Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

ADOTAR É TUDO DE BOM !!! - Brasil tem cinco mil crianças e adolescentes à espera de adoção

Dados do CNJ revelam também qual é o perfil mais procurado pelos pais
Guilherme Voitch


SÃO PAULO - Há cerca de cinco mil crianças e adolescentes prontas para serem adotadas em todo Brasil, para cerca de 27 mil pessoas interessadas na adoção. Em alguns estados, caso de Santa Catarina, a relação entre pretendentes e crianças para serem adotadas chega a 14 para um. Os dados são do Cadastro Nacional de Adoção do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O cadastro revela uma preferência por bebês recém-nascidos, do sexo feminino, de cor branca e sem nenhuma doença. De acordo com esses números, 36% dos pretendentes adotariam somente crianças brancas, 80% pensam em adotar somente uma criança e 50% buscam por uma criança de no máximo dois anos de idade. Apenas 33% mostraram-se indiferentes em relação à origem racial.

- Isso ocorre porque se busca esse perfil. Por quê não são adotadas todas as crianças que não têm mais ligação com o poder familiar? Porque os pretendentes, no geral, não querem as mais velhas, não querem irmãos e não querem encarar uma criança com doença - diz o coordenador do Cadastro Nacional de Adoção, Nicolau Lupianhes.

- O modelo no Brasil ainda é o de satisfazer o desejo dos pais em ter filhos - diz Silvana do Monte Moreira, diretora jurídica da Associação Nacional dos Grupos de Apoio à Adoção (Angaad). Segundo ela, é preciso entender que a adoção ocorre para garantir um lar para as crianças que não o possuem:

- É o modelo dos países desenvolvidos que começa a chegar no Brasil - diz Silvana, ela mesma mãe adotiva.

- Eu sou do Rio, mas adotei minha filha no Nordeste. Não fiz nenhuma escolha, nada. Adotei uma criança linda, de três anos. Naquela época, porém, as famílias nordestinas só queriam adotar no Sul. Aos poucos estamos mudando esse quadro.

O ‘perfil’ escolhido pelos pais, porém, não é o único entrave para a adoção no Brasil, segundo especialistas. Para a psicóloga, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e autora de seis livros sobre adoção, Lídia Weber, ainda há uma ‘multidão’ de crianças em abrigos pelo Brasil.

- A verdade é que não se sabe ao certo quantas crianças e adolescentes estão abrigadas. Fala-se em 30, 80 mil. E muitas delas estão há anos abrigadas quando a Lei Nacional de Adoção determina que a criança só pode ficar dois anos no abrigo - explica.

Segundo Lídia, isso ocorre porque há uma espécie de ‘limbo’ na destituição do poder familiar.

- O Eca (Estatuto da Criança e do Adolescente) e a Lei de Adoção afirmam que a prioridade é manter o vínculo familiar. Concordo, mas essa tentativa não pode ser eterna, caso contrário a criança se institucionaliza no abrigo e perde as chances de adoção.

Silvana, da Angaad, tem uma visão semelhante. Para ela, a Lei de Adoção estabelece um critério subjetivo ao juiz ao determinar que a citação da família seja feita até a ‘última possibilidade’.

- É um critério pessoal. Varia de juiz para juiz. É preciso um pouco mais de agilidade nesse ponto - diz Silvana.

No Congresso Nacional, tramitam dezenas de projetos que alteram a Lei Nacional de Adoção. Todos, ainda em fase de análise nas comissões da casa

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