Brasília - O governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM), completa, nesta quinta-feira, um mês preso na superintendência da Polícia Federal (PF). Acusado de interferir na investigação do mensalão do DEM - suposto esquema de pagamento de propinas a políticos do DF e que seria encabeçado pelo próprio Arruda -, o governador afastado teve negado habeas corpus e negociou a possibilidade de deixar a PF prometendo não voltar ao governo, tudo para ser libertado da sala onde está preso e que é cerca de 14,5 vezes menor que o apartamento em que mora.
Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo de 3 de janeiro deste ano, a família Arruda comprou R$ 1,3 milhão em imóveis no DF desde que ele foi eleito governador, em 2006. Um apartamento registrado em nome de Arruda na Asa Sul de Brasília tem 245 m². Já a sala da PF - definida por seu advogado como "masmorra" - onde está o governador afastado desde o dia 11 de fevereiro tem 16,8 m², metragem que é quase metade do menor imóvel registrado em nome da mulher do político - uma quitinete de 33 m² em Águas Claras.
Saúde
Com problemas de saúde, Arruda costuma receber a visita de seu médico, além da mulher e alguns aliados. Chegou a ser levantada a possibilidade de trombose, descartada por seu médico particular, Brasil Caiado, que descartou também a necessidade de internação imediata do governador afastado. "A questão da depressão, da tensão e do estresse que ele está passando, em um paciente hipertenso e diabético, transforma-o em um paciente de risco muito maior, uma vez que eventos coronarianos às vezes aparecem mais nesta fase", disse o cardiologista.
Impeachment
Na última segunda-feira, começou a oficialmente enfrentar, além da prisão, um processo de impeachment na Câmara Legislativa. Após se negar a assinar o documento que o informa oficialmente da abertura de processo na Casa, Arruda foi notificado à revelia. O governador afastado havia se recusado a ratificar o documento por argumentar que ainda não tinha tido acesso a todo o inquérito que tramita contra ele no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A partir da notificação, ele tem 20 dias para tentar demover os deputados distritais de dar seguimento ao processo de afastamento definitivo. O prazo para que Arruda renuncie ao mandato e preserve seus direitos políticos encerra-se, segundo análise da Câmara Legislativa, no início da sessão plenária para votação do parecer.
Entenda o caso
O mensalão do DEM, cujos vídeos foram divulgados no final do ano passado, é resultado das investigações da operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. O esquema de desvio de recursos públicos envolvia empresas de tecnologia para o pagamento de propina a deputados da base aliada.
O governador José Roberto Arruda aparece em um dos vídeos recebendo maços de dinheiro. As imagens foram gravadas pelo ex-secretário de Relações Institucionais, Durval Barbosa, que, na condição de réu em 37 processos, denunciou o esquema por conta da delação premiada. Em pronunciamento oficial, Arruda afirmou que os recursos recebidos durante a campanha foram "regularmente registrados e contabilizados".
As investigações da Operação Caixa de Pandora apontam indícios de que Arruda, assessores, deputados e empresários podem ter cometido os crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção passiva e ativa, fraude em licitação, crime eleitoral e crime tributário.
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