RIO DE JANEIRO/LIGHT - Comerciantes já têm prejuízo de R$ 500 mil por falta de luz na Tijuca

O problema atinge a Praça Saens Pena desde domingo (14). Moradores de São Gonçalo também sofrem com a falta de luz. Os hospitais Albert Schweitzer e o Pedro II ainda funcionam com geradores.

A Rua Soares da Costa, na Tijuca, está no escuro. As lojas que abriram as portas funcionam com luz de velas. O restaurante mostrado em vídeo avalia os estragos. “O prejuízo é incalculável. Até pelo que você também deixa de vender”, afirmou o funcionário do restaurante Antônio Carlos Safira.

O shopping em frente à Praça Saens Pena também está fechado. No lugar, funcionam 320 lojas e salas comerciais. Desde domingo (14), às 19h, o shopping está sem luz. Há dois dias, funcionários chegam e não conseguem trabalhar.

Entre as lojas, cinco unidades de saúde, como laboratórios e centros de raios-x. Uma senhora levou a mãe de 82 anos para fazer exames e perdeu a viagem.

A administradora de uma clínica reclama da falta de informações. “O direito do consumidor é saber quando vai voltar a luz para que a gente possa organizar a agenda dos médicos e cuidar do que cabe à gente”, destaca a administradora Teresa Cristina.

A Associação Comercial da Tijuca faz a conta dos prejuízos. “No dia de ontem, em torno de R$500 mil. Hoje ainda vamos saber que horas vai voltar. Alguns lojistas de rua aqui da Soares da Costa já querem sentar e elaborar uma ação”, disse o presidente da Associação Comercial da Tijuca Robson Mançur.

Ainda pela manhã, uma equipe da Light chegou ao local. Segundo a subprefeitura, os técnicos só vão embora quando a energia for restabelecida. Por precaução, a polícia foi chamada para reforçar a segurança.

A Light informa que os técnicos estão trabalhando em uma galeria subterrânea para tentar restabelecer a energia das ruas na Tijuca. A Light disse que, na chuva de domingo, a galeria ficou alagada e foi necessário retirar a água antes de começar o trabalho.

No início da tarde de hoje, três fiscais da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estão na Light para fiscalizar a concessionária e a vida útil dos equipamentos. O relatório sai na sexta-feira (19).

Moradores de São Gonçalo ainda sofrem com falta de luz

Energia elétrica em casa é questão de sobrevivência para o filho de Flávia. Fabrício é diabético, depende das aplicações de insulina. O remédio tem que ser conservado na geladeira, desligada há mais de 24 horas por causa da interrupção do abastecimento no bairro. "Meu marido conseguiu com um vizinho distante uma garrafa de gelo que é que o está conservando a insulina dele, porque se ele não tomar insulina ele pode chegar a óbito”, disse a dona de casa Flávia Dias de Souza.

Os vizinhos do bairro Boa Vista também sofrem com o apagão. Por causa do calor, muita gente preferiu passar a noite do lado de fora das casas, lamentando a ausência de ventiladores. “Está muito quente mesmo e ele fica suando lá. Tem muito mosquito, não tem condições”, disse o frentista Sérgio Rodrigo Muniz.

Segundo os moradores, a interrupção no fornecimento aconteceu no fim da tarde de domingo, quando um temporal atingiu São Gonçalo e outros municípios da Região Metropolitana do Rio. Mais de 24 horas depois e boa parte do bairro ainda estava completamente no breu.

O único sinal da volta da energia foi a luz dos postes acesas. Em algumas casas, a eletricidade também voltou - muitas vezes sem a potência suficiente para o funcionamento normal de uma lâmpada, o que gerou mais protestos.

Os moradores atearam fogo em galhos e pneus em uma das faixas da Rodovia Niterói-Manilha, a BR-101, que corta o bairro, e bloquearam o principal acesso à comunidade.

A Polícia Rodoviária e técnicos da empresa que administra a Rodovia controlaram o incêndio, que não chegou a atrapalhar o tráfego. Funcionários da Ampla, responsável pela distribuição de energia, estiveram no local para fazer os reparos.

Enquanto isso, o mecânico Querman contabilizava os prejuízos. Grande parte do que estava na geladeira já tem destino certo: vai para o lixo. “Do carnaval para cá que tem acontecido constantemente esta falta de luz”, contou o mecânico Querman da Costa.

A luz voltou ao bairro Boa Vista, em São Gonçalo, mas – segundo a Ampla – ainda falta luz nos bairros Salgueiro e Jardim Catarina, também em São Gonçalo.

Em Niterói, falta água nos bairros Fonseca, Santa Rosa, Itaipu e Piratininga. A Ampla disse que o fornecimento de energia será completamente normalizado ainda hoje.

Hospitais Albert Schweitzer e o Pedro II ainda funcionam com geradores

Os hospitais Albert Schweitzer, em Realengo, e o Pedro II, em Santa Cruz, ainda estão funcionando com geradores. O Pedro II tem um gerador próprio, mas como está faltando muita luz na região, está usando um gerador como garantia. O Hospital Albert Schweitzer está com um gerador da Light esperando um reparo na subestação que deve terminar amanhã (17) de manhã.

A interrupção no fornecimento de energia nos dois hospitais aconteceu no sábado (13). A direção do Albert Schweitzer disse que gerador foi ligado, mas houve sobrecarga, o que provocou dois apagões. No local, foram registradas duas mortes por causa da falta de luz.

O Hospital Pedro II também ficou às escuras. Segundo a direção, um pique de luz queimou os transformadores e o gerador foi acionado. Uma mulher de 80 anos morreu na madrugada de domingo. Segundo filha dela, a paciente estava no aparelho que deve ter sido desligado pela falta de luz. A Secretaria estadual de Saúde diz que a paciente morreu de insuficiência respiratória e cardíaca e não por problemas provocados pelo apagão.

Em relação às mortes no Hospital Albert Schweiter, a Secretaria disse que também não estão relacionadas à falta de energia, mas vai investigar as mortes.

O comentarista de saúde do RJTV, Luís Fernando Correia, falou sobre a importância dos geradores durante cirurgias e para garantir a segurança dos pacientes que dependem de aparelhos nos hospitais (veja em vídeo).