Detro diz que greve prejudica 2,3 milhões de pessoas na Baixada e na Grande Niterói
Athos Moura
Isabel Araújo
Paulo Roberto Araújo
Cíntia Cruz
Passageiros se aglomeram no terminal rodoviário de Nova IguaçuExtra / Cléber Júnior
RIO - Subiu para 20 o número de cidades com rodoviários em greve, na manhã desta sexta-feira. Municípios do Sul Fluminense também aderiram, além de oito cidades da Baixada Fluminense e cinco da chamada Grande Niterói. São elas, além de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá, Tanguá, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Nilópolis, Belford Roxo, Mesquita, Paracambi, Miguel Pereira, Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes, Rio das Flores, Vassouras, Itaguaí, Paty dos Alferes, Seropédica e Mangaratiba. O presidente do Detro, Alcino Carvalho, estima que 2,3 milhões de moradores do Grande Rio estão sendo prejudicados com a greve. O número de usuários afetados no Sul Fluminense ainda não foi estimado.
São cerca de 1,3 milhão de prejudicados na região de Niterói, que abrange São Gonçalo, Maricá, Itaboraí e Tanguá, e cerca de 1 milhão usuários de ônibus intermunicipais na Baixada Fluminense, onde a greve dos rodoviários foi decretada na noite desta quinta-feira, e só não atingiu Duque de Caxias e Magé.
- É preciso que se chegue com urgência a um consenso para que a greve chegue ao fim com uma solução adequada para os dois lados. Milhões de pessoas estão sendo prejudicados, e a paralisação afeta toda a força de trabalho da capital do Rio - apelou Carvalho.
Segundo ele, na manhã desta sexta-feira aumentou o número de ônibus em circulação em Niterói, São Gonçalo, Maricá, Itaboraí e Tanguá em relação à frota que circulou nesta quinta-feira. Segundo Carvalho, os fiscais do Detro estão nas ruas do Grande Rio para apoiar os usuários dos ônibus que estão sendo prejudicados pela greve dos rodoviários de Niterói e da Baixada Fluminense.
Já de acordo com o presidente do Sindicato de Trabalhadores do Transporte Rodoviários de Nova Iguaçu (STTRNI), Joaquim Graciano da Silva, a categoria está se mobilizando para que nesta manhã haja 70% de coletivos circulando, conforme exige decisão judicial. Durante os horários de menor movimento, 40% dos ônibus precisam estar nas ruas. O descumprimento da determinação implica multa de R$ 300 mil ao dia.
Alcino Carvalho confirmou que alguns instrutores estão dirigindo ônibus em Niterói, mas disse que isso não é ilegal porque eles são habilitados e responsáveis pelo treinamento dos motoristas. Os fiscais do Detro estão fiscalizando as vans legais para que elas mantenham a tarifa normal nas linhas que ligam os municípios do Grande Rio à capital.
Em Niterói e São Gonçalo, os moradores prejudicados com a greve dos rodoviários estão tirando os carros das garagens para chegar ao trabalho. Por causa disso, há enormes engarrafamentos, inclusive em vias que jamais ficaram congestionadas. Apesar da situação caótica, principalmente nos cruzamentos, não há soldados da PM e nem guardas municipais nos principais corredores de tráfego entre Niterói e São Gonçalo. Na Baixada, no entanto, há policiais nos terminais rodoviários e guardas municipais nos cruzamentos.
Rodoviários da Baixada protestam contra colegas que furam greve
Desde as 5h desta sexta-feira, rodoviários de linhas de ônibus em Nova Iguaçu se reúnem no terminal rodoviário do município. Eles reivindicam reajuste salarial de 16% e aumento de 50% na cesta básica. Funcionários das empresas protestam contra os colegas que furaram a greve e, segundo a rádio CBN, alguns manifestantes arremessaram ovos em quatro coletivos. Dois carros da Polícia Militar estão no local.
