Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

domingo, 7 de março de 2010

INTERNACIONAL - Iraque vota em eleição crucial para equilíbrio regional

Para analistas, resultado da primeira votação após anúncio de retirada americana pode fortalecer o Irã
Luiz Raatz, do estadao.com.br

SÃO PAULO - 
Resultado das primeiras eleições após anúncio da retirada americana guiará relações exteriores do país  
SÃO PAULO - Cerca de 19 milhões de iranianos vão às urnas neste domingo, 7, para eleger seu novo parlamento, que será responsável por escolher o novo primeiro-ministro do país. As eleições, as primeiras após o anúncio da retirada americana prevista para 2011, serão cruciais para definir a extensão da influência iraniana no país, segundo analistas ouvidos pelo estadão.com.br.  

Veja também:
especialGuerra do Iraque: do início ao início do fim 
video Correspondente do Estadão explica divisão política iraquiana
mais imagens Galeria de fotos das eleições no Iraque

A votação opõe a coalizão do atual premiê, Nouri al-Maliki, chamada Governo da Lei, à aliança laica Iraqiya, do ex-primeiro-ministro Ayad Allawi. Dois partidos xiitas religiosos - a Aliança Nacional e o Conselho Islâmico do Iraque -, além da Aliança Patriótica Democrática do Curdistão, também devem ter representatividade razoável no Parlamento, segundo projeções de analistas internacionais. A Frente Nacional Iraquiana pelo Diálogo, dos sunitas, declarou um boicote à votação no último dia 20 após a Justiça iraquiana banir cerca de 500 candidatos acusados de fazer parte do antigo partido Baath, de Saddam Hussein.

Para Salem Nasser, professor da escola de direito da Fundação Getúlio Vargas, de São Paulo (FGV-SP)é indiscutível que o Irã já tem enorme influência no Iraque. "A direção que o Iraque tomará na sua política externa será determinante para a compreensão do equilíbrio na região", afirma.

Segundo o professor Heni Ozy Lukier, do curso de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM), a única chance dos iranianos não ganharem força é os sunitas serem capazes de se contrapor. "É o que os americanos estão trabalhando para que aconteça. (...) Uma vitória do Maliki já representa um aumento da influência iraniana. Porque ele se aproximou mais dos xiitas e se mostrou menos um líder nacionalista como ele sempre se vendeu", diz o professor.

De acordo com o diretor do centro de estudos do Oriente Médio do Brookings Institute, Ken Pollack, uma vitória de Allawi representaria o cenário preferido dos EUA. "Seria mais fácil para a Iraqiya se aliar a grupos moderados e levar o país na direção que os iraquianos querem: secularismo contra o sectarismo, a integridade contra a corrupção, em um viés nacionalista", escreveu Pollack em um artigo publicado no site do instituto.

O Iraque é constituído por dois grupos étnicos: Árabes e curdos. Seus habitantes se dividem entre outros dois ritos do islamismo: xiismo e sunismo. Independente do Reino Unido desde 1932, o país foi governado com mão de ferro pelos sunitas durante a ditadura de Saddam Hussein.

As eleições de 2005, boicotada pelos sunitas, colocaram os xiitas pela primeira vez no poder. Após a derrubada de Saddam, os curdos, no norte do país, também ganharam autonomia.

Violência

Na última semana, atentados deixaram cerca de 50 mortos no país. A segurança será reforçada para a votação. A partir das 22h do sábado até a manhã de segunda-feira o tráfego de veículos será proibido para evitar atentados com carros-bomba.
Na sexta-feira, militantes da Al-Qaeda no Iraque convocaram um toque de recolher durante a eleição. "Quem sair para participar nesse dia vai se expor à ira de Alá e a todas as armas de seus combatentes", diz o texto postado em um site na internet.


Nenhum comentário: