Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

segunda-feira, 26 de março de 2012

#COPA2014 - Mercado negocia aluguel para julho de 2014, por até R$ 80 mil

Copa da especulação
Mercado negocia aluguel para julho de 2014, por até R$ 80 mil, mas evita fechar valores
Karine Tavares


Copa da especulação: mercado negocia aluguel para julho de 2014
O Globo / Arte de Márcio Coutinho

RIO - As obras nos estádios não terminam tão cedo. O governo federal, a CBF e a Fifa ainda batem cabeça para definir questões fundamentais sobre a realização dos jogos e a infraestrutura das cidades. Mas nada disso parece abalar a fé de brasileiros, das 12 cidades-sedes, em lucrar um dinheirinho extra com a Copa do Mundo — principalmente daqueles que são vizinhos (ou quase) dos futuros palcos dos jogos. Basta uma busca rápida na internet para notar que pipocam ofertas de imóveis para aluguel no Mundial.

Muitas delas, de pessoas que pretendem alugar a própria casa. Enquanto isso, corretores especializados em locação por temporada preferem esperar para ver se os preços, já nas alturas, sobem um pouquinho mais.

— Os estrangeiros são organizados e querem já reservar, mas eu nem sei o quanto cobrar, e se fechar algo agora posso ter feito mal negócio depois — diz uma corretora carioca, que preferiu não ser identificada. — Como a gente sabe que vai alugar de qualquer jeito, já que a demanda será enorme, vai empurrando com a barriga até que os outros se posicionem.

Pudera! Os preços andam tão loucos que até a Fifa está tendo dificuldades para encontrar bons imóveis para seus executivos que já trabalham por aqui na preparação do Mundial. Principalmente, na Zona Sul do Rio. A solução tem sido alojar alguns deles na Barra da Tijuca, ainda um pouco mais em conta. Com essa perspectiva, muitos corretores não aceitam pegar, agora, imóveis para alugar durante a Copa. Já os proprietários vão agindo por conta própria e torcendo para fechar negócio, de preferência com grupos de estrangeiros. Os valores nas cidades-sede variam hoje dos R$ 15 mil aos R$ 80 mil, dependendo do tempo de estadia (a maior parte das ofertas é para os 30 dias da Copa), do tamanho do imóvel e, claro, da localização.

‘Me liga no fim do ano que vem’
Moradora da Ribeira, em Salvador, Lindamar Rebelo começou a se planejar em agosto, quando anunciou sua casa, “só para testar o interesse” de possíveis inquilinos. Desde então, ela já foi procurada por grupos de diferentes países, como Portugal, Espanha, Itália e África do Sul, além de brasileiros:

— Pego os contatos e mando ligar de volta no fim do ano que vem. Não vou fechar negócio agora.

O motivo é bem simples. Por ora, Lindamar pensa em cobrar R$ 16 mil por 20 dias de aluguel — ou seja, uma diária de R$ 800. Mas ela acredita que, até lá, o preço venha a aumentar. Além do que, não fez qualquer cálculo ou mesmo pesquisa para chegar a esse valor. Já o militar reformado Luiz Carlos da Silva pesquisou preços de diárias em hotéis e apartamentos de temporada antes de colocar um anúncio pedindo R$ 18 mil de aluguel por um mês no apartamento que tem no Maracanã, a 100 metros de um dos portões do estádio. Para a Copa das Confederações, ano que vem, pretende cobrar a metade desse valor. Afinal, o evento dura só metade do tempo (15 dias).

— O prédio é antigo e o apartamento, que é usado por meus dois filhos, está um pouco velho. Mas pretendo fazer uma pequena reforma, pintar, trocar os móveis por peças mais modernas e confortáveis. Nada de luxo, mas compatível com acomodações de hotéis mais simples e com a vantagem de estar ao lado do estádio.

