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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

GAS, NEGLIGÊNCIA E IRRESPONSABILIDADE, COMBINAÇÃO EXPLOSIVA

'Vazamento de gás está comprovado', diz delegado sobre explosão no Rio
Delegado fez declaração com base em depoimento de testemunhas.
Explosão em lanchonete deixou três mortos e 17 feridos.
Do G1 RJ


O delegado responsável pela investigação da explosão ocorrida em um restaurante no Centro do Rio, nesta quinta-feira (13), afirmou que, baseado em 12 depoimentos de testemunhas ouvidas durante a tarde foi comprovada a existência de vazamento de gás.
“O fundamental é que o acumulo de gás, o vazamento, já está comprovado devido às informações das testemunhas”, disse Antônio Ferreira Bomfin Filho, da 5ª DP (Mem de Sá). Três pessoas morreram na explosão, e 17 ficaram feridas.

"Todas as pessoas que contribuíram com a situação vão ser responsabilizadas. Nós já fizemos o contato e estamos esperando as declarações dele”, disse Antônio.
O dono do restaurante, Carlos Rogério Lima, ficou em estado de choque ao receber a notícia do acidente. De acordo com o seu advogado, ele foi hospitalizado, recebeu sedativos, mas já teve alta.
“Falar em crime em primeiro momento é meio complexo. Mas que ele (o dono) vai ser responsabilizado, sim. Tem uma série de crimes, até o próprio homicídio por dolo eventual, se ele tinha consciência de uma situação dessa natureza e não tomou medida nenhuma. Mas só as investigações vão chegar objetivamente à responsabilizar alguém. Ele pode responder por uma série de outros crimes, mas vamos primeiro verificar o que temos e o que leva à responsabilidade da pessoa dele”.

DepoimentosTestemunhas que prestaram depoimento na 5ª DP (Mem de Sá) afirmaram que havia forte cheiro de gás no interior da lanchonete onde houve a explosão. De acordo com um dos ouvidos na delegacia, o jornaleiro Jorge Luis Rosa Leal, o funcionário que morreu no local chegou a dizer para ele que o cheiro de gás estava “insuportável”. O sushiman, identificado como Josimar, também afirmou ao jornaleiro que o gás estaria vazando desde terça-feira (11). A delegacia afirmou que dez pessoas foram ouvidas nesta tarde.
Jorge contou ainda que o chef de cozinha, Severino Antônio, perguntou se ele possuía o telefone do dono do estabelecimento, pois precisava avisar sobre o cheiro de gás. Os dois morreram na explosão.
 
 
Michelle escapou do acidente na hora que foi entregar uma mochila (Foto: Carolina Lauriano/G1)
Michelle escapou do acidente na hora em que foi
entregar uma mochila (Foto: Carolina Lauriano/G1)
 
Uma funcionária da lanchonete, Michele Medeiros dos Santos, de 29 anos, afirmou também em depoimento na delegacia, que quando chegou ao local, Antônio solicitou que ela não entrasse na lanchonete. E perguntou se ela tinha o telefone dos donos do local, alegando que sentia um forte cheiro de gás”.
Michele disse que, após retornar ao local da explosão, também chegou a sentir cheiro de gás. "Senti, mas seu Antônio, o chefe de cozinha, falou que estava muito forte e que era para eu não entrar. Quando eu sai para entregar uma mochila em um prédio ao lado, aconteceu a explosão", contou ela.

Ferido presta depoimento

Michele disse que foi Deus quem a salvou. "Fico triste pelos meus colegas de trabalho". Ela trabalhava na balança do restaurante e foi quem identificou os corpos dos dois funcionários do estabelecimento que morreram. A terceira vítima fatal ela disse que nao conhecia.

Um dos 17 feridos na explosão também prestou depoimento. Ele foi levado para o hospital Souza Aguiar também no Centro, e recebeu alta. De acordo com o balconista aposentado Marcio Antonio de Souza, ele foi atingido por um pedaço de concreto na cabeça.


“Eu só escutei aquele barulho e um negócio batendo na minha cabeça. Caí no chão, tive uma escoriação, minha perna está toda inchada, não consigo andar direito. Quase fiquei surdo na hora”, disse Márcio.

Ele ainda afirma que ao cair no chão, tentou se levantar, mas permaneceu deitado até que o socorro chegasse. “Tentei me levantar, mas caí de novo. Um rapaz me falou para ficar deitado que o bombeiro estava vindo”, relata o balconista.

Segundo Márcio, ele estava pelo menos a 40 metros da explosão e seguia para uma consulta no Hospital Universitário Gaffrée e Guinle, na Tijuca, na Zona Norte do Rio.

Cigarro pode ter causado explosão, diz polícia
O delegado-adjunto da 5ª DP (Mem de Sá), Antônio Bonfim Filho, afirmou no início da tarde desta quinta-feira (13) que o jornaleiro acredita que um cigarro pode ter causado a explosão.
"Um jornaleiro disse que vendeu um cigarro para uma pessoa e disse a ela que não entrasse no prédio, porque estava um cheiro muito forte (de gás)", afirmou o delegado, acrescentando que, ainda segundo o jornaleiro, essa pessoa entrou no prédio.
"Mas logo em seguida, ainda segundo o jornaleiro, chegou outro funcionario que comprou um cigarro e se dirigiu ao interior do restaurante. Daí a alguns minutos, ele ouviu a explosão. Ele acredita que essa pessoa acendeu o cigarro lá dentro", completou o delegado.

Câmera mostra explosão


Uma câmera de monitoramento da Prefeitura do Rio registrou o momento da explosão. O acidente aconteceu na manhã desta quinta-feira (13) e deixou três mortos e 17 feridos. Até por volta das 19h, quatro pessoas permaneciam internadas. No começo da tarde, os bombeiros encerraram as buscas nos escombros.
O relato de funcionários e a vistoria realizada por bombeiros e técnicos da Defesa Civil apontam para a hipótese de que um vazamento de gás tenha causado a explosão. O comandante do Corpo de Bombeiros e secretário estadual de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, afirmou que a lanchonete não tinha autorização para utilizar gás combustível e não tinha todos os papéis necessários para seu funcionamento.
mais sobre a explosão no Rio
“A edificação não foi aprovada para utilização de gás combustível, seja sob a forma de cilindros de GLP ou canalizado de rua, não sendo admitido abastecimento de qualquer tipo de gás combustível sem prévia autorização", diz o laudo dos bombeiros.
A Companhia Distribuidora de Gás do Rio (CEG) informou, por meio de nota, que "desde 1961 não fornece gás canalizado para o prédio".

Oito andares atingidos
 A lanchonete Filé Carioca funcionava em um prédio de onze andares. Com o impacto da explosão, oito andares foram atingidos. O estabelecimento fica na Praça Tiradentes, na Rua da Carioca. Os três mortos foram identificados como Matheus Macedo de Andrade, de 19 anos, o chef de cozinha da lanchonete Filé Carioca, Severino Antônio, e o sushiman Josimar.
Após vistoria nesta manhã ao prédio, o comandante dos Bombeiros lembrou que na quarta-feira foi feriado e o gás pode ter se acumulado no ambiente fechado. "Hoje pela manhã, na abertura das lojas, esse gás encontrou fonte de ignição e a velocidade de queima é muito grande", avaliou o comandante. Ele acredita que o prédio deva ficar interditado por pelo menos mais dois dias

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