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segunda-feira, 25 de junho de 2012

AUMENTO DA GASOLINA - Consumidor crê em reajuste da gasolina também nos postos


Apesar de o governo afirmar que aumento de 7,8% valerá apenas para as refinarias a partir de segunda-feira

O GLOBO

Geraldine Svacina, em um posto de combustível na Zona Sul do Rio: ‘Infelizmente, tudo acaba no consumidor’
LEO MARTINS / AGÊNCIA O GLOBO


RIO — O dia seguinte ao anúncio do governo sobre o reajuste de 7,8% no preço da gasolina e de 3,94% para o óleo diesel nas refinarias, a partir de segunda-feira, teve movimentação normal em alguns dos principais postos de combustíveis das Zonas Sul e Norte da cidade. Mas, para boa parte dos consumidores, a manutenção dos valores nas bombas não vai durar muito tempo.

Habituado à oscilação de preços dos combustíveis em outras ocasiões, o comerciante Murilo Santana, que há 15 anos usa uma caminhonete para a realização de fretes, desconfia que, mais cedo ou mais tarde, terá de desembolsar mais para abastecer o veículo.

— A gente acaba tendo que pagar tudo mesmo. Eu é que não tenho como repassar esses aumentos para meus clientes, porque vou perder para a concorrência — disse.

Segundo a Petrobras, os aumentos não serão repassados ao consumidor porque o governo zerou a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), tributo cobrado sobre combustíveis.

A alteração na cobrança do tributo será autorizada por meio de Decreto Presidencial que será publicado na segunda-feira no Diário Oficial da União. A redução da Cide custará aos cofres públicos R$ 420 milhões por mês, segundo cálculos do governo.

— Estou um pouco descrente. Infelizmente, tudo acaba mesmo no consumidor. Já tive um carro a diesel, hoje uso gasolina. Penso0 em trocar para um movido a álcool, pela economia e pela questão ambiental — afirmou Geraldine Svacina, enquanto abastecia seu carro em um posto da Lagoa, na Zona Sul.

A decisão do governo de abrir mão de R$ 420 milhões mensais para impedir que o reajuste de preços da gasolina e do óleo diesel, anunciado pela Petrobras sexta-feira, chegue ao consumidor despertou críticas e desconfiança. O reajuste nas refinarias foi motivado pela defasagem de preços cobrados pela estatal em relação ao praticado no mercado internacional.

Ambientalistas consideram a medida do governo um estímulo ao uso do combustível "sujo" — sem aumento no preço da gasolina, o etanol, menos poluente, fica menos vantajoso. Já alguns consumidores acham que, cedo ou tarde, os aumentos — de 7,83% para a gasolina e de 3,94% para o óleo diesel — não ficarão restritos às refinarias, como afirmou o Ministério da Fazenda.

Segundo a Petrobras, os aumentos não serão repassados ao consumidor porque o governo zerou a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), tributo cobrado sobre combustíveis. Assima, evita impacto na inflação.

— Como ecologista, acho que a medida vai na contramão do que buscamos, ao subsidiar o uso de um combustível fóssil. A energia renovável, esta sim, precisa de subsídios do governo. Como economista, eu teria sido mais cauteloso ao abrir mão dessa receita quando ainda estamos lendo o impacto da desaceleração da economia sobre as contas do governo — disse o economista Sérgio Besserman.

Para Lisa Gunn, especialista em consumo sustentável, embora não se possa ter "uma visão simplista" a respeito do desenvolvimento, o Brasil precisa encontrar um equilíbrio entre as políticas de desenvolvimento e de meio ambiente para não cometer "um erro estratégico".

— Mais uma vez, o governo mostra que a questão ambiental não é prioritária. No entanto, é estratégico que o Ministério da Fazenda, de fato, tenha uma política de forma integrada com as áreas de meio ambiente, agricultura e tecnologia — afirma Lisa, coordenadora- executiva do Instituto Brasileiro de Defesa dos Direitos do Consumidor (Idec).




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