A capital federal tornou-se terreno fértil para a expansão dos cursos com a marca MBA. A cada ano, a demanda cresce pelo desejo de executivos e gestores dos setores públicos e privados por aprimoramento profissional
Diego Amorim
Mariana Branco
Publicação: 07/03/2010 08:46
Diego Amorim
Mariana Branco
Publicação: 07/03/2010 08:46
Uma febre entre executivos, gestores e coordenadores de quaisquer áreas desde o final dos anos 1990, os cursos com a marca MBA — sigla em inglês para o termo Master of Business Administration, que pode ser traduzido para Mestrado em Administração de Negócios — tomaram conta também de Brasília. Atraídas para o Distrito Federal, em um primeiro momento, pela possibilidade de oferecer formação gerencial à grande quantidade de servidores públicos da cidade, instituições educacionais com especializações do tipo surpreenderam-se com o potencial do mercado local e, atualmente, têm em suas salas de aula tanto ocupantes de cargos no setor privado quanto na administração pública. Universidades do DF, atentas ao fenômeno, também abriram turmas de MBA. Hoje, embora não existam números oficiais sobre quantidade de alunos e de cursos, a oferta desse tipo de formação está em franca expansão.
“Não há como mensurar o fenômeno, mas ele existe. O mercado está inclusive ficando saturado”, garante Jorge Pinho, professor do Departamento de Administração de Empresas da Universidade de Brasília e especialista na área de recursos humanos, marketing e estratégia. De acordo com Pinho, é possível detectar a existência de uma super oferta de cursos MBA em Brasília observando o surgimento de instituições menores, que oferecem a especialização a preços abaixo dos praticados no mercado. “Já começa a haver uma dificuldade das instituições mais gabaritadas em fechar turmas, em razão da proliferação dessas outras”, afirma.
A primeira instituição de ensino a oferecer MBA em Brasília foi a Fundação Getulio Vargas (FGV), reconhecida nacionalmente pela excelência como escola de administração. Nascida em São Paulo e com câmpus também no Rio de Janeiro, a FGV chegou em terras brasilienses em 1978. À época, a sigla MBA era inexistente, mas a instituição já trabalhava com cursos de perfil semelhante, que focavam na formação gerencial e administrativa. “Claramente, o objetivo (em 1978) era o treinamento dos funcionários públicos. Mas o leque foi se ampliando”, diz Sílvio Roberto Badenes de Gouvêa, superintendente da unidade brasiliense da FGV.
Em 1999, a FGV colocou na praça o primeiro curso MBA do DF. Desde então, vem ampliando o catálogo de especializações disponíveis na área de gestão e administração. Hoje, tem aproximadamente 1,2 mil alunos matriculados neles, a maioria em turmas de MBA, já que a instituição tem apenas quatro especializações lato sensu sem esse foco em Brasília. Sílvio Badenes afirma que a divisão entre alunos do setor público e do privado é meio a meio na instituição.
Alguns dos cursos de administração da FGV são altamente específicos para o setor público, caso do MBA em planejamento, orçamento e gestão pública e do MBA em administração pública. Outros, desenvolvem competências que podem ser aplicadas tanto na iniciativa privada quanto no trabalho em órgãos do governo. É o caso dos MBAs em gerência de projetos, gerência de RH, direito e economia, entre outros. Recentemente, a instituição de ensino criou, também dentro da divisa MBA, o curso de gestão em negócios imobiliários, para atender ao boom da construção civil em Brasília. Caso a especialização tenha sucesso, será levada para São Paulo e Rio de Janeiro.
A duração dos MBAs da FGV é de 18 meses, dentro da média habitual. Os cursos custam em torno de R$ 17,9 mil, valor que pode ser pago parceladamente. A instituição funciona em prédio próprio, na avenida L2 Norte, Quadra 602.
Recém-chegados
Se a Fundação Getulio Vargas foi pioneira em trazer cursos MBA para o DF, o Ibmec, escola de negócios, forte na área de finanças, chegou a Brasília apenas em 2008. Original de São Paulo, a instituição tem unidades também no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Segundo Eduardo Wurzmann, diretor-presidente do Grupo Ibmec, o estímulo para a criação de uma unidade no DF foi o grande número de servidores públicos daqui. A chegada foi planejada durante cerca de oito meses, com análise de mercado. “Mas ocorreu um fenômeno interessante, que foi surpresa para o grupo. O mercado também demandou muito os cursos. A iniciativa privada em Brasília está crescendo muito e muito rápido e tivemos que adequar nossos programas a essa realidade”, conta Wurzmann.
Eduardo Wurzmann relata que a aposta no funcionalismo público deu certo. A escola de negócios, que também oferece graduação em administração e economia, tem turmas fechadas de MBA para órgãos como Banco do Brasil, Funcef, Petrobrás, Banco Central, Banco de Brasília, Correio e Ministério da Justiça. Entretanto, os alunos do setor privado são cerca de 50% do corpo discente.
