Policiais da Favela da Rocinha vão substituir os 12 militares que foram presos por extorsão
O GLOBO
RIO - O coordenador das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), o coronel Rogério Seabra, disse nesta quinta-feira que o pai de um traficante afirmou que pagou R$ 3.500 a policiais militares para que seu filho não fosse preso depois de sido flagrado com drogas e dois celulares. A denúncia foi feita ao comando da UPP da Mangueira e deu início àinvestigação do caso de extorsão envolvendo 12 PMs. O traficante prestou depoimento na terça-feira, na 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), onde reconheceu cinco policiais militares. Além dos cinco, outros sete militares que faziam parte da mesma equipe foram estão presos administrativamente no 4º BPM (São Cristóvão) na quarta-feira.
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— Ele (o traficante) não foi preso porque não havia provas. Em depoimento, confirmou que era traficante, mas não havia provas disso — comentou Seabra, explicando o motivo pelo qual ele foi liberado.
O coronel Rogério Seabra disse ter visto no episódio um lado positivo. Segundo ele, foi mais uma demonstração de confiança na UPP e também mostrou a importância da colaboração da comunidade.
— O corrupto ativo denunciou por causa de seu filho, a quem faz duras críticas pela suposta atividade criminosa. O pai é um trabalhador, um homem honesto — disse o coronel. — A denúncia foi considerada anônima, feita por moradores para a UPP. O comandante da unidade reuniu policias e foi até a casa onde teria havido o crime. Ele confirmou a denúncia e determinou o afastamento de todos os policiais da equipe dos cinco que foram reconhecidos.
O coronel Frederico Caldas, chefe da seção de comunicação da Polícia Militar, disse que, se confirmada a denúncia, é lamentável a atitude dos policiais. Ele elogiou a atitude do comando da unidade, que recebeu a informação e, prontamente, identificou todos os policiais. Os 12 PMs presos serão substituído por policiais da UPP da Rocinha. O material que teria sido encontrado na casa do traficante, um embrulho com cocaína e dois celulares, não foi encontrados.
Alguns dos policiais presos estão na PM há menos de dois meses. Ao final da investigação, os responsáveis serão indiciados pelo crime de concussão (extorsão praticada por funcionário público), podendo ser condenados a uma pena que varia de 2 a 8 anos de prisão.
Clima é de indignação entre policiais da UPP da Mangueira
Uma caminhada por ruas da Mangueira na tarde desta quinta-feira, dois dias após a prisão de cinco policiais militares da UPP local e o afastamento de outros sete por denúncia de extorsão contra um traficante, mostrou, a um repórter do GLOBO,
Após o afastamento dos policiais da UPP, o clima é de revolta com a situação dos colegas na Mangueira. Em caminhada pela comunidade, a reportagem do GLOBO observou que, em algumas rodas de policiais, a conversa girava em torno do caso. Numa delas foi possível ouvir a expressão “que sacanagem”, numa referência à denúncia feita por moradores. Entre os moradores, o clima é de medo e de silêncio. Há revolta sobre o suposto comportamento dos PMs e desconfiança sobre a segurança oferecida.
— Eu acho que sei quem é (o traficante), mas não posso afirmar. Soube do caso pela imprensa. É revoltante quando policiais fazem o papel de bandidos — comentou um rapaz na localidade conhecida como Buraco Quente.
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