Pedro Taques disse que a Comissão Parlamentar de Inquérito tem informações de que o contador do bicheiro Carlinhos Cachoeira repassou 200 000 reais ao escritório de advocacia Morais, Castilho e Brindeiro
Laryssa Borges
VEJA
O ex-vereador Wladimir Garcez (PSDB) depõe na CPI do Cachoeira, em Brasília, nesta quinta-feira (Andre Dusek/AE)
No início dos depoimentos desta quinta-feira na CPI do Cachoeira, o senador Pedro Taques (PDT-MT) disse que a comissão de inquérito tem informações de que o contador do bicheiro Carlinhos Cachoeira, Geovani Pereira da Silva, repassou, em pelo menos três transferências, o valor aproximado de 200 000 reais ao escritório de advocacia Morais, Castilho e Brindeiro. A banca de advogados tem como um dos sócios o ex-procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, chefe do Ministério Público Federal durante o governo Fernando Henrique Cardoso, que foi reconduzido três vezes ao cargo, terminando o seu quarto mandato em junho de 2003.
As informações levantadas por Taques constam do laudo de perícia criminal federal contábil financeiro da Polícia Federal. “Não podemos proteger quem quer que seja. Não pode ser essa CPI chapa-branca. Não podemos proteger os conhecidos nem prejudicar os inimigos”, disse o senador, que defendeu que o colegiado vote ainda nesta quinta-feira a quebra de sigilos bancário e fiscal de autoridades e empresas.
Embora tenha feito a ressalva de que a transferência não indica culpabilidade de qualquer integrante do escritório de advocacia, Taques classificou os repasses como “absolutamente estranhos”. “Os ex-procuradores-gerais da República que entraram na instituição antes de 1988, de acordo com a Constituição, podem advogar. Agora, é muito estranho que um ex-procurador-geral receba 200 000 reais de uma empresa de fachada, fantasma, manipulada por um contador de Carlinhos Cachoeira”, opinou o senador, que é procurador da República licenciado.
Conforme relato do parlamentar, as empresas-laranjas Alberto Pantoja e Brava teriam recebido mais de 3 bilhões de reais da matriz da construtora Delta. Desse valor, cerca de 12 milhões de reais foram movimentados pelo diretor regional da empreiteira no Centro-Oeste, Cláudio Abreu. Parte desse dinheiro controlado por Abreu, cerca de 200 000 reais é que teriam sido enviados ao escritório de Geraldo Brindeiro
O site de VEJA entrou em contato com o escritório de advocacia Morais, Castilho e Brindeiro, mas ainda não recebeu retorno.
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