Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

terça-feira, 13 de abril de 2010

CASO PREVI-RIO - Previ-Rio é autorizada a retirar R$ 70 milhões aplicados irrregularmente em fundo


POR FERNANDO MOLICA

Rio - O Banco BNY Mellon decidiu permitir que o Previ-Rio retire, com juros, o dinheiro que desde o dia 15 de janeiro mantém aplicado no Aster Fundo de Investimento. A decisão foi durante a assembleia de cotistas do fundo. O BNY Mellon é o administrador do fundo, gerido pela Aster Asset Management. A prefeitura considerou irregular a aplicação de R$ 70 milhões, feita pela antiga direção do Previ-Rio, e tentava recuperar o dinheiro.

Negociação com dinheiro de pensionistas

A operação de risco com dinheiro de pensionistas, servidores ativos e aposentados do município do Rio, noticiada em primeira mão pela coluna Informe do DIA, será investigada pela Câmara de Vereadores. Com o argumento de que o desvio pode afetar ainda mais as combalidas contas do fundo de pensão, os vereadores Andrea Gouvêa Vieira (PSDB) e Paulo Pinheiro (PPS) recolheram assinaturas para a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

O Tribunal de Justiça do Rio já havia negado dois pedidos, feitos pelas operadoras do empréstimo, de que as contas bloqueadas fossem liberadas. O vereador Paulo Pinheiro questiona se é verdade que “ninguém (na Prefeitura do Rio) sabia” da operação. “Por que o presidente tinha tanta autonomia?”, pergunta.

A proposta da CPI é investigar o caso denunciado por O DIA e também as movimentações financeiras do fundo que garante pensões e aposentadorias municipais. A vereadora Andrea Gouvêa Vieira lembra que a gestão do Previ-Rio teve outros problemas nos últimos anos. “Desde 2005 o Tribunal de Contas Municipal ordenou à Prefeitura do Rio que repasse ao Fundo R$ 1 bilhão e não foi feito. Um estudo do órgão apontou que, entre 2014 e 2016, vai faltar dinheiro para pagar o trabalhador”, explicou.

Esse baque, de acordo com a vereadora, vai piorar ainda mais as contas do Instituto de Previdência, que já estariam “na corda bamba”.

Para Paulo Pinheiro, o ato foi uma “ousadia com dinheiro dos outros”. O parlamentar, funcionário público no Rio há 34 anos, disse que os mecanismos de fiscalização podem ter sido burlados e também levantou suspeitas sobre envolvimento da aplicação na licitação do espaço ocupado pelo Porcão Rio’s, no Aterro do Flamengo.

“Temo até pela minha aposentadoria. Foram dois erros graves: investir recursos sem autorização do Conselho de administração do Previ-Rio e aplicar dinheiro em empresa jovem, sem garantia”, alerta.

O parlamentar criticou ontem a liberdade da entidade e defendeu a fiscalização pela Câmara Municipal, que está em recesso desde a última quinta-feira. Ele espera obter já na próxima semana as 17 assinaturas necessárias para requerer a CPI. “Estamos falando da garantia de uma velhice tranquila e ninguém pode brincar com isso”, destacou.

ENTENDA MAIS

No dia 1º de abril, a Coluna Informe do Dia revelou, com exclusividade, que o prefeito Eduardo Paes abriu sindicância para apurar uma aplicação do órgão que administra a previdência municipal. A coluna ainda informava que o dinheiro já está bloqueado pela Justiça e levou à exoneração, em 15 de março, do presidente do Previ-Rio, Marcelo Cordeiro, e seu diretor financeiro, Luciano Barbosa Filho.

A irregularidade começou em janeiro deste ano com o investimento de R$ 70 milhões dos cofres do Previ-Rio em contrato de alto risco. Operados pelas empresas BNY Mellon Distribuidora de Títulos e Aster Asset Management, os recursos foram depositados em conta do Bradesco.

Parte do dinheiro foi usado para comprar títulos da empresa Casual Dining, com prazo de regaste de 10 anos. O saque só poderia ser feito em, no mínimo, três anos e pagando multa. A movimentação chamou atenção da Casa Civil porque não usou um dos bancos oficiais, Caixa Econômica ou Banco do Brasil, como é praxe. A Casual Dining pertence ao grupo que é dono de 14 restaurantes, entre eles, o Garcia & Rodrigues, em Ipanema. O mesmo grupo venceu, em 2009, licitação para operar o restaurante onde hoje fica o Porcão Rio’s, no Flamengo.
 


 


 

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