A instituição de ensino investiu R$ 3 milhões desde a sua chegada no DF. Hoje, tem 500 alunos, 50 na graduação e 450 nos cursos de pós, e ocupa parte do segundo andar do Corporate Financial Center, no Setor Comercial Norte. As especializações custam entre R$ 12 mil e R$ 17 mil. Os cursos disponíveis para os já graduados são MBA executivo, MBA finanças, controladoria e finanças, gestão de negócios e pós-graduação em administração pública.
Além da FGV e do Ibmec, instituições de ensino do DF como Universidade Católica de Brasília (UCB), Centro Universitário de Brasília (Uniceub), Upis Faculdades Integradas, UDF Centro Universitário, entre outras, acoplaram MBAs a seus programas de pós-graduação lato sensu nos últimos anos. Instituições de menor porte, chegadas ao mercado brasiliense recentemente, a Esamc e a Esad oferecem esse tipo de especialização a preços abaixo dos praticados no mercado. A Esamc, que veio de Campinas em 2006, tem duas turmas funcionando e cobra R$ 8,9 mil pelos cursos de 18 meses. Carlos Mathias Motta Vargas, diretor da instituição, diz que os valores reduzidos não comprometem a qualidade do ensino e garante que a escola é conceituada em São Paulo e outros estados.
Origem
O termo MBA surgiu nos Estados Unidos para descrever cursos de mestrado em administração de negócios. No Brasil, a sigla transformou-se em uma espécie de marca, quase um nome fantasia, aplicado a especializações lato sensu – mais rápidas e menos aprofundadas do que o mestrado, que é strictu sensu – com enfoque em administração e gestão dentro de vários setores. Como, a rigor, nada diferencia o MBA de uma especialização comum, o Ministério da Educação não mantém um registro de quantos cursos do tipo existem no país. Toda instituição credenciada a oferecer cursos de pós-graduação lato sensu pode oferecer MBAs.
Sob medida para gestores
Viola Júnior/CB/D.A Press - 4/2/10
Madureira faz MBA em gestão de negócios e sente os reflexos na renda
O MBA é basicamente um curso adequado a todos os profissionais que trabalham com alguma forma de gestão, seja ela de recursos humanos, empresas, finanças, saúde, comunicações. “Ele é feito para profissionais em cargos de coordenação ou que administram negócios e fizeram graduações em outras áreas”, explica o professor Jorge Pinho, do Departamento de Administração da Universidade de Brasília.
Emerson Madureira de Oliveira, 39 anos, se adapta ao perfil descrito pelo especialista. Depois da graduação e de dois mestrados, ele decidiu fazer um MBA em gestão de negócios após ser alçado a um posto de chefia. Formado em ciência da computação, ele atua há 18 anos na área de telecomunicações. Em 2004, entrou para a Embratel, onde assumiu o cargo de gerente de vendas. “Gosto de evoluir e sei que a evolução passa pelo estudo. A empresa estimula e eu faço a minha parte”, disse Oliveira.
É ele quem paga o curso, considerado de excelência: R$ 17,9 mil. O salário do executivo varia de acordo com a quantidade e a importância dos projetos que ele lidera no mês. Desde que começou a frequentar a sala de aula duas vezes por semana, Oliveira percebeu o trabalho render mais, o que, segundo ele, começou a refletir no contracheque.
José Kobori, 40 anos, é sócio de uma empresa do mercado financeiro que se instalou há seis anos em Brasília. Ele está no último mês de um MBA em finanças. Sai de casa às 7h e só volta às 23h. Na escola de negócios, durante as aulas e no intervalo delas, faz contatos e fecha negócio. “Encontrei vários clientes aqui: empresas e pessoas físicas que passaram a investir comigo. O público seleto do MBA é uma vantagem”, afirmou ele. “Também faço um mestrado. A diferença é que o MBA é mais voltado para o mercado. O que aprendemos aqui é aplicado no nosso dia a dia”, comparou.
Dicas para quem quer fazer MBA
Para garantir um bom curso na área que escolheu, fique atento à vocação da escola. O Ibmec, por exemplo, é a melhor na área de finanças. A Escola Superior de Publicidade e Marketing (ESPM), de São Paulo, tem um excelente MBA na área de propaganda. A FGV é boa nas áreas de administração e negócios.
Verifique se a escola é credenciada no MEC para oferecer cursos
de pós-graduação lato sensu.
Desconfie de instituições desconhecidas, com preços muito abaixo dos praticados no mercado. Tudo bem optar por um curso mais barato, mas tenha a certeza de que a qualidade do ensino não ficará comprometida. Se puder, converse com quem já fez um curso no local escolhido. Peça para conhecer as instalações e cheque se a empresa não tem pendências financeiras ou judiciais.
