Motoristas levam o triplo do tempo para percorrer os principais corredores viários
Laura Antunes
Selma Schmidt
RIO - O Rio está cada vez mais perto de São Paulo. Ultimamente, não há mais dia, hora ou local certos. E, muitas vezes, nem um motivo óbvio, como um acidente, um temporal ou uma obra emergencial. Sem mais nem menos, o motorista carioca se vê retido num grande congestionamento. E números confirmam a marcha lenta no dia a dia: a velocidade média hoje no trânsito do Rio, levando-se em conta todos os horários, caiu para 20km/h no caso de carros particulares e 17km/h para ônibus, segundo a Secretaria estadual de Transportes. Isso quer dizer que hoje, para percorrer de carro, por exemplo, os 187km dos nove principais corredores viários da cidade, os motoristas demoram nove horas e 37 minutos — o triplo do tempo que poderiam gastar se dirigissem à velocidade de 53km/h, indicada pelo Google Maps (sem engarrafamentos). Há cinco anos, essas velocidades médias eram de 22km (carros) e 19km/h (ônibus), segundo dados oficiais.
E a previsão é de mais engarrafamentos se projetos viários anunciados pelo poder público não encontrarem sinal verde: em dez anos, a velocidade média dos carros pode cair para 16km/h e a dos ônibus, para 15km/h — praticamente o equivalente a um homem andando a cavalo. Os dados preocupantes saem das anotações do secretário estadual de Transportes, J.L., que, inclusive, acabou "vítima" do tema da reportagem, na última quinta-feira: ele chegou 45 minutos atrasado para a entrevista porque ficou preso num congestionamento no trajeto entre Botafogo e o Centro.
A bem da verdade, o Rio ainda não tem, como São Paulo, mecanismos para medir a extensão diária de seus congestionamentos. A grande fonte de dados das autoridades ainda é o Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU) da Região Metropolitana, elaborado em 2003, que projeta engarrafamentos de 130km de extensão em 2013. Mas, para muitos motoristas, esse dia já chegou. O ator Marcelo Brou, no ar com a novela "Fina estampa", da TV Globo, sofre sempre que se desloca de casa, em Copacabana, para gravar no Projac, em Jacarepaguá. Se num passado recente demorava 45 minutos, hoje ele leva até duas horas e meia.
— Quando gravo às 9h, saio de casa antes das 7h. Como não dá para tomar café, levo um "kit engarrafamento" no carro, com frutas, barra de cereais, água e iogurte — conta Brou, que ainda carrega livro, tablet e TV portátil para se distrair quando o trânsito para totalmente.
Mas o que está acontecendo agora, perguntam-se os cariocas, já que há Natal todo ano e, com isso, grande movimento de consumidores motorizados nas ruas? Para o diretor de Operações da CET-Rio, Joaquim Dinis, parte da resposta está no aumento do número de obras — como na Zona Portuária, no Recreio e no Largo do Campinho. Sem falar nos tapumes da CEG que "enfeitam" as pistas bairros afora. Outro complicador é o crescimento da frota carioca, que passou de 1,68 milhão (2001) para 2,47 milhões este ano — 49% a mais. Dentro desse total, vale ressaltar que o número de carros particulares subiu 35% (de 1,4 milhão para 1,9 milhão) e o de motos, 171% (de 83 mil para 226 mil):
— Uma hipótese é que o aumento da frota de motos implica também maior risco de acidentes com esses veículos, que sempre têm vítimas, aumentando o tempo de liberação das vias — analisa Dinis.
O aumento da frota se reflete, claro, no aumento do volume de tráfego em trechos de oito das dez vias de maior movimento. Apenas na Avenida Brasil, na altura da Fiocruz, 190 mil veículos circulavam, em média, por dia em 2010. Agora, o fluxo chega a 214 mil, um aumento de 13%, segundo a CET-Rio. A Avenida Presidente Vargas, na altura do prédio dos Correios, é a segunda com maior número de veículos: passou de 189 mil para 197 mil por dia (4,8%). Na Avenida Ayrton Senna, na altura do Shopping Via Parque, terceira colocada, o fluxo de veículos cresceu 3,9%. Ainda segundo a CET-Rio, na contramão estão o Túnel Zuzu Angel e a Linha Amarela, na altura do Túnel da Covanca, onde o volume de tráfego estranhamente diminuiu — nem a CET-Rio sabe por quê. Nas dez vias pesquisadas, o crescimento da frota em circulação foi de 1,73% em um ano.
Os nove principais corredores de tráfego são a Ponte Rio-Niterói até Laranjeiras (via Santa Bárbara); Avenida Ataulfo de Paiva (Leblon) até a Rua Lauro Sodré (Botafogo); Avenida Ayrton Senna (Barra) até o fim da Linha Amarela; Avenida Radial Oeste até a Candelária (via Avenida Presidente Vargas); Aterro do Flamengo até a Avenida Prefeito Mendes de Morais (São Conrado, via orla); Autoestrada Lagoa-Barra até o Recreio dos Bandeirantes (via Avenida das Américas); Elevado Paulo de Frontin (Rio Comprido) até Avenida Borges de Medeiros (via Túnel Rebouças); Avenida Brasil (do Caju a Santa Cruz); e Linha Vermelha (até o entroncamento com a BR-040). Para percorrer todos esses trajetos, o carioca levaria três horas e 48 minutos, se não precisasse pisar tanto no freio e trafegar à velocidade média de 20km/h
Fonte O Globo Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/cariocas-convivem-cada-vez-mais-com-engarrafamentos-no-transito-3471657#ixzz1gsef7C87
Laura Antunes
Selma Schmidt
RIO - O Rio está cada vez mais perto de São Paulo. Ultimamente, não há mais dia, hora ou local certos. E, muitas vezes, nem um motivo óbvio, como um acidente, um temporal ou uma obra emergencial. Sem mais nem menos, o motorista carioca se vê retido num grande congestionamento. E números confirmam a marcha lenta no dia a dia: a velocidade média hoje no trânsito do Rio, levando-se em conta todos os horários, caiu para 20km/h no caso de carros particulares e 17km/h para ônibus, segundo a Secretaria estadual de Transportes. Isso quer dizer que hoje, para percorrer de carro, por exemplo, os 187km dos nove principais corredores viários da cidade, os motoristas demoram nove horas e 37 minutos — o triplo do tempo que poderiam gastar se dirigissem à velocidade de 53km/h, indicada pelo Google Maps (sem engarrafamentos). Há cinco anos, essas velocidades médias eram de 22km (carros) e 19km/h (ônibus), segundo dados oficiais.
