Conforme revela VEJA desta semana, dos dois lados do negócio, há convicção de que construtora não será declarada inidônea após investigação
Sob nova direção: O grupo do empresário Joesley Batista, dono do frigorífico JBS-Friboi, vai assumir o comando da construtora Delta, de Fernando Cavendish (Eliária Andrade / Agência O Globo, Eduardo Knapp / Folhapress)
Quis o destino -- e o escândalo de Carlinhos Cachoeira -- que fossem entrelaçados os caminhos de dois dos grupos empresariais que mais floresceram nos anos Lula. A J&F Participações, holding controladora do frigorífico JBS-Friboi, assumirá a administração da construtora Delta. A transação não envolverá dinheiro. A empreiteira afirma ter 4 bilhões de reais em um total de 300 contratos com a União, estados e municípios. É a construtora que mais possui obras do PAC, o Plano de Aceleração do Crescimento. O valor pode virar pó caso a Controladoria-Geral da União (CGU) considere a empresa inidônea, por causa das suspeitas de corrupção e superfaturamento. A J&F, presidida pelo empresário Joesley Batista, fará uma auditoria antes de selar o negócio. Se a transação seguir adiante, outra auditoria será feita dentro de seis anos. O eventual lucro definirá os valores da negociação. Fernando Cavendish, da Delta, ficará com 15% do resultado.
Cavendish, portanto, sai sem nada do negócio num primeiro momento. Mas ele tem dinheiro no Brasil e no exterior que lhe garantirá uma vida confortável nos próximos anos. A J&F se comprometeu a pagar os custos dos processos em que a Delta e Cavendish estão envolvidos, além de manter a maioria dos 35 000 funcionários da empreiteira. Há nos dois lados do negócio a convicção de que a CGU não declarará a empresa inidônea. A presença nas negociações do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, atual presidente do conselho consultivo da J&F, reforça essa certeza. Uma das primeiras medidas da J&F será mudar o nome da empreiteira.
De um frigorífico modesto de Goiás, o JBS subiu ao posto de maior empresa de processamento de carnes do mundo. O grupo controla ainda as marcas Vigor, de laticínios, e Flora, de produtos de higiene, além do banco Original. Está também erguendo a maior fábrica de celulose a partir de eucalipto do mundo, a Eldorado. Todas as grandes tacadas do JBS tiveram o apoio financeiro do BNDES. O banco público já despejou arrobas e mais arrobas de reais nos cofres dos Batista. No total, entre empréstimos e participações acionárias, foram cerca de 10 bilhões de reais. A BNDESPar, a subsidiária do banco para investimentos em empresas, é dona de 31,4% do JBS. Como o valor de mercado do JBS hoje é de 22 bilhões de reais, a participação do banco na empresa vale menos de 7 bilhões de reais. O BNDES informou que não teve nenhuma interferência na compra da Delta. O negócio, diz o banco, foi feito diretamente pela holding da família Batista, a J&F, e não interferirá nos resultados do JBS.
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