Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

terça-feira, 17 de abril de 2012

TRÁFICO DE INFLUÊNCIA I - Gravação mostra dono da Delta oferecendo dinheiro a políticos

Áudio divulgado na internet nesta segunda (16) foi gravado em 2009 por um dos integrantes da reunião entre Cavendish e outros dois empresários.
Por Jornal Nacional



A gravação de uma conversa do dono da construtora Delta apresentou novos indícios de pagamentos ilegais a políticos. E reforçou a suspeita de tráfico de influência para favorecer a empresa em contratos com dinheiro público.

O empresário Fernando Cavendish, presidente do conselho de administração da construtora Delta aparece em uma reunião falando sobre dinheiro para políticos. O áudio, divulgado nesta segunda-feira (16) na internet no blog do jornalista Mino Pedrosa, foi gravado em 2009, por um dos integrantes da reunião entre Cavendish e outros dois empresários. Na época eles eram sócios.

Cavendish: Se eu botar R$ 30 milhões na mão de políticos, eu sou convidado para muita coisa. Pode ter certeza disso. Te garanto.

Quando fala em ser convidado, segundo o blog de Mino Pedrosa, Cavendish estaria se referindo a uma maneira de conseguir obras pagas com dinheiro público.

Cavendish: Vou ser muito sincero com vocês: R$6 milhões, eu ia ser convidado. Isso aqui ó, senador fulano de tal, se me convidar, eu boto o dinheiro na tua mão.

Em nota, a Delta diz que o áudio divulgado não expressa a opinião de Fernando Cavendish e que foi pronunciado em tom de bravata. Ainda de acordo com a nota, o trecho divulgado é uma parte editada de uma longa discussão entre os controladores de duas empresas, Delta e Sygma, sobre o fim da sociedade entre elas. E que um dos antigos proprietários da Sygma, que está sendo processado pela Delta, gravou a conversa e pinçou um trecho a fim de promover chantagens.

O processo de separação das empresas foi parar na Justiça. E o desentendimento entre os sócios acabou revelando que o ex-ministro-chefe da Casa Civil do governo Lula, José Dirceu, prestou serviço de consultoria para a Delta. O contrato de seis meses foi assinado no fim de 2008.

Nessa época os contratos da empresa com o governo federal quase dobraram. Passaram de R$ 393 milhões, em 2008, para R$ 788 milhões em 2009. Hoje em dia, a Delta é a empresa que mais recebe dinheiro do PAC - Programa de Aceleração do Crescimento.

Em entrevista à revista Veja, em maio de 2011, os ex-donos da Sygma, José Augusto Quintella Freire e Romênio Marcelino Machado, acusam o ex-ministro de fazer tráfico de influência em favor da empreiteira Delta. Segundo Quintella, José Dirceu foi contratado para facilitar negócios com o governo federal.

A empresa Delta também é suspeita de envolvimento com o grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso em fevereiro. Em uma gravação, feita com a autorização da Justiça, o então diretor da empresa Delta, Cláudio Abreu, conversa com cachoeira. Os dois falam em marcar um encontro entre o bicheiro e Fernando Cavendish.

Claudio: Você quer encontrar com o chefe?
Carlinhos: Com o governador?
Claudio: Não, com o Fernando.
Carlinhos: Não, fala para ele que estamos olhando tudo.

Na noite dessa segunda (16), a Delta divulgou uma nova nota em que afirma que o áudio foi produzido clandestinamente e editado por ex-sócios da empresa, que estão sendo processados por calúnia e difamação.

A construtora também negou que o ex-ministro José Dirceu tenha sido contratado para facilitar negócios com o governo federal. José Dirceu afirmou que foi contratado apenas para dar consultoria sobre investimentos no exterior. E que não fez tráfico de influência



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