Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

terça-feira, 16 de março de 2010

CONSUMIDOR - ‘Riscagem’ de pneus coloca em risco a vida do motorista

A prática é proibida. Um artifício ilegal que põe em risco a vida de muita gente. O barato pode custar uma vida.


Mais um perigo ronda nossas ruas e estradas. O borracheiro oferece e tem gente que aceita. É a riscagem de pneus - que se chama de pneu frisado.

Você já ouviu falar disso? Pois fique sabendo que é proibido. Um artifício ilegal que põe em risco a vida de muita gente. O barato pode custar uma vida.

É um tipo de prática que enfraquece o pneu e diminui a segurança do carro. Os riscos feitos na borracha deixam o produto usado com aparência de novo. Mas é só aparência...

O funcionário da borracharia oferece ao nosso produtor uma alternativa mais barata e perigosa: "Dá para afundar mais. Tem aquelas maquininhas que a gente passa no desenho e deixa mais fundo. Não tira da estrutura do pneu, torna a fazer praticamente o mesmo desenho que está aqui. Dá para fazer em todos. Um pneu desse não precisa de trocar agora".

O serviço é feito com uma máquina aquecida que aprofunda as ranhuras. Em outras borracharias, mais gente admite fazer o serviço conhecido como "riscagem": "Se riscar, não vai dar problema. Um cara compra direto aqui. Só vende pneu riscado aqui", garante um borracheiro.

Não existe fiscalização. "O cara risca e deixa zerado. Os guardas passam batido", conta o borracheiro.

Um borracheiro diz há quanto tempo risca pneus: "Há 15 anos. Se o cara for comprar é um absurdo. Aqui roda uns 6 mil quilômetros ainda”.

O trabalho de riscagem custa entre R$ 30 e R$ 40, quase 10 vezes menos que determinados modelos de pneus novos. “Tem gente com dinheiro, de condomínio, que vem por aqui e manda trocar os quatro”, comenta um funcionário.

Mas o especialista da Universidade de Campinas Celso Arruda explica que o aumento das ranhuras diminui a espessura da camada de borracha e expõe parte da estrutura. Uma malha de arame.

“Quando chega nessa aramagem, perdeu a sustentação do pneu. A chance de explodir o pneu, por volta da aramagem, é enorme. Basta bater em uma pedrinha, em um buraco ou em uma guia”, alerta.

Nossa equipe comprou um pneu riscado. Ele tem aparência de novo e vem inclusive com recibo. Para diferenciar esse produto de outro com boa procedência é preciso estar muito atento aos detalhes.

“Não acompanha o desenho original. Existem umas linhas tortuosas, por mais bem que sejam feitas nunca é igual ao pneu que foi fundido em uma máquina”, mostra o engenheiro Celso Arruda.

Dar uma aparência de novo a um pneu usado é um artifício que costuma ultrapassar o limite de desgaste do produto. De acordo com a lei, os sulcos não podem ter menos de 1,6 milímetro de profundidade. Na maioria das vezes, o trabalho é feito com pneus quase carecas.

Nas operações da Polícia Rodoviária, o motorista flagrado com pneus riscados é autuado. A legislação prevê a retenção do veículo no local da fiscalização. Se não houver a possibilidade de trocar os pneus, o motorista tem o documento do veículo apreendido. Além disso não escapa de uma multa.

“É infração grave com multa de R$ 127”, informa o policial rodoviário tenente Fernando Souza.

Carlos Guaraldo trabalha com veículos e comprou um carro com pneus riscados. Sofreu um acidente: “O carro perdeu a aderência na curva, rodou e bateu no guardril. Eu sabia que estava riscado, mas ia trocar no outro dia, e não deu tempo”.

Quem estiver rodando com pneus "riscados" e for flagrado terá o carro apreendido até que providencie a troca e que risco enorme o motorista corre.


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