Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

sábado, 28 de abril de 2012

EXTORSÃO NO RJ - Escândalo na Câmara de Vereadores de Petrópolis vira caso de polícia


Inquérito investiga coação de vereador a servidores e doações de campanha


A Câmara de Vereadores de Petrópolis: parlamentares são investigados pela Delegacia Fazendária
Foto FERNANDO FRAZÃO/04/03/2010 / O GLOBO


RIO - Uma investigação, que corre em sigilo na Delegacia Fazendária da Polícil Civil, está causando tremores na Câmara de Vereadores de Petrópolis. Os policiais começaram a apurar denúncias de que funcionários da casa estariam sendo obrigados a tomar empréstimos consignados (com desconto em folha) que eram doados para campanha eleitoral de um vereador e descobriram que um grupo de empresas, que presta serviços ao Legislativo, também pode ter ajudado a eleger parlamentares do município.

As prestações de contas eleitorais revelam que duas empresas — Hope Recursos Humanos e Hope Vig — foram as principais doadoras de recursos para o vereador Luiz Eduardo Francisco da Silva, o Dudu (PSDC), que podem chegar a R$ 320 mil. As duas empresas pertencem a um empresário que também é dono da Elfe Solução e Serviços, que, desde 2010, venceu duas licitações para servipos de limpeza na Câmara, a última em 2012, no valor total de cerca de R$ 5 milhões. Escutas telefônicas, autorizadas pela Justiça, teriam flagrado pelo menos mais três vereadores em conversas comprometedoras com pessoas ligadas ao mesmo grupo de empresas.

Vereador se diz perseguido por servidores demitidos

Nos próximos dias, os responsáveis pela Elfe serão ouvidos pela polícia. Segundo os investigadores, o empresário e o vereador Luiz Eduardo são amigos. As firmas do empresário doaram para as campanhas do parlamentar que se elegeu vereador em 2008 e concorreu a deputado federal em 2010. No site do Tribunal Superior Eleitoral constam duas doações de R$ 30 mil da Hopevig Vigilância e Segurança, feitas nas eleições de 2008, para o então candidato Luiz Eduardo Francisco da Silva. Uma foi feita em 25 de agosto daquele ano e a outra, em 1º de outubro. Já nas eleições para deputado federal em 2010, foi a Hope Recursos Humanos que fez seis doações ao candidato, que tentava uma vaga de deputado federal, totalizando R$ 258 mil.

A suspeita de favorecimento às empresas surgiu quando as investigações sobre os empréstimos a funcionários começaram. Conforme as denúncias, os servidores eram contratados pelo vereador e depois obrigados a tomar empréstimos consignados, cujos valores deveriam repassar para o parlamentar. O vereador nega a acusação e afirma que 76 funcionários foram ouvidos numa sindicância da Câmara em 2009, também desmentindo as denúncias. Luiz Eduardo se diz acusado injustamente por servidores que ficaram insatisfeitos após serem demitidos. Sobre as doações de campanha, o vereador disse que foram feitas dentro da lei. Ele também diz que não teve ingerência na escolha da Elfe para prestar serviços ao Legislativo.

O presidente da Câmara, Paulo Igor (PMDB), informou, através de sua assessoria, que os documentos relacionados à investigação estão franqueados às autoridades e está à disposição para esclarecimentos. Igor disse que solicitou à Comissão de Ética que instaure procedimento para apurar as acusações contra o vereador Luiz Eduardo, com base no Código de Ética do Legislativo.

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