Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

quarta-feira, 14 de março de 2012

DENGUE NO RIO - Atendimento em Pólos criados pela Prefeitura pode chegar até 5 horas


Dengue: Socorro lento
O DIA visitou oito polos de atendimento a dengue e em seis havia problemas: muita fila e espera de até cinco horas


Rio - Criados pela Prefeitura do Rio para serem arma de prevenção e combate à epidemia de dengue prevista para o início deste ano, os 24 polos de atendimento a pacientes oferecem socorro lento aos doentes. O sufoco, testemunhado pelo Repórter X em seis de oito dessas unidades de saúde que percorreu, inclui demora no atendimento, que pode chegar a até cinco horas, falta de equipamentos médicos e até de assentos para quem já está com sintomas e até diagnóstico confirmado da doença

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Dona Lucíola Nogueira mostra senha do Polo da Dengue de Campo Grande: 'Aqui estou me sentindo pior' | Foto: Repórter X

Inauguradas em novembro, as unidades têm ar-condicionado e cadeiras confortáveis na sala de aplicação de soro. Mas não foi isso que o jornal O DIA encontrou na área destinada à espera por atendimento. Além de calor, já que alguns pontos não têm ventilador e água gelada, nem mesmo o exame de sangue — principal meio de diagnosticar a doença — era realizado em alguns polos pois o equipamento estava quebrado.

A espera pelo médico piorou o estado de saúde de Lucíola Nogueira, 80 anos. A aposentada ficou cinco horas na porta do Polo da Dengue de Campo Grande, no Centro Municipal de Saúde Belizário Penna, sentada em canteiro de plantas, já que os bancos estavam ocupados: “Cheguei às 8h, são quase 13h e não fui chamada. Em casa, eu estava melhorando, mas aqui no calor, estou me sentindo pior”.

A demora se repetiu no Centro Municipal de Saúde Milton Fontes Magarão, em Engenho de Dentro. Além da fila, o Repórter X, ficou no calor, sem água e ainda viu uma enfermeira trancar a porta da sala de atendimento para não responder as dúvidas dos doentes.

“Aqui não fazem exame de sangue. Levam para laboratório em Del Castilho. A orientação é voltar para casa e vir buscar o resultado depois. Gastamos R$ 20 de passagem indo e vindo”, calculou Fernando Azevedo, 29, que acompanhava o irmão Guilherme, doente.

Exame de sangue na sala de espera
Na Policlínica Newton Bethlem (Pça Seca), exame de sangue é feito na sala de espera, com mais de 30 pessoas sentadas. “O equipamento está quebrado e os exames vão para outro bairro. Estou há 4 horas com dor e não fui medicada”, contou Zeri Pacheco, 50.

ODIA esteve em polos da Penha, Del Castilho e Rocha Miranda, na Z. Norte: todos com problemas. Na Z. Oeste: 2 estavam superlotados e 2 vazios (Santa Cruz e Bangu). Questionada, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que considera o programa um sucesso.

Sete doentes por hora
A cada hora, sete cariocas são contaminados por dengue no município. Por dia, são pelo menos 172 pessoas com a doença . Foi o que apontou novo relatório sobre o vírus divulgado ontem pela Secretaria Municipal de Saúde.

No total, são 11.913 casos desde o início do ano — mais de dois mil a mais do que na semana passada, quando 9.640 foram registrados. O índice supera o do ano passado, 11.004. Os casos registrados na capital correspondem a 63,4% dos episódios do estado: 18.779, segundo a Secretaria Estadual de Saúde. Até agora, uma morte foi confirmada — a de Raphael Wenderson, 9 anos, morador de Guaratiba.

De acordo com a Prefeitura do Rio, a maior parte dos vírus em circulação na capital são do tipo 4 — 68,5%. Em segundo lugar, vem o tipo 1, com 30,4%. O tipo 4 também está nos municípios de Belford Roxo, Mesquita, Nilópolis, Niterói e Nova Iguaçu.



A região do Rio que registra o maior número de casos é Madureira e adjacências, com 2.944 pessoas doentes desde janeiro, seguida por Campo Grande (2.088) e Bangu / Realengo (1.903).

“Para evitar mortes, é preciso que os municípios capacitem profissionais no manejo clínico da dengue. É preciso seguir o protocolo de atendimento à doença criado pelo Ministério da Saúde. Isso reduz a chance de erros de diagnóstico, por exemplo, o que pode agravar os casos”, diz o superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, Marcio Garcia.

Sábado, a Prefeitura vai promover ações de orientação sobre dengue no entorno do Engenhão e no Morro da Coroa. Também serão oferecidas gratuitamente ações de promoção à saúde, como aferição de pressão arterial.

Até sábado, carros-fumacê, que combatem o mosquito adulto, vão circular no Catumbi, Olaria, Copacabana, Tijuca, Irajá, Taquara, Bangu, Madureira, Guaratiba e outros.


Fonte O Dia



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