- Depois querem reclamar de aumento salarial. Esperamos 72 horas para a manifestação. Ontem saiu uma liminar dizendo que só podíamos fazer greve na segunda-feira que vem e com 70% dos funcionários trabalhando. Isso não é greve - disse o motorista Denilson Ricardo Reis, de 45 anos, da empresa Master.
- Quem fura a greve quebra a nossa força. Não tem risco de sermos demitidos - acrescentou o despachante Marcos Aurélio da Silva, de 34 anos.
Revoltados com os colegas que continuam trabalhando, os grevistas os chamam de covardes. Com a paralisação, muitos trabalhadores tiveram que voltar para a casa. O auxiliar de linha de produção Ediberto Carvalho, de 28 anos, pegou uma carona de Japeri para Nova Iguaçu, mas não conseguiu chegar ao trabalho.
- Cheguei às 4h40m aqui na rodoviária, mas não tem ônibus. Tinha que estar na empresa às 6h. O problema é que sou novo. Tenho medo de ser mandado embora.
Uma despachante da empresa Nossa Senhora da Penha que não aderiu à greve se justifica:
- Temos que lutar por nosso direito, mas sem deixar a população sofrer. As pessoas têm que ir trabalhar.
Em Niterói, passageiros duvidam que 40% da frota estejam nas ruas, como determina Justiça
Os passageiros reclamam da falta de opções para se deslocarem. Em Niterói e São Gonçalo, os passageiros colocam em dúvida se a porcentagem de 40% da frota - quantidade estipulada para estar nas ruas de acordo com decisão judicial - estão realmente rodando. O não cumprimento desta decisão acarreta multa de R$ 100 mil diários a categoria em greve.
- A greve está pior hoje. Não vi ônibus nas ruas. A fila para pegar catamarãs estava imensa - contou Regis Ferreira, que mora em São Francisco, Niterói, e trabalha no Centro do Rio.
No terminal de São Gonçalo, há muitas filas e poucos ônibus em circulação. A técnica de laboratório Joseane Marta dos Santos, moradora daquele município, saiu às 5h45m de casa e ficou 40 minutos esperando um ônibus para Niterói.
- Peguei um ônibus no ponto final que já saiu lotado. Ele não conseguiu pegar mais ninguém até chegar ao terminal. Fiquei uma hora à espera de uma ônibus para Jurujuba, mas desisti. Vou tentar pegar um táxi com uma amiga - contou.
Em Niterói, praticamente não há ônibus nas ruas. A estagiária Vivian Ribeiro e sua mãe, Maria Emília Ribeiro, saíram de casa, em Itapu, na Região Oceânica, cinco horas antes de seus compromissos no Rio. Vivian contou que não conseguiu ir para o estágio nesta quinta e ficou com medo de o problema se repetir nesta sexta.
Trânsito sofre impacto
Na Região Metropolitana, a greve também causa transtorno para os motoristas. Com a falta de coletivos, a quantidade de carros aumentos nas ruas e há congestionamento em locais onde geralmente não existem complicações no trânsito, como a Avenida Rio Branco, no Centro de Niterói. Apesar dos pontos de ônibus, cheios o policiamento em Niterói não está reforçado.
O motorista que vem da Baixada, porém, encontra uma situação completamente oposta. Com a ausência dos ônibus as principais vias expressas da cidade, caso da Avenida Brasil e Linha Vermelha, estão com o trânsito mais leve, na manhã desta sexta-feira.
Quem também não está satisfeito com a greve dos rodoviários são os usuários do trem, que relatam que na manhã desta sexta-feira o número de pessoas transportadas aumentou. A SuperVia já registra aumento de demanda nos trens urbanos às 6h30m desta sexta-feira. Haverá viagens extras em Nova Iguaçu e Queimados, no ramal de Japeri, de acordo com a demanda dos passageiros. A concessionária afirma que está monitorando todos os ramais para verificar a necessidade de mais viagens extras nesta manhã. Até as 7h, os trens operavam em intervalos regulares em todos os ramais.
