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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

CPI DO CACHOEIRA - Cachoeira transfere 25 bens para ex-mulher

Patrimônio foi avaliado em R$ 5,3 milhões; para PF, Andréa é laranja

O GLOBO

BRASÍLIA - Apesar de Andréa Aprígio ter afirmado na CPI do Cachoeira que os bens que possui são frutos de suas atividades profissionais e da separação consensual de Carlinhos Cachoeira, em 2004, a investigação da Polícia Federal reforça a suspeita de que ela pode estar entre os principais laranjas da organização criminosa comandada pelo ex-marido. Mais uma evidência de que Andréa tem sido utilizada pelo bicheiro para esconder o patrimônio dele foi a transferência para o nome dela de 25 bens, que somam um total de R$ 5.311.795,29, feita em janeiro do ano passado.

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Esses bens estavam em nome do irmão de Andréa, Adriano Aprígio, e de sua então mulher, Suzany Lopes. Na lista, há desde ações do laboratório Vitapan, já comandado por Andréa, a concessões de rádio e TV, diversos imóveis, uma lancha e até participação em empresas em Buenos Aires — que totalizam R$ 3.305.210,00. Em interceptações telefônicas da Polícia Federal no ano passado, Cachoeira havia demonstrado preocupação com a anunciada separação de Adriano, justamente porque tinha bens em nome dele.

Preocupação com separação

O diálogo sobre a separação de Adriano ocorreu entre o contraventor e a namorada dele, Andressa Mendonça. Depois que ela lhe dá a notícia da separação, Cachoeira classifica-a como uma “bomba” e diz:

— Os trem (sic) tá tudo no nome dele!

Para não perder o que tinha adquirido, a solução, segundo a Polícia Federal, foi repassar tudo para Andréa, por meio de um “contrato particular de promessa irrevogável e irretratável de compra e venda de imóveis diversos e empresas por quotas de participação”. O contrato foi assinado em 10 de janeiro de 2011 e teve como testemunhas Geovani Pereira da Silva, contador do grupo e que está foragido, e Gleyb Ferreira da Cruz, outro integrante da turma de Cachoeira.

“Há fortes indícios que Adriano Aprígio figura como o principal laranja da organização criminosa de Carlos Cachoeira pois dentre outros elementos, ao analisarmos os extratos bancários do mesmo, não constatamos qualquer depósito que identificasse o mesmo como recebedor da quantia de R$ 5.311.795,29 referentes ao recibo proveniente das vendas elencadas no contrato”, informa o relatório da PF.

Na quarta-feira, quando a ex-mulher de Cachoeira esteve no Congresso, o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), questionou Andréa sobre a transferência desses bens para o nome dela, apesar de o casal estar separado há sete anos. Mas ela não quis falar e recorreu ao seu direito constitucional de permanecer calada. Ele repetiu a pergunta na sessão fechada, e ela continuou sem responder.

Depois de ouvir o depoimento de Andréa, que não disse quase nada que ajudasse a CPI, o relator afirmou que ela havia chegado lá como testemunha e saído como investigada porque, para ele, Andréa encoberta bens que são de Cachoeira.


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