Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

sábado, 13 de março de 2010

GOVERNO LULA/MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - Ministro Fernando Haddad faz um balanço da principal linha de ação de sua gestão: o caminho para acabar com o vestibular no país

Glória Tupinambás
Publicação: 13/03/2010 07:00

Belo Horizonte — O futuro do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), sobra de vagas nas universidades federais e possíveis mudanças no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) em 2010. Em visita a Belo Horizonte (MG) esta semana, o ministro da Educação, Fernando Haddad, falou sobre esses temas e traçou um panorama do novo modelo de seleção, lançado no ano passado com a meta de substituir os tradicionais vestibulares. A mudança no formato de ingresso nas universidades foi a mais radical e inovadora já implantada no país desde 1911, quando surgiu a primeira versão brasileira do vestibular. Mesmo entrando para a história da educação como divisor de águas, a versão ampliada do

Enem quase naufragou em meio a um turbilhão de problemas e trapalhadas e teve a sua credibilidade arranhada em episódios como a fraude da prova às vésperas da aplicação, o adiamento do teste, o índice recorde de desistência dos candidatos e a divulgação de gabaritos errados.

Criado em agosto de 1998 para ser uma simples ferramenta de avaliação do desempenho de estudantes que acabavam de concluir o ensino médio, o

Enem despontou, em março do ano passado, como a grande aposta de revolução no sistema de seleção de alunos interessados em vagas no ensino superior. No dia 25 daquele mês, o ministro Haddad propôs uma reformulação no teste para que o novo modelo substituísse os vestibulares das instituições federais de ensino. Os números superlativos davam a medida da importância do novo teste: mais de 4 milhões de candidatos inscritos para a prova que seria aplicada em 1.826 cidades brasileiras para ser adotada por 1.038 universidades, entre públicas e particulares, no lugar do processo seletivo tradicional, ou para compor a nota final dos alunos. Em Minas Gerais, 10 das 11 federais aderiram ao exame. Apenas a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) não deu seu voto de confiança ao sistema.

Entretanto, em 1º de outubro, o cenário de otimismo se converteu em pânico diante da denúncia de vazamento da prova, que seria aplicada nos dias 4 e 5 do mesmo mês. A fraude levou ao adiamento do Enem e, cercado de dúvidas e incertezas, o exame perdeu força entre muitas universidades que desistiram de usar o teste em seus processos seletivos. Os exemplos mais emblemáticos foram protagonizados por instituições paulistas, como a USP, a Unicamp, a Fundação Getulio Vargas e a PUC. Em seguida, foi a vez de os estudantes darem prova das desconfianças envolvendo o Enem. Mais de 40% dos inscritos desistiram de fazer a prova, aplicada em 5 e 6 de dezembro.

Sisu

Em janeiro deste ano, o Enem voltou às manchetes de jornais com o lançamento oficial do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que usou a nota do exame para oferecer 47,9 mil vagas em 51 universidades federais e institutos federais de educação, ciência e tecnologia. O modelo pioneiro no Brasil fez sucesso por ser um grande leilão de vagas, em que os candidatos têm a chance de consultar a nota dos demais inscritos em cada curso e, assim, saber as reais chances de aprovação. A novidade, no entanto, foi alvo de especulação por parte dos alunos. Na primeira etapa do Sisu, quase 800 mil se inscreveram no sistema, mas apenas 18,6 mil aprovados fizeram a matrícula na universidade. O problema se repetiu na segunda etapa e o Sisu chegou à terceira fase com 45% das vagas ociosas. Em Minas, o percentual foi ainda maior e chegou a 49,9%, com 2.586 lugares não preenchidos.

A sobra de vagas obrigou o Ministério da Educação a adotar uma lista de espera, em que os estudantes não selecionados na terceira e última etapa do Sisu podem manifestar interesse em continuar concorrendo a uma vaga. E, esta semana, o MEC cogitou a hipótese de fazer uma nova rodada de seleção, provavelmente em maio. A possibilidade ganhou ainda mais força depois que o ministério descartou, na última quarta-feira, a realização de uma nova edição do Enem no meio deste ano. Entre tantas novidades e especulação, o ministro Fernando Haddad fez um balanço do Enem em 2009 e falou das previsões de mudança para este ano. Leia abaixo os principais pontos da entrevista.

 

 

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