Segundo o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio (Setrerj), a greve prejudicou nesta quinta-feira até 1,3 milhão de pessoas. Os municípios em greve são: Nova Iguaçu, Nilópolis, São João de Meriti, Belford Roxo, Mesquita, Seropédica, Itaguaí, Paracambi, Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá.
No Rio, rodoviários fazem acordo e descartam greve
O presidente do Sindicato dos Rodoviários do Rio (Setrerj), Antônio Onil da Cunha Filho, descarta a possibilidade de a categoria entrar em greve na capital. Segundo ele, em assembleia realizada dia 23, os rodoviários cariocas aprovaram um acordo com os empresários de ônibus. Eles receberão, a partir dos salários de março, pagos no início de abril, um aumento de 10%. O motorista e o despachante dos ônibus municipais passaram a ganhar R$ 1.618,06. O salário do cobrador do Rio foi para R$ 892,88 e o do fiscal, para R$ 1.055,36.
Em Nova Iguaçu, a assembleia que decretou a paralisação de 13 mil rodoviários da Baixada — a exceção é Caxias, onde houve acordo — durou mais de quatro horas. A Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor) informa que, por decisão judicial, os grevistas desses municípios têm de colocar 70% da frota de ônibus nas ruas, nos horários de rush, e 40%, no restante do dia. O descumprimento da determinação implica em multa de R$ 300 mil ao dia.
No caso dos cinco municípios que começaram a greve na madrugada de quinta-feira, o superintendente do Setrerj informa que 751 dos 3.767 ônibus intermunicipais e municipais operaram, correspondendo a 19,9% da frota. Por determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), os rodoviários deveriam colocar em circulação 40% da frota durante a greve. A multa pelo descumprimento da determinação é de R$ 100 mil por dia. O Detro, no entanto, garante que, no caso apenas dos intermunicipais, 40% dos veículos trafegaram. O órgão fiscalizou a operação dessas linhas.
TRT se reúne para tentar acordo em Niterói
O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) realiza na sexta-feira, a partir das 13h, audiência de conciliação entre rodoviários e empresas de ônibus de Niterói e municípios vizinhos. Após a audiência, os rodoviários da região realizarão assembleia para discutir os rumos do movimento.
De acordo com rodoviários, por causa da greve, manobristas, instrutores e mecânicos tiveram que assumir a direção de ônibus. No fim da manhã de ontem, quem circulava pelo Terminal Rodoviário João Goulart, em Niterói, observava condutores sem uniforme ao volante dos coletivos. Cerca de 50 rodoviários fizeram um apitaço no terminal. Gritaram palavras de ordem e bateram na lateral dos ônibus, hostilizando motoristas que não aderiram a greve.
Segundo Márcio Barbosa, do Setrerj, ao contrário das denúncia dos rodoviários, não houve desvio de função dos motoristas que estão trabalhando. De acordo com Barbosa, o sindicato orientou que os motoristas trabalhassem com outras camisas que não fossem o uniforme para evitar represálias de quem tivesse fazendo piquete.
— Não há no volante um profissional que não tenha carteira D. Colocamos sim, nossos auxiliares em carros particulares para buscar os motoristas em casa. — disse ele.
Na avaliação de Barbosa, a greve tem conotação política devido às próximas eleições na entidade. Os profissionais não aceitaram a proposta de aumento de 10% oferecida pelas empresas. Ainda segundo o superintendente, hoje o salário bruto do motorista é de R$ 1.438,42 e o do cobrador, de R$ 791,83.
— O reajuste tarifário foi de 5,5% e as empresas estão oferecendo aumento de 10% — afirmou Barbosa.
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários e Passageiros de Niterói à Arraial do Cabo, Wilson Costa, disse que a adesão dos rodoviários foi de 90%. Segundo ele, integrantes do sindicato rodaram desde cedo pelos municípios e constataram que apenas três ou quatro ônibus de cada empresa estavam circulando.
