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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

CORRUPÇÃO - Após adiamento, Fifa diz ainda querer divulgar dossiê contra Teixeira e Havelange

RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO
SÉRGIO RANGEL
DO RIO 

A Fifa recuou da decisão de divulgar os documentos do escândalo de corrupção da ISL em dezembro.

A medida dá sobrevida aos presidentes da CBF, Ricardo Teixeira, e de honra da entidade máxima do futebol, João Havelange, supostamente envolvidos no caso. Ambos estão ameaçados de expulsão da Fifa se for comprovado que receberam subornos.



A disputa faz parte de guerra aberta no organismo máximo do futebol mundial, em racha entre o presidente Joseph Blatter e os brasileiros.


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Em comunicado, o dirigente suíço afirmou que "medidas legais foram tomadas por uma das partes envolvidas" no caso e impediram a revelação dos documentos.

Mas a Fifa não explicou qual foi a ação que barrou a divulgação. A Folha apurou que, para o presidente da CBF, não houve nenhuma medida legal: Blatter recuou com medo de represália.

Explica-se: os papéis tratam da falência da ISL, ex-parceira de marketing da Fifa nos anos 90. Eles mostram que cartolas receberam US$ 100 milhões em propinas.
De acordo com a BBC, Havelange é apontado como receptor de US$ 1 milhão. Teixeira, de US$ 9,5 milhões.

O processo que reúne os documentos da ISL tornou-se sigiloso em acordo da Fifa e de dois de seus dirigentes que admitiram à Justiça suíça terem recebido suborno. Jornalistas pediram em ações, ainda em julgamento, a abertura do caso. Nesses processos, os dois cartolas são chamados de Z e B2 para se manterem o anônimos. Para a BBC, são Havelange e Teixeira.

Ou seja, só poderia partir deles a ação para impedir a divulgação dos documentos. Nos processos movidos por jornalistas, não houve nova medida judicial. Mas pode ter sido obtida uma nova liminar pelos cartolas anônimos.

"Blatter era o secretário-geral da Fifa na época da ISL. Era o gerente. Pode ter vários motivos para não publicar [os documentos]", lembrou o jornalista e advogado Jean Fraçois Tanda, um dos que pede à Justiça acesso ao processo.

Além disso, Havelange e Teixeira têm ameaçado, veladamente, Blatter de revidar com denúncias contra ele.

O presidente da Fifa, porém, afirma querer revelar os documentos. "Eu continuo plenamente comprometido em publicar os arquivos assim que possível, como parte das muitas reformas da Fifa, que incluem lidar com o passado e preparar a estruturação futura da entidade", explicou o dirigente, em nota.

Ele informou que os advogados da Fifa estão estudando formas de superar essas barreiras jurídicas.

É verdade que Blatter também tem motivos para divulgar os documentos. Com eles públicos, poderia expulsar do Comitê-Executivo Ricardo Teixeira, seu maior inimigo.
Ainda daria seriedade ao seu plano de livrar a imagem da Fifa da mancha da corrupção.

Mas não foi ele quem forneceu os documentos ao COI (Comitê Olímpico Internacional) na investigação que levaria à expulsão de Havelange, segundo apurou a reportagem. O documento foi obtido com fonte sigilosa.

O brasileiro renunciou à sua cadeira no comitê.

Segredo é a marca da guerra da Fifa. Ontem, o que se soube é que cada lado moveu sua peça no xadrez, e Teixeira e Havelange mantiveram, por enquanto, os dedos.


Rafael Andrade - 22.nov.2010/Folhapress

O presidente de honra da Fifa, João Havelange, em evento no Rio no ano passado


Fonte Folha http://www1.folha.uol.com.br/esporte/1017664-apos-adiamento-fifa-diz-ainda-querer-divulgar-dossie.shtml

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