Em BH, Padilha sugeriu que petista teria preferência por recursos, caso eleito, dizem rivais
O GLOBO
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha
AGÊNCIA O GLOBO / GIVALDO BARBOSA
BELO HORIZONTE - A participação de ministros do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) em campanhas municipais gerou a primeira confusão em Belo Horizonte, onde a disputa se nacionalizou após o rompimento de PT e PSB. Vereadores da capital mineira denunciaram o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, por improbidade administrativa ao falar de recursos do governo federal para Belo Horizonte numa eventual gestão do ex-ministro Patrus Ananias (PT). A acusação foi protocolada na manhã desta sexta-feira no Ministério Público Eleitoral.
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Padilha participou de evento da campanha de Patrus no último fim de semana e fez declaração que gerou troca de farpas entre o ex-ministro e o senador Aécio Neves (PSDB).
- Criamos, através do governo da presidente Dilma, um programa para reformar todas as unidades básicas de saúde que precisam ser reformadas. Esses recursos estão disponíveis a todos os municípios brasileiros desde 2011, acredito que com Patrus, assim que ele assumir, vai ter como grande prioridade, já no começo do governo, pegar esses recursos do Ministério da Saúde que estão disponíveis para reformar todas as unidades básicas de saúde que ficam nos bairros onde as pessoas vivem em BH.
Para os vereadores Alexandre Gomes (PSB), Bruno Miranda (PDT) e Ronaldo Gontijo (PPS), o ministro sugeriu que Patrus teria preferência por recursos do ministério, caso eleito, e o atual prefeito Marcio Lacerda (PSB) não teria o mesmo privilégio.
— Queremos que o Ministério Público se posicione e abra uma ação de improbidade administrativa contra ele, já que Padilha esteve aqui na condição de ministro de Estado. Claramente, ele condiciona o envio de recursos para melhoria no atendimento de usuários do SUS em Belo Horizonte à eleição do candidato do PT – alega Miranda. O MP informou que avaliará a denúncia.
A declaração de Padilha já havia gerado confusão entre os dois lados. Aécio, que apoia Lacerda, disse que a participação do ministro na campanha de Patrus foi “patética”. Em resposta, o senador disse que, quando era governador de Minas, tinha uma relação republicana com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que o estado não foi excluído pelo governo federal por ser comandado por um partido de oposição.
A resposta à declaração de Aécio coube ao candidato petista. Patrus disse que os seus adversários eram “esquizofrênicos” em relação ao governo de Dilma.
— Nossos adversários precisam resolver uma questão esquizofrênica deles: quando interessa, eles elogiam a presidente e os ministros. Quando não interessa, eles criticam. Eles têm que definir de que lado estão e qual relação querem ter com a presidente Dilma e os ministros do governo – retrucou Patrus.
O ministro Alexandre Padilha negou que tenha sugerido privilégios à Patrus, e afirmou que a degravação da entrevista está condizente com a postura e comportamento republicanos do governo da presidente Dilma Rousseff. Segundo o ministro, ao usar a palavra "prioridade", ele disse que a busca por recursos do governo federal seria prioridade de Patrus, e não que a União daria prioridade às demandas do petista e ignoraria uma gestão de Lacerda, como foi interpretado pelos adversários. Por meio de nota, ele lembrou ainda que a distribuição dos recursos destinados à saúde é pactuada pela Comissão Intergestores Tripartite (CIT), composta por governo federal, estados e municípios, e Bipartite (CIB), composta por estados e municípios.
Na base de Dilma, o PSB tinha o apoio declarado da presidente até junho, quando ela chegou a se referir à Lacerda como “um dos melhores prefeitos do Brasil”. As relações se estremeceram após o partido definir que não faria chapa para vereadores com o PT, o que garantiria mais cadeiras na Câmara Municipal aos petistas. O anúncio foi feito em 30 de junho, último dia de convenções partidárias, e o PT rompeu com Lacerda horas depois.
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