— Não estamos fazendo piquete nem qualquer tipo de manifestação. É um movimento pacífico — disse Wilson.
Diferentemente de seu diretor, o presidente do sindicato, Joaquim Miguel Soares, é contra a greve:
— Os sindicatos do Rio e de Caxias concordaram com a oferta de 10% de aumento. Por que Niterói tem que ser diferente?
Centenas de pessoas amanheceram nos pontos de ônibus de Niterói e municípios vizinhos. Para não se atrasar ao trabalho, muitos resolveram tirar os carros da garagem. O resultado foi um trânsito bastante complicado desde o início da manhã. Quem não tinha carro ou não conseguia carona encontrava dificuldade para chegar ao seu destino. A universitária Jordana Alves, de 22 anos, decidiu pegar um táxi para ir para o trabalho, no Centro do Rio. Ela demorou 30 minutos para encontrar um que estivesse vazio.
Já o motorista de transporte escolar, que tinha deixado o veículo estacionado em Icaraí, Max Luciano Correa, resolveu ir trabalhar de bicicleta, para evitar ficar preso no trânsito.
Ontem, as escolas particulares de Niterói também foram afetadas. Em Icaraí, o Colégio São Vicente de Paulo teve baixa frequência. De acordo com funcionários, as provas foram canceladas. O Instituto Abel também teve a frequência reduzida. A unidade buscou alguns funcionários em casa.
Por meio de nota, a Barcas S/A informou que transportou, até as 10h desta quinta-feira, 22.700 passageiros na linha Praça Araribóia-Praça Quinze — movimento 18,9% maior que o registrado quinta-feira da semana passada. Não foi necessário realizar viagens extras. Já na linha Praça Quinze-Charitas, houve um aumento na demanda de 19% em relação à semana passada e três viagens extra foram realizadas no trajeto até as 10h.
Fonte O Globo Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/sobe-para-20-numero-de-municipios-com-rodoviarios-em-greve-4452141#ixzz1qbZyUbti
Athos Moura
Isabel Araújo
Paulo Roberto Araújo
Cíntia Cruz
Passageiros se aglomeram no terminal rodoviário de Nova IguaçuExtra / Cléber Júnior
RIO - Subiu para 20 o número de cidades com rodoviários em greve, na manhã desta sexta-feira. Municípios do Sul Fluminense também aderiram, além de oito cidades da Baixada Fluminense e cinco da chamada Grande Niterói. São elas, além de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá, Tanguá, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Nilópolis, Belford Roxo, Mesquita, Paracambi, Miguel Pereira, Engenheiro Paulo de Frontin, Mendes, Rio das Flores, Vassouras, Itaguaí, Paty dos Alferes, Seropédica e Mangaratiba. O presidente do Detro, Alcino Carvalho, estima que 2,3 milhões de moradores do Grande Rio estão sendo prejudicados com a greve. O número de usuários afetados no Sul Fluminense ainda não foi estimado.
São cerca de 1,3 milhão de prejudicados na região de Niterói, que abrange São Gonçalo, Maricá, Itaboraí e Tanguá, e cerca de 1 milhão usuários de ônibus intermunicipais na Baixada Fluminense, onde a greve dos rodoviários foi decretada na noite desta quinta-feira, e só não atingiu Duque de Caxias e Magé.
- É preciso que se chegue com urgência a um consenso para que a greve chegue ao fim com uma solução adequada para os dois lados. Milhões de pessoas estão sendo prejudicados, e a paralisação afeta toda a força de trabalho da capital do Rio - apelou Carvalho.
Segundo ele, na manhã desta sexta-feira aumentou o número de ônibus em circulação em Niterói, São Gonçalo, Maricá, Itaboraí e Tanguá em relação à frota que circulou nesta quinta-feira. Segundo Carvalho, os fiscais do Detro estão nas ruas do Grande Rio para apoiar os usuários dos ônibus que estão sendo prejudicados pela greve dos rodoviários de Niterói e da Baixada Fluminense.
