Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

segunda-feira, 23 de abril de 2012

CORRUPÇÃO NA FIFA - Cartolas da Fifa deram calote na própria entidade presidida por Blatter no caso ISL

Ricardo Teixeira e João Havelange, segundo a BBC, estariam envolvidos no esquema 
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Jamil Chade - Estadão.com.br
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GENEBRA
– Os cartolas que receberam propinas da ISL deram um calote na propria Fifa e geraram prejuizos milionários à entidade, usando contas em Andorra e também na Suíça. Essa é a conclusão que a Justiça suíça apresentou a politicos europeus, em audiência ocorrida no dia 4 de março e que nesta segunda-feira teve seu conteúdo revelado. O caso, segundo a rede britânica BBC e o jornal Tages Anzeiger, envolve o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e o ex-presidente da Fifa, João Havelange. 

Segundo os investigadores suíços, que se recusam a dar os nomes dos envolvidos abertamente, os cartolas que receberam a propina obtiveram os recursos como forma de influenciar decisões sobre contratos de TV. O dinheiro depois deveria voltar aos cofres da Fifa, no valor dos contratos. Mas a entidade jamais viu esses recursos.

A conclusão faz parte de um relatório publicado nesta segunda-feira pelo Conselho da Europa, órgão político que reúne os países do Velho Continente e que decidiu se debruçar sobre a corrupção na Fifa. O Conselho não poupa críticas ao presidente da entidade, Joseph Blatter, alertando que seria impossível que ele não soubesse do pagamento de propinas.

Thomas Hildbrand, procurador suiço que investigou o caso, aceitou testemunhar diante dos políticos. Mas evitou dar a nacionalidade dos envolvidos nem os nomes dos implicados, algo que permanece sob sigilo da Justiça. Segundo ele, um deles recebeu pelo menos 12,7 milhões de francos suíços. Esse cartola seria um "membro sul-americano da Fifa" e na época presidente de uma federação de um país sul-americano. Entre 1992 e 1997, ele recebeu US$ 12,7 milhões. Ele ainda recebeu valores entre 1998 e 2000.

Outro cartola ainda recebeu pagamentos no valor de 1,5 milhão de francos suíços, sempre dos cofres da ISL. No caso, esse seria um membro "senior" da Fifa.

O documento traz pela primeira vez a lista dos depósitos e valores, inclusive com suas datas. Segundo o relatório, comissões foram pagas a alguns cartolas para que eles influenciassem para quem os contratos de TV seriam dados, principalmente para a Copa de 2002.

Ainda segundo Hildbrand, um dos cartolas, identificado por ele apenas como "pessoa H" recebeu mais de 12,5 milhões de francos suíços para fazer esse trabalho. "Os pagamentos feitos ao longo dos anos eram destinados a usar sua influência dentro da Fifa para que relações contratuais ocorressem entre Fifa e a Sports Holding AG, para que então ele subsequentemente influenciasse a conclusão de contratos, como presidente de uma Associação de Futebol de um país sul-americano", declarou.

"A pessoa acusada, o senhor H, se enriqueceu pelo montante de pagamentos de comissões aceitas e que não foram repassadas, como era seu dever em faze-lo, enquanto a Fifa foi prejudicada pelo mesmo montante", explicou o procurador.

Os pagamentos seguiram caminhos nada evidentes. Passaram por Liechteinstein e Ilhas Virgens Britânicas. Só entre 1999 2001, mais de 36 milhões de francos foram transferidos.

ANDORRA
O procurador ainda relata como parte do dinheiro chegava ao cartola condenado. A ISL depositava seu dinheiro em Andorra e uma pessoa no principado retirava o volume em dinheiro também e redepositava em nome do senhor H e de seu filho, inclusive em contas na Suíça. Três da quatro contas para qual esse dinheiro chegou estão em nom6e de seus filhos.

Antes da Copa de 2002, o Brasil jogou um amistoso justamente contra Andorra, em pleno principado onde o futebol é ignorado. "Ele manteve (o dinheiro) para si mesmo e omitiu informações à Fifa e não os repassou à entidade", alertou o procurador sobre o cartola envolvido. A mesma conclusão é feita sobre o outro cartola, denominado apenas como "pessoa E."

Para o Conselho, não há como Blatter não saber do que ocorria. "O sr. Blatter foi diretor técnico da Fifa entre 1975 e 1981, secretário-geral entre 1981 e 1988 e presidente desde então. Já que a Fifa sabia do volume significativo pago a seus membros, é dificil imaginar que o Sr. Blatter não soubesse disso", alertou, indicando que é "extraordinario" o fato de Blatter não ter tornado público essas informações, ou levado essas pessoas aos tribunais para garantir que a Fifa fosse reparada em seus prejuízos.

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