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sábado, 26 de novembro de 2011

SAÚDE NO RIO - Souza Aguiar passa madrugada sem oxigênio

Segundo Sindicato dos Médicos, um paciente da UTI teria morrido em decorrência do problema. Direção nega
Por Maria Elisa Alves



Queda de abastecimento de oxigênio no Hospital Souza Aguiar teria causado morte de paciente Reprodução

RIO - Um problema no sistema de abastecimento de oxigênio do Hospital Souza Aguiar, no Centro do Rio, teria provocado, segundo o Sindicato dos Médicos, a morte de um paciente internado no Centro de Tratamento Intensivo, e o fechamento da emergência, na última quinta-feira. A pane teria começado por volta da meia-noite e a situação só teria sido normalizada seis horas depois, afirma o presidente da entidade, Jorge Darze.

Paciente morreu depois de sofrer queda de oxigenação
O problema teria afetado pacientes que precisam de respirador, como um paciente de 29 anos que morreu uma hora e vinte minutos depois de ter sofrido diminuição drástica na quantidade de oxigênio que recebia, diz Darze. Ele estava internado desde o dia 16 após sofrer uma queda no trem e teve traumatismo craniano e abdominal. Ele estava sedado e em estado grave, mas, segundo Darze, a queda na oxigenação é que teria provocado a morte:

— Não somos Deus para saber se ele iria sobreviver ou não aos traumatismos, mas com certeza a falta de oxigênio levou ao óbito. Temos fotos que mostram o paciente, momentos antes de morrer, tendo uma redução drástica na saturação de oxigênio. O normal é ela estar em 90% e é possível ver que o rapaz ficou com 26%, depois 17% e daí para baixo, até ter queda acentuada dos batimentos cardíacos — diz Jorge Darze.

Funcionários do hospital contam que a falta de oxigênio começou a ser sentida no setor de emergência, onde todos os respiradores começaram a tocar alarmes. A distribuição foi afetada de forma desigual e a emergência teria sido menos prejudicada do que a UTI adulta e pediátrica. Cilindros portáveis foram levados para o setor das crianças, mas, segundo um funcionário, não havia nenhum esquema para emergências.

— Cada setor tem um cilindro pequeno. Se três pacientes estiverem no respirador, como fazer?

Para piorar a situação, a UTI de adultos estaria com um número menor de médicos do que o aconselhável.
— Para cada seis pacientes, é preciso ter um intensivista. Na UTI, havia onze pacientes. Seriam necessários dois médicos, mas só tinha um — diz.

Sem oxigênio, o centro cirúrgico do hospital teve, segundo Darze, que fechar as portas. Ou seja, durante seis horas, a emergência não pôde receber baleados e vítimas de acidentes de trânsito.

— A equipe avisou o Corpo de Bombeiros que a emergência estava fechada e que era para mandarem pacientes para outros hospitais. Sem oxigênio, como fazer cirurgias se as pessoas precisam ser sedadas? — diz.

O presidente do Sindicato dos Médicos vai, na segunda-feira, entrar com uma notícia-crime no Ministério Público Estadual acusando o diretor do Souza Aguiar de homicídio culposo. Segundo Darze, o único funcionário responsável pela manutenção do sistema de oxigênio da unidade está de licença há duas semanas.

Direção nega morte relacionada ao problema
De acordo com a direção do Hospital Municipal Souza Aguiar, o sistema de alimentação de oxigênio da unidade apresentou queda na pressão, devido a um problema na válvula que controla o equipamento. Em nota, a Secretaria de Saúde diz que " o sistema de emergência, alimentado por cilindros independentes, foi ativado automaticamente, e a empresa responsável pela manutenção foi acionada imediatamente". A direção informou desconhecer qualquer óbito na unidade relacionado ao evento

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