Já de acordo com o presidente do Sindicato de Trabalhadores do Transporte Rodoviários de Nova Iguaçu (STTRNI), Joaquim Graciano da Silva, a categoria está se mobilizando para que nesta manhã haja 70% de coletivos circulando, conforme exige decisão judicial. Durante os horários de menor movimento, 40% dos ônibus precisam estar nas ruas. O descumprimento da determinação implica multa de R$ 300 mil ao dia.
Alcino Carvalho confirmou que alguns instrutores estão dirigindo ônibus em Niterói, mas disse que isso não é ilegal porque eles são habilitados e responsáveis pelo treinamento dos motoristas. Os fiscais do Detro estão fiscalizando as vans legais para que elas mantenham a tarifa normal nas linhas que ligam os municípios do Grande Rio à capital.
Em Niterói e São Gonçalo, os moradores prejudicados com a greve dos rodoviários estão tirando os carros das garagens para chegar ao trabalho. Por causa disso, há enormes engarrafamentos, inclusive em vias que jamais ficaram congestionadas. Apesar da situação caótica, principalmente nos cruzamentos, não há soldados da PM e nem guardas municipais nos principais corredores de tráfego entre Niterói e São Gonçalo. Na Baixada, no entanto, há policiais nos terminais rodoviários e guardas municipais nos cruzamentos.
Rodoviários da Baixada protestam contra colegas que furam greve
Desde as 5h desta sexta-feira, rodoviários de linhas de ônibus em Nova Iguaçu se reúnem no terminal rodoviário do município. Eles reivindicam reajuste salarial de 16% e aumento de 50% na cesta básica. Funcionários das empresas protestam contra os colegas que furaram a greve e, segundo a rádio CBN, alguns manifestantes arremessaram ovos em quatro coletivos. Dois carros da Polícia Militar estão no local.
- Depois querem reclamar de aumento salarial. Esperamos 72 horas para a manifestação. Ontem saiu uma liminar dizendo que só podíamos fazer greve na segunda-feira que vem e com 70% dos funcionários trabalhando. Isso não é greve - disse o motorista Denilson Ricardo Reis, de 45 anos, da empresa Master.
- Quem fura a greve quebra a nossa força. Não tem risco de sermos demitidos - acrescentou o despachante Marcos Aurélio da Silva, de 34 anos.
Revoltados com os colegas que continuam trabalhando, os grevistas os chamam de covardes. Com a paralisação, muitos trabalhadores tiveram que voltar para a casa. O auxiliar de linha de produção Ediberto Carvalho, de 28 anos, pegou uma carona de Japeri para Nova Iguaçu, mas não conseguiu chegar ao trabalho.
- Cheguei às 4h40m aqui na rodoviária, mas não tem ônibus. Tinha que estar na empresa às 6h. O problema é que sou novo. Tenho medo de ser mandado embora.
Uma despachante da empresa Nossa Senhora da Penha que não aderiu à greve se justifica:
- Temos que lutar por nosso direito, mas sem deixar a população sofrer. As pessoas têm que ir trabalhar.
Em Niterói, passageiros duvidam que 40% da frota estejam nas ruas, como determina Justiça
Os passageiros reclamam da falta de opções para se deslocarem. Em Niterói e São Gonçalo, os passageiros colocam em dúvida se a porcentagem de 40% da frota - quantidade estipulada para estar nas ruas de acordo com decisão judicial - estão realmente rodando. O não cumprimento desta decisão acarreta multa de R$ 100 mil diários a categoria em greve.
- A greve está pior hoje. Não vi ônibus nas ruas. A fila para pegar catamarãs estava imensa - contou Regis Ferreira, que mora em São Francisco, Niterói, e trabalha no Centro do Rio.
No terminal de São Gonçalo, há muitas filas e poucos ônibus em circulação. A técnica de laboratório Joseane Marta dos Santos, moradora daquele município, saiu às 5h45m de casa e ficou 40 minutos esperando um ônibus para Niterói.
