De Bruno Villas Bôas:
O evento era para vistoriar as obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e assinar novos contratos de R$ 2,6 bilhões da Petrobras com empreiteiras.
Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua comitiva passaram ontem apenas sete minutos "vistoriando" o canteiro de terraplenagem do Comperj (das 15h01m às 15h08m) e duas longas horas no palanque montado pela estatal (das 15h45m às 17h45m) para assinatura de contratos, que ficaram em segundo plano.
Os elogios de ministros, prefeitos e do governador Sérgio Cabral (PMDB) à pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, deram tom de campanha eleitoral e palanque oficial ao evento em Itaboraí.
Três mil pessoas foram convidadas para servir de plateia. A maioria, operários convocados de casa por empreiteiras do complexo responsáveis pelas obras, que estão paradas há quase duas semanas, desde 25 de fevereiro, por causa das chuvas.
Ontem, tratores e retroescavadeiras aguardavam encostados nos canteiros de obras, que estão atrasados em cerca de dois anos.
Lula abriu seu discurso se defendendo das críticas de uso da máquina pública para impulsionar a campanha de sua candidata.
Segundo ele, "o olho do dono é que engorda o porco", ao justificar a terceira visita ao Comperj em quatro anos, embora as obras de construção estejam ainda em fase de terraplanagem, que está 65% concluída.
— Então tenho que estar presente sempre para saber se as coisas que nós decidimos estão funcionando — disse ele, acrescentando que voltará a visitar o complexo outras vezes. — Ainda virei mais vezes aqui. Para desgraça dos meus opositores e para desgraça daqueles que acham que eu deveria ficar sentado em Brasília, vou continuar andando por este país.
(...) O governador Sérgio Cabral, que em 2008 havia chamado a ministra Dilma de "presidente" durante evento no Comperj, voltou a apoiar a candidata.
Chamou Dilma de "mulher corajosa, extraordinária". O prefeito de Itaboraí, Sergio Soares (PP), chegou a sugerir que Lula e Dilma seriam praticamente iguais:
— Eles são tão homogêneos em sua forma de pensar que até nos perguntamos: "Quem está falando, Lula ou Dilma?" — disse.
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