Resultado dá munição ao PT para pressionar o PSB a desistir da pré-candidatura do deputado ao Palácio do Planalto e favorecer a campanha de Dilma Rousseff
Tiago Pariz
Publicação: 01/03/2010 08:18
Tiago Pariz
Publicação: 01/03/2010 08:18
A pré-candidatura de Ciro Gomes perdeu fôlego, mas sua insistência pode custar caro ao PSB, que corre o risco de diminuir após as eleições deste ano |
O PT acredita que a pesquisa é um ingrediente importante no processo de convencimento do PSB, que dá sinais de que a candidatura do deputado não é mais desejável. Como Ciro Gomes mantém a postura rígida em defesa de sua campanha, os petistas vão focar a pressão sobre a legenda aliada. A ideia é explorar a tese de que, insistindo no voo solo, o partido corre sério risco de encolher na eleição de outubro.
O deputado cearense tem dito que vale a pena o partido correr o risco por avaliar que terá uma candidatura competitiva, com apoio em estados importantes e com estrutura superior à do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas campanhas de 1989 e 1994. O PSB tem governadores no Rio Grande do Norte, no Ceará e em Pernambuco. Mas vem justamente desse último governo, comandado por Eduardo Campos (PE), a principal dúvida sobre a viabilidade do projeto presidencial. A cúpula petista, comandada pelo presidente da legenda, José Eduardo Dutra, pretende insistir com os colegas do PSB que a candidatura de Ciro tende a se tornar cada vez mais descartável.
O PSB apostava que Ciro teria um crescimento pequeno, mas significativo, depois que foi ao ar a propaganda gratuita em rádio e televisão em fevereiro. Ele não só oscilou para baixo, como reforçou que sem seu nome na disputa, o governador de São Paulo, José Serra, o provável candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, não venceria mais em primeiro turno. Isso mostra que começa a fazer água a tese de Ciro Gomes de que, sem ele, o principal beneficiado é o tucano.
No cenário sem o deputado do PSB, o Datafolha mostra Serra com 38%, Dilma com 31%, e a senadora Marina Silva (PV) com 10%. Quando o levantamento inclui Ciro Gomes, ele chega aos 12%, o governador paulista mantém a liderança, com 32%, a petista alcança 28%, e Marina, 8%. O importante é que a ministra da Casa Civil mantém a linha ascendente e Serra, a descendente. Os petistas acreditam que, nesse ritmo, o empate técnico entre Serra e Dilma (com ou sem Ciro) deverá aparecer já em abril.
Estagnação
O senador Renato Casagrande (PSB-ES), secretário-geral do partido, afirmou que a estagnação de seu correligionário sofre com um cenário de instabilidade por haver um descompasso entre seus próprios interesses e os do partido. “A candidatura do Ciro é boa para o processo eleitoral e para a política, mas o partido faz uma reflexão. O risco está nos estados”, disse o parlamentar capixaba, referindo-se à análise sobre a meta de aumentar — e não diminuir — o número de deputados eleitos pelo partido.
Dentro do PSB, há quem defenda a candidatura de Ciro ao governo de São Paulo, exatamente como quer o presidente Lula. O deputado Márcio França (PSB-SP) tem demonstrado otimismo com a possibilidade de a disputa regional ser mais interessante do que a presidencial para seu colega de partido. Os petistas estão mais céticos e apostam que o deputado pelo Ceará não entrará em nenhuma das duas corridas.
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), disse que Ciro é uma questão para ser resolvida pelo PSB. Ele preferiu comemorar o resultado e dizer que o seu partido não pode entrar na onda do já ganhou. “Precisamos trabalhar bastante, porque ainda não ganhamos nada”, afirmou. Segundo ele, a queda do governador de São Paulo nas pesquisas já era esperada. “Em 2002, o Serra foi rejeitado porque representava a continuidade e o povo queria a mudança. Agora, o Serra representa a mudança e o povo está dizendo que quer a continuidade. É azar dele”, alfinetou.
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