Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

terça-feira, 2 de março de 2010

Lula provoca Serra e diz que não vacilou em comprar banco paulista

DANIEL RONCAGLIA
colaboração para a Folha Online, em Sorocaba (SP)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva provocou nesta terça-feira o do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), ao comentar a ação do governo federal para enfrentar a crise financeira internacional.
Durante cerimônia de abertura de uma fábrica em Sorocaba (SP) ao lado da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e de Serra, o presidente disse que foram os empréstimos dos bancos públicos que ajudaram o país a sofrer menos as consequências da crise.
"Não vacilei em comprar o banco do Serra [Nossa Caixa Nosso Banco]. Se tivesse mais bancos para vender, eu ia comprar para transformar o Banco do Brasil no banco mais importante para financiar o crédito", afirmou.
Lula disse que o nível do crédito não está no patamar que seu governo deseja. Segundo ele, o crédito cresceu de R$ 381 bilhões, em 2003, para R$ 1,4 bilhão agora. O presidente disse que só o Banco do Brasil oferece hoje o mesmo que havia de crédito em todo o país quando assumiu.
"O que não era óbvio [nos governos passados] era a gente não ter crédito aqui dentro", disse. Ele lembrou que durante a crise foi muito criticado pelo fato de ter dito que ela seria apenas uma "marolinha".
O presidente também voltou a defender a ideia que só fortalecimento do Estado na regulação da economia garantirá o desenvolvimento do país. "O Brasil só vai para frente com um Estado forte. Mas não o Estado gerenciador ou Estado empresário. Isso ninguém aguenta mais porque os parentes todos ficam pedindo emprego", afirmou.
O óbvio
Lula afirmou também que o melhor tipo de governo é que o que faz o óbvio. "Na política, a gente não inventa", afirmou o presidente.
Segundo Lula, a política não se aprende na universidade e que fazer o óbvio pode ser difícil. "A arte de governar é exatamente fazer as coisas simples", disse.
Para o presidente, os governos anteriores não agiam com simplicidade. "O Brasil estava naquela época como o time do Corinthians hoje: pesado. Time que ficou assustado com a leveza dos meninos do Santos", afirmou. No domingo, o Santos venceu o Corinthians por 2 a 1 pelo Campeonato Paulista.
Serra e Dilma
No mesmo evento, Serra disse que o crescimento industrial é fundamental para a geração de empregos. "A indústria é e continuará sendo fundamental para o nosso desenvolvimento", disse o governador.
O governador também rebateu a ideia de que o Brasil deve focar seu desenvolvimento no setor de exportação de produtos agrícolas ou no de serviços. "Ambas essas teses são erradas ou falaciosas."
Segundo o governador, o setor de serviços serve apenas para "países de economia pequena, em paraísos fiscais ou que se especialize em algumas questões modernas como de telecomunicações."
Em uma antecipação do que pode ser o debate econômico durante as eleições, Dilma Rousseff disse, antes de Serra, que o Estado de São Paulo foi o principal beneficiário da política econômica do governo federal feita durante a crise financeira no fim de 2008.
"Essa determinação beneficiou o Brasil como um todo, mas beneficiou de uma forma especial São Paulo, porque São Paulo é hoje um dos maiores centros produtores de máquinas e equipamentos do Brasil", afirmou a ministra.
A ministra defendeu ainda o que chamou uma "política conjugada", que, segundo ela, é uma combinação de incentivo ao consumo interno com a disponibilizarão do crédito. "Isso explica a pujança do país", disse.

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