Quem tem imóveis mais modernos, porém, não se importa de voar alto na hora de fixar o preço. O policial militar Wanderson Damasceno, por exemplo, dono de uma cobertura na Pampulha, em Belo Horizonte, anunciou o apartamento de quatro quartos, duas salas e três banheiros por R$ 80 mil, pelos 30 dias da Copa.

— Eu vi albergues simples pedindo 5 mil (R$ 12 mil). O meu apartamento é bom, amplo, está todo equipado e mobiliado e comporta tranquilamente até 20 pessoas. Acho que, para grupos, o valor não é tão alto assim. E ainda fica a apenas dez minutos do Mineirão — defende Damasceno, com o discurso de corretor na ponta da língua.

De férias a novos negócios: donos de imóveis já sabem o que fazer
Para os corretores de verdade, no entanto, ainda é cedo para pensar em fechar negócios. Mesmo que os valores cobrados sejam em moeda estrangeira, dólar ou euro, o risco é grande. Afinal, em momento de crise da moeda europeia, ninguém sabe ao certo o que o futuro reserva.

— É normal que proprietários de imóveis que não conhecem esse mercado estejam se antecipando, já que eventos como a Copa oferecem oportunidades de mercado como essa mesmo — defende Jean Carvalho, gerente de locações da Apsa. — Mas acredito que, até o fim do ano que vem, esses preços ainda terão força para crescer: afinal, a gente não sabe ao certo quantas vagas de hotéis surgirão até lá.

Mesmo sem qualquer certeza em relação ao aluguel de seu imóvel durante a Copa, o PM Wanderson Damasceno já tem planos para a renda extra, caso ela venha. Além de dar uma parte do aluguel à sogra — na casa de quem deve se hospedar durante a Copa —, com os R$ 80 mil, ele pretende comprar um apartamento menor para alugar e, com isso, garantir uma renda extra fixa.

Já a baiana Lindamar Rebelo sonha ainda mais alto. Ela acredita que sua casa possa se tornar uma fonte permanente de renda sendo alugada em outras épocas muito procuradas em Salvador, como o réveillon e o carnaval. Até por isso, investiu na construção de mais dois andares, onde fez três quitinetes e duas suítes para alugar por temporada.

Uma maneira de garantir que, aconteça o que acontecer no futebol, a Copa do Brasil venha a lhe deixar boas recordações. E algum lucro.

— Resolvi investir um pouco mais, mas já está valendo a pena. Já aluguei os quitinetes neste carnaval e esta semana recebo uma pessoa por três meses — conta, satisfeita.

Mas, nem todo mundo pensa só em trabalho. O militar Luiz Carlos da Silva quer aproveitar o dinheiro para sair de férias durante o evento e... assistir à Copa. Nada de ficar pelo Rio. A ideia é percorrer o país de carro, e parar em várias das sedes para assistir a jogos de diferentes seleções.

— Fui às duas últimas Copas do Mundo e, desde a Alemanha, prometi que iria a todas — conta, acrescentando que a diferença é que, da primeira vez, fez uma loucura: — Comprei um pacote e gastei R$ 40 mil. Agora, quero lucrar primeiro para gastar depois.

Ofertas que vão além da simples estadia
Mas nem todo mundo que quer lucrar com locação durante o evento pretende deixar a casa. Há quem esteja planejando alugar apenas um ou

dois quartos dentro do próprio imóvel, num esquema parecido com o do cama e café, mas com algumas regalias. Em Manaus, por exemplo,

um anúncio pede nada menos que R$ 45 mil por um mês em um dos quatro quartos de uma casa localizada num condomínio de classe média, que tem ainda cinco banheiros, salão, varanda e sala de TV. E o valor da estadia ainda inclui todas as refeições e passeios por pontos turísticos da região amazônica, como o encontro dos rios Negro e Solimões, sempre acompanhados da família anfitriã.



Fonte O Globo  http://oglobo.globo.com/imoveis/copa-da-especulacao-4407671#ixzz1qDhVMLce

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