Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

domingo, 21 de março de 2010

ARRUDAGATE - Descontente com demissão, ex-secretário de Justiça diz que foi pressionado a se afastar em troca de sigilo no caso


Saulo Araújo
Publicação: 21/03/2010 07:00



O secretário de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejus), Flávio Lemos, deixa o cargo abrindo divergências. A demissão dele deve ser publicada no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) de amanhã. Após ser comunicado oficialmente que não faria mais parte do primeiro escalão do GDF, Lemos para se defender reagiu contando uma versão que deixa o governador interino do DF, Wilson Lima, em situação desconfortável. Disse que Lima teria proposto abafar a prisão de Gilson Matos, gerente financeiro da empresa terceirizada Casa Harmonia, que executa serviços no Centro de Internação de Adolescentes Granja das Oliveiras (Ciago). Ele foi detido com R$ 104 mil em espécie, na última quarta-feira, no estacionamento da sede do GDF, o Buritinga e o destino do dinheiro, segundo a fonte que fez a denúncia à polícia, seria Lemos.

Ontem, Lemos disse ao Correio que Wilson Lima propôs manter o caso em sigilo se ele aceitasse sair da secretaria sem resistência. “Ele me disse que essa era uma notícia grave e que nada daquilo vazaria para a imprensa se eu topasse ser substituído sem reclamar. Eu achei essa proposta absurda, pois não tenho relação alguma com esse dinheiro e, coincidentemente, algum tempo depois, o caso vazou e ele me demitiu”, contou.

O secretário de comunicação do GDF, André Duda, rebateu Lemos. Segundo ele, tem sido uma prática de Wilson Lima exonerar qualquer membro do governo citado em algum esquema ilícito e negou que o comandante do DF pretendia fazer mudanças na secretaria. “Não existia nenhuma intenção de trocar o secretário agora. Diante das denúncias, o governador chamou o Flávio Lemos e disse: ‘ou você pede(demissão) ou eu te exonero”, afirmou Duda.

Alvo
De acordo com Flávio Lemos, sua demissão tem como alvo principal o ex-secretário da Sejus e deputado distrital Alírio Neto. O parlamentar do PPS corre por fora para assumir a chefia do Executivo local nas eleições que devem ocorrer devido à cassação de José Roberto Arruda. O secretário de comunicação espantou-se com as declarações e disse que o diálogo em que o governador sugere “abafar o caso”, citado por Lemos , nunca existiu. “Ele está querendo mudar o foco das coisas. Como é que se abafa uma investigação policial? Duas testemunhas acompanharam essa conversa dele com o governador: um policial civil e o próprio Alírio Neto. Pergunte ao Alírio se o governador propôs isso”, desafiou Duda.

A reportagem entrou em contato com Alírio Neto, mas o parlamentar preferiu não se pronunciar em relação à polêmica. Em depoimento à Divisão Especial de Combate ao Crime Organizado (Deco), da Polícia Civil, Gilson Matos negou que o dinheiro seria entregue ao secretário, mas não revelou a origem dele. No entanto, uma fonte policial relatou ao Correio que Gilson e Lemos trocaram várias ligações momentos antes de a polícia deflagrar a operação. Ainda nãos e sabe o teor das conversas.

Lemos atribui sua demissão à perseguição por romper com boa parte das empresas que prestam serviços à secretaria. Seu plano era criar uma estrutura em que o próprio governo tivesse condições de assumir todas as demandas.

Quem deve assumir a Sejus é João Marcelo, que até o último dia 12 era subsecretário da pasta e foi exonerado justamente por Flávio Lemos. O agora ex-secretário informou que João Marcelo seria uma indicação do deputado Raimundo Ribeiro (PSDB), que comandou a secretaria por quase dois anos no governo Arruda. No entanto, Raimundo Ribeiro negou qualquer ingerência na escolha.

 


 

Nenhum comentário: