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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Prudente diz que dinheiro nas meias era de caixa dois

Segundo ex-presidente da Câmara Legislativa, recursos eram de 'doação não contabilizada'
Carol Pires, da Agência Estado

O ex-presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente, 
apresentou defesa
Andre Dusek/AE
O ex-presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente, apresentou defesa
BRASÍLIA  - O deputado distrital Leonardo Prudente (sem partido), flagrado em um vídeo recebendo maços de dinheiro e guardando-os nos bolsos e nas meias, entregou nesta terça-feira, 2, à Corregedoria da Câmara Legislativa sua defesa no processo em que é acusado de quebra de decoro parlamentar. Ele reafirma, no texto, o que disse há cerca de dois meses: que o dinheiro não era do esquema de corrupção chamado "Mensalão do DEM", e sim parte de um caixa dois que seria usado na campanha eleitoral de 2006 (sem prestação de contas à Justiça Eleitoral).

Se for absolvido no processo, Prudente cumprirá mandato até o final do ano; do contrário, sofrerá sanções que vão de simples advertência à perda do mandato somada a oito anos de inelegibilidade. Segundo investigação da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, o deputado era um dos beneficiários do "Mensalão do DEM", que teria como chefe o governador José Roberto Arruda (sem partido). O dinheiro era recolhido de empresas contratadas pelo governo e distribuído em forma de mesada a secretários de governo, assessores e deputados da base aliada.
"Eu fui vítima de chantagem", afirma Prudente, na defesa apresentada à Corregedoria da Câmara. "Foi oferecida ajuda na campanha de 2006, eu recebi o dinheiro e coloquei nas minhas vestimentas por questão de segurança, já que não uso pasta", afirmou Prudente, em entrevista coletiva, ao tentar se explicar, após a repercussão do vídeo em que aparece guardando dinheiro nas meias.

Em rápida conversa com repórteres nesta terça-feira, Prudente insistiu na tentativa de explicação: "Foi uma doação não contabilizada", disse, repetindo literalmente a afirmação feita em 2005 pelo então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, que usou a expressão "recursos não contabilizados" - em vez de dizer simplesmente caixa dois -, ao definir a origem do dinheiro do Mensalão do PT, no governo Lula.

O deputado procurou esclarecer também cena de outro vídeo, em que aparece ao lado do deputado Júnior Brunelli (PSC) agradecendo a Deus "a bênção" que representava para eles Durval Barbosa, responsável pela distribuição de propinas e agora exonerado do cargo de Secretário de Relações Institucionais do governo Arruda. "Aquela oração não teve absolutamente nenhum contexto econômico", disse Prudente. E concluiu: "A minha expectativa é de absolvição."

A partir desta terça-feira, o corregedor da Câmara, Raimundo Ribeiro (PSDB), tem prazo de 15 dias para elaborar um parecer que dirá se o processo contra Prudente deve ser encerrado ou encaminhado ao Conselho de Ética da Casa. Além de Prudente, outros sete deputados distritais são citados como beneficiários do "Mensalão do DEM" e respondem a processo disciplinar na Câmara. Seis deles já apresentaram defesa.

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