E a previsão é de mais engarrafamentos se projetos viários anunciados pelo poder público não encontrarem sinal verde: em dez anos, a velocidade média dos carros pode cair para 16km/h e a dos ônibus, para 15km/h — praticamente o equivalente a um homem andando a cavalo. Os dados preocupantes saem das anotações do secretário estadual de Transportes, J.L., que, inclusive, acabou "vítima" do tema da reportagem, na última quinta-feira: ele chegou 45 minutos atrasado para a entrevista porque ficou preso num congestionamento no trajeto entre Botafogo e o Centro.
A bem da verdade, o Rio ainda não tem, como São Paulo, mecanismos para medir a extensão diária de seus congestionamentos. A grande fonte de dados das autoridades ainda é o Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU) da Região Metropolitana, elaborado em 2003, que projeta engarrafamentos de 130km de extensão em 2013. Mas, para muitos motoristas, esse dia já chegou. O ator Marcelo Brou, no ar com a novela "Fina estampa", da TV Globo, sofre sempre que se desloca de casa, em Copacabana, para gravar no Projac, em Jacarepaguá. Se num passado recente demorava 45 minutos, hoje ele leva até duas horas e meia.
— Quando gravo às 9h, saio de casa antes das 7h. Como não dá para tomar café, levo um "kit engarrafamento" no carro, com frutas, barra de cereais, água e iogurte — conta Brou, que ainda carrega livro, tablet e TV portátil para se distrair quando o trânsito para totalmente.
Mas o que está acontecendo agora, perguntam-se os cariocas, já que há Natal todo ano e, com isso, grande movimento de consumidores motorizados nas ruas? Para o diretor de Operações da CET-Rio, Joaquim Dinis, parte da resposta está no aumento do número de obras — como na Zona Portuária, no Recreio e no Largo do Campinho. Sem falar nos tapumes da CEG que "enfeitam" as pistas bairros afora. Outro complicador é o crescimento da frota carioca, que passou de 1,68 milhão (2001) para 2,47 milhões este ano — 49% a mais. Dentro desse total, vale ressaltar que o número de carros particulares subiu 35% (de 1,4 milhão para 1,9 milhão) e o de motos, 171% (de 83 mil para 226 mil):
— Uma hipótese é que o aumento da frota de motos implica também maior risco de acidentes com esses veículos, que sempre têm vítimas, aumentando o tempo de liberação das vias — analisa Dinis.
O aumento da frota se reflete, claro, no aumento do volume de tráfego em trechos de oito das dez vias de maior movimento. Apenas na Avenida Brasil, na altura da Fiocruz, 190 mil veículos circulavam, em média, por dia em 2010. Agora, o fluxo chega a 214 mil, um aumento de 13%, segundo a CET-Rio. A Avenida Presidente Vargas, na altura do prédio dos Correios, é a segunda com maior número de veículos: passou de 189 mil para 197 mil por dia (4,8%). Na Avenida Ayrton Senna, na altura do Shopping Via Parque, terceira colocada, o fluxo de veículos cresceu 3,9%. Ainda segundo a CET-Rio, na contramão estão o Túnel Zuzu Angel e a Linha Amarela, na altura do Túnel da Covanca, onde o volume de tráfego estranhamente diminuiu — nem a CET-Rio sabe por quê. Nas dez vias pesquisadas, o crescimento da frota em circulação foi de 1,73% em um ano.
Os nove principais corredores de tráfego são a Ponte Rio-Niterói até Laranjeiras (via Santa Bárbara); Avenida Ataulfo de Paiva (Leblon) até a Rua Lauro Sodré (Botafogo); Avenida Ayrton Senna (Barra) até o fim da Linha Amarela; Avenida Radial Oeste até a Candelária (via Avenida Presidente Vargas); Aterro do Flamengo até a Avenida Prefeito Mendes de Morais (São Conrado, via orla); Autoestrada Lagoa-Barra até o Recreio dos Bandeirantes (via Avenida das Américas); Elevado Paulo de Frontin (Rio Comprido) até Avenida Borges de Medeiros (via Túnel Rebouças); Avenida Brasil (do Caju a Santa Cruz); e Linha Vermelha (até o entroncamento com a BR-040). Para percorrer todos esses trajetos, o carioca levaria três horas e 48 minutos, se não precisasse pisar tanto no freio e trafegar à velocidade média de 20km/h
Fonte O Globo Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/cariocas-convivem-cada-vez-mais-com-engarrafamentos-no-transito-3471657#ixzz1gsef7C87
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