- Peguei um ônibus no ponto final que já saiu lotado. Ele não conseguiu pegar mais ninguém até chegar ao terminal. Fiquei uma hora à espera de uma ônibus para Jurujuba, mas desisti. Vou tentar pegar um táxi com uma amiga - contou.
Em Niterói, praticamente não há ônibus nas ruas. A estagiária Vivian Ribeiro e sua mãe, Maria Emília Ribeiro, saíram de casa, em Itapu, na Região Oceânica, cinco horas antes de seus compromissos no Rio. Vivian contou que não conseguiu ir para o estágio nesta quinta e ficou com medo de o problema se repetir nesta sexta.
Trânsito sofre impacto
Na Região Metropolitana, a greve também causa transtorno para os motoristas. Com a falta de coletivos, a quantidade de carros aumentos nas ruas e há congestionamento em locais onde geralmente não existem complicações no trânsito, como a Avenida Rio Branco, no Centro de Niterói. Apesar dos pontos de ônibus, cheios o policiamento em Niterói não está reforçado.
O motorista que vem da Baixada, porém, encontra uma situação completamente oposta. Com a ausência dos ônibus as principais vias expressas da cidade, caso da Avenida Brasil e Linha Vermelha, estão com o trânsito mais leve, na manhã desta sexta-feira.
Quem também não está satisfeito com a greve dos rodoviários são os usuários do trem, que relatam que na manhã desta sexta-feira o número de pessoas transportadas aumentou. A SuperVia já registra aumento de demanda nos trens urbanos às 6h30m desta sexta-feira. Haverá viagens extras em Nova Iguaçu e Queimados, no ramal de Japeri, de acordo com a demanda dos passageiros. A concessionária afirma que está monitorando todos os ramais para verificar a necessidade de mais viagens extras nesta manhã. Até as 7h, os trens operavam em intervalos regulares em todos os ramais.
Segundo o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio (Setrerj), a greve prejudicou nesta quinta-feira até 1,3 milhão de pessoas. Os municípios em greve são: Nova Iguaçu, Nilópolis, São João de Meriti, Belford Roxo, Mesquita, Seropédica, Itaguaí, Paracambi, Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá e Tanguá.
No Rio, rodoviários fazem acordo e descartam greve
O presidente do Sindicato dos Rodoviários do Rio (Setrerj), Antônio Onil da Cunha Filho, descarta a possibilidade de a categoria entrar em greve na capital. Segundo ele, em assembleia realizada dia 23, os rodoviários cariocas aprovaram um acordo com os empresários de ônibus. Eles receberão, a partir dos salários de março, pagos no início de abril, um aumento de 10%. O motorista e o despachante dos ônibus municipais passaram a ganhar R$ 1.618,06. O salário do cobrador do Rio foi para R$ 892,88 e o do fiscal, para R$ 1.055,36.
Em Nova Iguaçu, a assembleia que decretou a paralisação de 13 mil rodoviários da Baixada — a exceção é Caxias, onde houve acordo — durou mais de quatro horas. A Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor) informa que, por decisão judicial, os grevistas desses municípios têm de colocar 70% da frota de ônibus nas ruas, nos horários de rush, e 40%, no restante do dia. O descumprimento da determinação implica em multa de R$ 300 mil ao dia.
No caso dos cinco municípios que começaram a greve na madrugada de quinta-feira, o superintendente do Setrerj informa que 751 dos 3.767 ônibus intermunicipais e municipais operaram, correspondendo a 19,9% da frota. Por determinação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), os rodoviários deveriam colocar em circulação 40% da frota durante a greve. A multa pelo descumprimento da determinação é de R$ 100 mil por dia. O Detro, no entanto, garante que, no caso apenas dos intermunicipais, 40% dos veículos trafegaram. O órgão fiscalizou a operação dessas linhas.
