Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Dinheiro para suborno foi obtido com sobrinho de Arruda

Mensalão do DEM
(Atualizada às 21h20)
Em depoimento, esta tarde, na Polícia Federal, Antonio Bento, funcionário aposentado da Companhia de Energia de Brasília, disse que recebeu de Rodrigo Arantes, sobrinho e secretário-particular do governador José Roberto Arruda, do Distrito Federal, os R$ 200 mil que entregou hoje pela manhã em um restaurante da cidade ao jornalista Edson Sombra, uma das testemunhas-chaves do caso do Mensalão do DEM.
Bento foi preso por agentes federais logo depois do ato de entrega do dinheiro. Sombra havia contado com antecedência à polícia que estava em curso uma tentativa de suborná-lo comandada diretamente por Arruda.
Em meados de janeiro último, Sombra fora visitado no seu apartamento, na Asa Norte, pelo deputado distrital Geraldo Naves (DEM), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Legislativa.
Segundo Sombra contou à polícia, Naves lhe deu um bilhete escrito por Arruda e adiantou qual era a oferta dele. Em troca de R$ 3 milhões, Sombra deveria dizer que haviam sido manipulados os vídeos gravados por Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais do governo, onde aparecem Arruda e deputados que o apóiam embolsando dinheiro.
Foi Sombra que convenceu Durval a denunciar o mensalão do DEM.
No bilhete, já de posse da polícia, Arruda escreveu frases soltas. Algumas delas:
* "Gosto dele". (Sombra entendeu que ele se referia a Durval.)
* "Sei que tentou evitar". (Sombra entendeu que Arruda quis dizer que ele, Sombra, tentara impedir Durval de detonar o escândalo.)
* "Preciso de ajuda. Sou grato".
No bilhete, Arruda escreveu uma sigla - GDF. E ao lado dela, assinalou: "OK ". GDF é Governo do Distrito Federal. Sombra entendeu que Arruda sugeria que ele não teria dificuldades no âmbito do governo.
Então decidiu procurar o jornalista Wellington Moraes, assessor de comunicação social de Arruda. Os dois se reuniram em uma sala do oitavo andar do edifício Liberty Mall.
- Diz pro Arruda que não dá para negociar com um intermediário tão amador como é esse Geraldo Naves.
Como prova do amadorismo de Naves, deu a Welligton o original do bilhete que Arruda lhe enviara. Guardou uma cópia.
Em seguida, pediu emprestado o celular de Wellington e telefonou para Arruda na Granja de Águas Claras, residência oficial do governador do Distrito Federal.
O diálogo com Arruda foi curto. Sombra encerrou-o dizendo:
- O que já fizemos juntos no passado dispensa agora o uso de intermediários.
Os dois foram amigos. Mas naquele momento o que Sombra pretendia era dar esperança a Arruda de que aceitaria a proposta de suborno feita por intermédio do deputado Naves.
- Tratei do assunto várias vezes com Wellington e depois com Antonio Bento. Isso durou quase três semanas - revelou Sombra a este blog.
Bento havia trabalhado de graça na campanha de Arruda para governador. Esperava depois ser nomeado para um cargo em comissão.
Arruda ofereceu-lhe um cargo cujo salário era de R$ 2 mil mensais. Bento preferiu aceitar a oferta de Sombra, que é dono do jornal quinzenal O Distrital, e o empregou como "gerente comercial para o mercado privado".
Foi Bento, que esteve três ou quatro vezes com Arruda da semana passada para cá, quem escreveu em papéis colecionados por Sombra as siglas BRB e CEB.
BRB é Banco Regional de Brasília. Ali, adiantou Bento, a Arte Produção, empresa de Sombra, ganharia uma conta garantida de R$ 450 mil, prometera Arruda. CEB quer dizer Companhia de Eletricidade de Brasília.
À CEB, Sombra deve mais de R$ 500 mil da época em que arrendou uma emissora de rádio que pertenceu ao ex-senador Luiz Estevão de Oliveira. A dívida seria perdoada ou renegociada, dissera-lhe Bento a pedido de Arruda.
O que Bento não sabia, e só ficou sabendo hoje na Polícia Federal, é que Sombra gravou em vídeo várias conversas que teve com ele e Wellington.
- Gravei cinco ou seis encontros que tive com Bento na minha casa.  E dos cinco encontros que tive com Wellington, gravei um. As fitas estão com a Polícia Federal. No total, somam mais de 12 horas - revela Sombra.

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