HAVANA - O Parlamento Europeu aprovará nesta quinta-feira uma declaração condenando energicamente Cuba por sua falta de respeito aos direitos humanos, além de lamentar a morte do dissidente Orlando Zapata por greve de fome e exigir a liberdade incondicional e imediata de todos os presos políticos no país. O rascunho, aprovado previamente por todos os grupos políticos da casa e previsto para passar sem emendas, afirma que a morte "cruel e evitável" do dissidente foi "um sério revés para a vigência dos direitos humanos em Cuba".
"(O Parlamento) condena a detenção preventiva de ativistas e as tentativas do governo de impedir a família (de Zapata) de realizar seu funeral e velório", diz o comunicado, expressando sua "preocupação pela situação de todos os presos políticos e dissidentes que se declararam em greve de fome depois da morte de Zapata".
Os legisladores europeus defendem ainda que "o encarceramento da dissidência em Cuba por seus ideais e sua atividade política pacífica contrariam a Declaração Universal de Direitos Humanos".
Regime de solidariedade, mas só para simpatizantes
De Cuba, o dissidente Guillermo Fariñas, que também está em greve de fome e já apresenta saúde frágil, classificou a condenação do Parlamento Europeu como tardia.
- A declaração chega com o cadáver quente de Orlando Zapata - disse, por telefone, ao Canal 41 de Miami.
O presidente da Costa Rica, Óscar Arias - ganhador do Nobel da Paz e apontado ano passado como mediador da crise hondurenha após golpe de Estado no país - também destilou uma dura crítica a líderes regionais por omissão no caso. Após a morte de Zapata, presidentes da América Latina se mantiveram em silêncio sobre o caso.
Numa declaração pública, Arias afirmou que, enquanto líderes do continente se encontravam e "falavam de democracia" em 23 de fevereiro em Cancún, Zapata morreu em Havana sem conseguir convencer as autoridades cubanas a "mover a compaixão de um regime que se vangloria por sua solidariedade, mas que só se aplica a seus simpatizantes".
O presidente, conhecido por suas críticas a Cuba, afirmou que os presos no país têm como único delito a oposição ao regime.
"Nada podemos fazer para salvar esse dissidente (Orlando Zapata), mas podemos ainda falar alto em nome de Guillermo Fariñas, que há 14 dias está em greve de fome em Santa Clara", defendeu Arias.
Em junho, o Parlamento Europeu revisará a chamada Posição Comum da UE, texto que vigora desde 1996 e que condiciona as relações de Bruxelas com Havana a mudanças no regime comunista da ilha.
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