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quarta-feira, 6 de junho de 2012

ENERGIAS ALTERNATIVAS - Aneel: 72% dos projetos de novas usinas eólicas estão atrasados


CIRILO JUNIOR
TERRA 
Direto de Rio de Janeiro


Fonte alternativa que mais cresce no País, a energia eólica enfrenta atrasos na implementação de novos projetos, segundo levantamento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Até 2015, está prevista a entrada de 5.864 MW (megawatts) em novas usinas. Desse total de energia previsto, no entanto, 4.271 MW, ou 72% do total, tem algum tipo de restrição para entrar em operação, e podem ficar prontas além do tempo previsto informado à agência pelos empreendedores.

Estima-se que esses investimentos representem, pelo menos, R$ 25 bilhões na construção de mais de dezenas de novas unidades geradoras de energia a partir da força dos ventos.

Somente para esse ano, está previsto o início de operação de 654 MW em novos projetos. A maior parte, porém, pode atrasar. O balanço da Aneel indica que 341 MW, ou 52% do estimado, tem algum tipo de restrição para começar a funcionar. Outros 313 MW estão sendo desenvolvidos dentro do cronograma.

Para os anos seguintes, os problemas no cronograma são ainda maiores. Em 2013, por exemplo, dos 2.486 MW dentro da previsão, 1.456 MW, o equivalente a 58% do total, apresentam alguma restrição.

Em 2014, todos os 1.566 MW projetados tem algum trâmite em atraso. No ano seguinte, 908 MW (78% do estimado) dos 1.158 MW previstos enfrentam algum problema para ser tirado do papel.

Quando a Aneel aponta alguma restrição, significa que a obra de um projeto pode não ter sido iniciada, as licenças ambientais estão em atraso, ou houve alguma alteração no cronograma.

Entidade que agrega boa parte dos investidores eólicos, a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) contesta a avaliação da Aneel para os projetos previstos para este ano. Élbia Gama, que dirige a associação, diz que consulta feita de forma individual com cada investidor aponta que 5% dos projetos licitados no leilão de 2009 terão grandes atrasos, já que ainda não tiveram obras iniciadas. Já outros 8,1% também devem extrapolar o cronograma, mas já estão em construção.

O levantamento da Abeeólica mostra que 36,5% dos projetos estão dentro do prazo, e outros 11% estão adiantados ou até mesmo entraram em operação. Já os responsáveis por 10% desses projetos pediram que os prazos de entrada em operação dos empreendimentos fossem adiados.

"A Aneel prepara o relatório com base em planilhas que já estavam prontas, e que podem estar defasadas. E são critérios diferentes, que muitas vezes, não condizem com o cenário do projeto", afirmou a executiva, durante a realização do Encontro Nacional de Agentes do Setor Elétrico (Enase), no Rio.

Nos últimos anos, o mercado de geração eólica vem passando por um verdadeiro boom. Com o custo dos equipamentos para se construir as usinas cada vez mais baixos, o preço da energia nos leilões despencou, e se tornou competitivo em relação a outras fontes, como as usinas termelétricas movidas a gás. Em 2008, os projetos de geração pela força dos ventos que entraram em operação somaram 89,3 MW. No ano passado, totalizaram 498 MW, e a perspectiva é de forte incremento nos próximos anos, já que vários projetos já foram licitados nos leilões e estão em andamento.

Ao todo, avaliando-se todos os projetos, de diferentes fontes, a Aneel estima a entrada de 34.545 MW até 2015. Desse total, 11.869 MW tem algum tipo de restrição. O restante está dentro de projetos que correm normalmente.

Os novos projetos de usinas termelétricas, que incluem as movidas a gás, carvão, óleo combustível e biomassa, respondem pela maior parte da energia prevista para os próximos anos. Até 2015, serão até mais 14.079 MW, dos quais 6.823 MW são oriundos de projetos que ainda tem alguma restrição.

Também há um volume significativo de energia que será produzida por novas usinas hidrelétricas, puxadas pela entrada em operação de turbinas de projetos que começam a sair do papel no Rio Madeira e de Belo Monte. Até 2015, o planejamento do país prevê 9.583 MW em usinas movidas pela força das águas. Desse total, apenas 29,7 MW enfrentam algum tipo de problema para ser agregado ao sistema.


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