Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

GREVE NA PRF - Policiais Rodoviários Federais também podem deflagrar GREVE


No Rio, a primeira movimentação deve acontecer já na próxima segunda-feira, quando uma assembleia decidirá se os agentes entram em paralisação


O GLOBO

Um antigo posto fixo da Polícia Rodoviária Federal na Ponte Rio-Niterói foi transformado em base que permanece fechada, só sendo utilizada em algumas operações
MARCELO PIU / O GLOBO

RIO - Depois de dois dias de transtornos com a greve de caminhoneiros que bloqueou a Via Dutra — a estrada começou a ser liberada na madrugada de quarta-feira — e provocou quilômetros de congestionamentos, um novo obstáculo pode interromper o percurso dos motoristas que trafegam pelas estradas federais que cortam o estado. Dentro de duas semanas, policiais rodoviários federais decidirão se deflagram uma greve nacional. No Rio, a primeira movimentação deve acontecer já na próxima segunda-feira, quando uma assembleia decidirá se os policiais entram em estado de greve.

Segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais no Rio de Janeiro (SINPRF-RJ), Marcelo Novaes, entre as reivindicações estão o aumento de efetivo, a recuperação salarial e o reconhecimento da carreira como nível superior, assim como aconteceu recentemente com a de policial federal. Hoje o cargo de policial rodoviário federal é considerado nível intermediário, e o salário inicial é de R$ 5.800.

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— Estamos negociando com o governo federal até o dia 31 de agosto. No Rio faremos assembleia no dia 6, e o estado de greve deve ser aprovado até a assembleia nacional, na segunda semana de agosto. Hoje o policial rodoviário tem salário defasado, trabalha com armamento obsoleto. Outro problema são os coletes à prova de balas. Metade está vencida — denuncia Novaes.

Ele destaca que a defasagem dos salários e o baixo efetivo tornam a carreira de policial rodoviário cada vez menos atrativa.

— Em 2007 o salário inicial era de R$ 6.200. Houve uma defasagem quando passamos a receber subsídio, e o pagamento passou a ser em uma única cota, sem gratificações e abonos separados. Queremos que isso seja corrigido. Hoje as pessoas que entram na Polícia Rodoviária ficam dois ou três anos e partem para outras carreiras, fazem outros concursos. As perspectivas são baixas e desestimulam os profissionais.

Embora a Superintendência da PRF no Rio não divulgue o efetivo da corporação, alegando questões de segurança, levantamento feito pelo sindicato indica que hoje a malha rodoviária federal fluminense de 1.400 quilômetros conta com cerca de 600 agentes. Para cada dois quilômetros há apenas um policial rodoviário. Segundo o SINPRF-RJ, em 1996 o efetivo era de 1.100.

— Hoje o ideal seria pelo menos 1.200 homens, tendo em vista os grandes eventos que o Rio vai sediar — afirma Novaes.

Falta de efetivo fecha postos

Um dos indícios do baixo efetivo é o fechamento de parte dos postos da PRF em rodovias do Rio. Levantamento do sindicato aponta que, das 33 unidades, apenas metade funciona 24 horas por dia. Dez postos estão inativos, funcionando como meros pontos de apoio quando são realizadas operações. Outros cinco teriam sido fechados por falta de efetivo e, em outros três, as equipes reduzidas são obrigadas a fechar a base quando precisam fazer ações de patrulhamento ou atender a alguma ocorrência.

Anteontem, uma equipe do GLOBO passou por seis desses 33 postos. Quatro estavam com as portas fechadas. Dois estão na Ponte Rio-Niterói. O primeiro fica no Rio, na altura do Caju, e está sem funcionar pelo menos cinco anos. No outro extremo, depois da Praça do Pedágio, o cenário é o mesmo no posto instalado nos acessos para a BR-101 e a RJ-104. O posto fica a poucos metros da 2ª Delegacia da PRF (Niterói), sendo usado como base de apoio em operações.

A Rio-Teresópolis (BR-116) tem outro posto inativo. Localizado ao lado da 4ª Delegacia da PRF (Magé), na altura de Santa Guilhermina, ele atendia à rodovia Magé-Manilha (BR-493), que, com seus 25 quilômetros em pista única e pavimento deteriorado, não conta com uma base sequer da PRF. Um policial rodoviário da 4ª Delegacia informou que o posto está fechado há pelo menos três meses.

No trecho da BR-040 entre Rio e Petrópolis, o posto do Quitandinha também está fechado. A base deixou de funcionar em abril, gerando protestos de moradores de Petrópolis.

Segundo a Superintendência da Polícia Rodoviária Federal no Rio, hoje no estado existem 22 postos em funcionamento e apenas 2 fechados; outros oito que eram fixos foram transformados em bases de apoio, sem equipe permanente.

— Houve uma reformulação e alguns postos foram transformados em bases de apoio. No caso da Ponte Rio-Niterói, por exemplo, não fazia sentido manter policiais guardando o patrimônio. Mas, em alguns casos, como no Quitandinha, em Petrópolis, o posto virou base por causa do baixo efetivo — admite o inspetor Marcelo Malheiros, do Núcleo de Comunicação da Superintendência da PRF no Rio.

Sobre o efetivo, órgão informou que o Rio deve ganhar, até o fim do ano, 30 novos policiais rodoviários, concursados em 2009, e que estão concluindo o curso de formação. A PRF argumentou ainda que grande parte do efetivo no Rio recebeu coletes novos e que foi solicitada a aquisição de uma nova remessa desses equipamentos à diretoria da corporação, em Brasília. Em relação à afirmação de que o armamento utilizado é obsoleto, a Superintendência no Rio informou que os policiais rodoviários utilizam pistolas calibre 40 e fuzis 762, por meio de um convênio com o Comando Militar do Leste.

Bloqueada desde a madrugada de segunda-feira por caminhoneiros em greve, a Dutra começou a ter suas pistas liberadas por volta das 3h de ontem. O fim do movimento, negociado pela categoria com o governo federal, anteontem, estava previsto para as 6h, mas foi antecipado após acordo com a Polícia Rodoviária Federal. O tráfego, no entanto, permaneceu congestionado até o fim da tarde de ontem. Como muitos caminhões foram danificados pelos manifestantes ao tentarem furar o bloqueio — alguns tiveram pneus furados e vidros estilhaçados — eles acabaram prejudicando o fluxo. No início da madrugada, um acidente com uma carreta na altura de Piraí fechou a pista no sentido Rio, complicando ainda mais a situação. O trânsito só foi normalizado no fim da tarde.



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