Prefeito de Curitiba recebeu 41 votos do diretório estadual; Álvaro Dias, que pleiteava a vaga, não compareceu
Evandro Fadel, de O Estado de S.Paulo
CURITIBA - O diretório do PSDB no Paraná definiu, nesta segunda-feira, 22, por 41 votos contra um dado ao deputado federal Gustavo Fruet, que o prefeito de Curitiba, Beto Richa, é o pré-candidato ao governo do Estado. O diretório tem 45 membros, mas três não compareceram, incluindo o senador Álvaro Dias, que também pleiteava a vaga. A decisão tornou explícito um racha no PSDB local. "O projeto nacional foi ignorado, tratado com desdém, o que se colocou em primeiro lugar foi a ambição pessoal", reagiu Álvaro.
Um dos principais defensores da candidatura de Richa, o presidente do diretório regional, deputado estadual Valdir Rossoni, acredita que será possível atrair o senador. "Espero que o espírito democrático prevaleça e possamos ter um diálogo", disse. O que não deve ser fácil, visto que Álvaro considerou uma "ilegalidade" a reunião. "O diretório não tem competência legal para escolher candidato", reforçou. "Mas se não tem efeito legal, tem efeito político."
Em razão dessa desvantagem política, Álvaro pode desistir de disputar a convenção em junho. "Meu nome estava colocado apenas enquanto circunstancialmente significasse fortalecimento para a candidatura de José Serra", afirmou. Mas, segundo ele, a decisão pela candidatura de Richa "arma o palanque dos adversários". Ao se desincompatibilizar da prefeitura, Richa passará o cargo para o vice Luciano Ducci, que é do PSB. "Coloca a prefeitura como palanque para o Ciro Gomes", disse o senador.
Segundo Álvaro, seu irmão, o senador Osmar Dias (PDT), que poderia desistir da candidatura ao governo do Estado caso ele fosse o escolhido do PSDB, agora "foi jogado nos braços da Dilma Rousseff (PT)". Osmar é o preferido da direção petista. "O palanque do PT fica fortalecido e, obviamente, se perde a oportunidade de ter o PMDB, oferecendo outro palanque para a Dilma", afirmou. Richa e o governador Roberto Requião (PMDB) aprofundaram as diferenças políticas nos últimos anos. O PMDB pretende ter candidatura própria no Estado, com o vice-governador Orlando Pessuti.
Guardas em greve
Richa, por seu lado, destacou que sempre entrou em disputas eleitorais por "convocação" e "aclamação", não tendo enfrentado nenhuma convenção. "Oitenta por cento dos meus eleitores querem me ver na disputa deste ano", argumentou. Mas ele já começou a enfrentar problemas. Durante a reunião do diretório, guardas municipais em greve interditaram a rua em frente ao hotel para protestar.
"Vamos buscar alianças e apenas com o PT não tem diálogo", anunciou Rossoni. Richa admitiu que a maior dificuldade será com o PDT, que saiu fortalecido da última eleição, quando Osmar, que tinha apoio total do PSDB, perdeu por pouco mais de 10 mil votos para Requião. "Enquanto houver tempo vamos tentar essa conversação na busca de entendimento", afirmou Richa.
Segundo ele, Serra tem os melhores índices de aprovação no Paraná, perdendo apenas para São Paulo. "Mais uma vez o Paraná vai mostrar consciência política fazendo a candidatura tucana ser a mais votada", disse. O vice-prefeito garantiu que a direção nacional do PSB já permitiu que, no Estado, o partido participe do palanque do PSDB, independentemente de candidatura própria ao governo federal.
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