
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