TRT se reúne para tentar acordo em Niterói
O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) realiza na sexta-feira, a partir das 13h, audiência de conciliação entre rodoviários e empresas de ônibus de Niterói e municípios vizinhos. Após a audiência, os rodoviários da região realizarão assembleia para discutir os rumos do movimento.
De acordo com rodoviários, por causa da greve, manobristas, instrutores e mecânicos tiveram que assumir a direção de ônibus. No fim da manhã de ontem, quem circulava pelo Terminal Rodoviário João Goulart, em Niterói, observava condutores sem uniforme ao volante dos coletivos. Cerca de 50 rodoviários fizeram um apitaço no terminal. Gritaram palavras de ordem e bateram na lateral dos ônibus, hostilizando motoristas que não aderiram a greve.
Segundo Márcio Barbosa, do Setrerj, ao contrário das denúncia dos rodoviários, não houve desvio de função dos motoristas que estão trabalhando. De acordo com Barbosa, o sindicato orientou que os motoristas trabalhassem com outras camisas que não fossem o uniforme para evitar represálias de quem tivesse fazendo piquete.
— Não há no volante um profissional que não tenha carteira D. Colocamos sim, nossos auxiliares em carros particulares para buscar os motoristas em casa. — disse ele.
Na avaliação de Barbosa, a greve tem conotação política devido às próximas eleições na entidade. Os profissionais não aceitaram a proposta de aumento de 10% oferecida pelas empresas. Ainda segundo o superintendente, hoje o salário bruto do motorista é de R$ 1.438,42 e o do cobrador, de R$ 791,83.
— O reajuste tarifário foi de 5,5% e as empresas estão oferecendo aumento de 10% — afirmou Barbosa.
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários e Passageiros de Niterói à Arraial do Cabo, Wilson Costa, disse que a adesão dos rodoviários foi de 90%. Segundo ele, integrantes do sindicato rodaram desde cedo pelos municípios e constataram que apenas três ou quatro ônibus de cada empresa estavam circulando.
— Não estamos fazendo piquete nem qualquer tipo de manifestação. É um movimento pacífico — disse Wilson.
Diferentemente de seu diretor, o presidente do sindicato, Joaquim Miguel Soares, é contra a greve:
— Os sindicatos do Rio e de Caxias concordaram com a oferta de 10% de aumento. Por que Niterói tem que ser diferente?
Centenas de pessoas amanheceram nos pontos de ônibus de Niterói e municípios vizinhos. Para não se atrasar ao trabalho, muitos resolveram tirar os carros da garagem. O resultado foi um trânsito bastante complicado desde o início da manhã. Quem não tinha carro ou não conseguia carona encontrava dificuldade para chegar ao seu destino. A universitária Jordana Alves, de 22 anos, decidiu pegar um táxi para ir para o trabalho, no Centro do Rio. Ela demorou 30 minutos para encontrar um que estivesse vazio.
Já o motorista de transporte escolar, que tinha deixado o veículo estacionado em Icaraí, Max Luciano Correa, resolveu ir trabalhar de bicicleta, para evitar ficar preso no trânsito.
Ontem, as escolas particulares de Niterói também foram afetadas. Em Icaraí, o Colégio São Vicente de Paulo teve baixa frequência. De acordo com funcionários, as provas foram canceladas. O Instituto Abel também teve a frequência reduzida. A unidade buscou alguns funcionários em casa.
Por meio de nota, a Barcas S/A informou que transportou, até as 10h desta quinta-feira, 22.700 passageiros na linha Praça Araribóia-Praça Quinze — movimento 18,9% maior que o registrado quinta-feira da semana passada. Não foi necessário realizar viagens extras. Já na linha Praça Quinze-Charitas, houve um aumento na demanda de 19% em relação à semana passada e três viagens extra foram realizadas no trajeto até as 10h.
Fonte O Globo Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/sobe-para-20-numero-de-municipios-com-rodoviarios-em-greve-4452141#ixzz1qbZyUbti
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