“Não há como mensurar o fenômeno, mas ele existe. O mercado está inclusive ficando saturado”, garante Jorge Pinho, professor do Departamento de Administração de Empresas da Universidade de Brasília e especialista na área de recursos humanos, marketing e estratégia. De acordo com Pinho, é possível detectar a existência de uma super oferta de cursos MBA em Brasília observando o surgimento de instituições menores, que oferecem a especialização a preços abaixo dos praticados no mercado. “Já começa a haver uma dificuldade das instituições mais gabaritadas em fechar turmas, em razão da proliferação dessas outras”, afirma.
A primeira instituição de ensino a oferecer MBA em Brasília foi a Fundação Getulio Vargas (FGV), reconhecida nacionalmente pela excelência como escola de administração. Nascida em São Paulo e com câmpus também no Rio de Janeiro, a FGV chegou em terras brasilienses em 1978. À época, a sigla MBA era inexistente, mas a instituição já trabalhava com cursos de perfil semelhante, que focavam na formação gerencial e administrativa. “Claramente, o objetivo (em 1978) era o treinamento dos funcionários públicos. Mas o leque foi se ampliando”, diz Sílvio Roberto Badenes de Gouvêa, superintendente da unidade brasiliense da FGV.
Em 1999, a FGV colocou na praça o primeiro curso MBA do DF. Desde então, vem ampliando o catálogo de especializações disponíveis na área de gestão e administração. Hoje, tem aproximadamente 1,2 mil alunos matriculados neles, a maioria em turmas de MBA, já que a instituição tem apenas quatro especializações lato sensu sem esse foco em Brasília. Sílvio Badenes afirma que a divisão entre alunos do setor público e do privado é meio a meio na instituição.
Alguns dos cursos de administração da FGV são altamente específicos para o setor público, caso do MBA em planejamento, orçamento e gestão pública e do MBA em administração pública. Outros, desenvolvem competências que podem ser aplicadas tanto na iniciativa privada quanto no trabalho em órgãos do governo. É o caso dos MBAs em gerência de projetos, gerência de RH, direito e economia, entre outros. Recentemente, a instituição de ensino criou, também dentro da divisa MBA, o curso de gestão em negócios imobiliários, para atender ao boom da construção civil em Brasília. Caso a especialização tenha sucesso, será levada para São Paulo e Rio de Janeiro.
A duração dos MBAs da FGV é de 18 meses, dentro da média habitual. Os cursos custam em torno de R$ 17,9 mil, valor que pode ser pago parceladamente. A instituição funciona em prédio próprio, na avenida L2 Norte, Quadra 602.
Recém-chegados
Se a Fundação Getulio Vargas foi pioneira em trazer cursos MBA para o DF, o Ibmec, escola de negócios, forte na área de finanças, chegou a Brasília apenas em 2008. Original de São Paulo, a instituição tem unidades também no Rio de Janeiro e em Minas Gerais. Segundo Eduardo Wurzmann, diretor-presidente do Grupo Ibmec, o estímulo para a criação de uma unidade no DF foi o grande número de servidores públicos daqui. A chegada foi planejada durante cerca de oito meses, com análise de mercado. “Mas ocorreu um fenômeno interessante, que foi surpresa para o grupo. O mercado também demandou muito os cursos. A iniciativa privada em Brasília está crescendo muito e muito rápido e tivemos que adequar nossos programas a essa realidade”, conta Wurzmann.
Eduardo Wurzmann relata que a aposta no funcionalismo público deu certo. A escola de negócios, que também oferece graduação em administração e economia, tem turmas fechadas de MBA para órgãos como Banco do Brasil, Funcef, Petrobrás, Banco Central, Banco de Brasília, Correio e Ministério da Justiça. Entretanto, os alunos do setor privado são cerca de 50% do corpo discente.
A instituição de ensino investiu R$ 3 milhões desde a sua chegada no DF. Hoje, tem 500 alunos, 50 na graduação e 450 nos cursos de pós, e ocupa parte do segundo andar do Corporate Financial Center, no Setor Comercial Norte. As especializações custam entre R$ 12 mil e R$ 17 mil. Os cursos disponíveis para os já graduados são MBA executivo, MBA finanças, controladoria e finanças, gestão de negócios e pós-graduação em administração pública.
Além da FGV e do Ibmec, instituições de ensino do DF como Universidade Católica de Brasília (UCB), Centro Universitário de Brasília (Uniceub), Upis Faculdades Integradas, UDF Centro Universitário, entre outras, acoplaram MBAs a seus programas de pós-graduação lato sensu nos últimos anos. Instituições de menor porte, chegadas ao mercado brasiliense recentemente, a Esamc e a Esad oferecem esse tipo de especialização a preços abaixo dos praticados no mercado. A Esamc, que veio de Campinas em 2006, tem duas turmas funcionando e cobra R$ 8,9 mil pelos cursos de 18 meses. Carlos Mathias Motta Vargas, diretor da instituição, diz que os valores reduzidos não comprometem a qualidade do ensino e garante que a escola é conceituada em São Paulo e outros estados.
Origem
O termo MBA surgiu nos Estados Unidos para descrever cursos de mestrado em administração de negócios. No Brasil, a sigla transformou-se em uma espécie de marca, quase um nome fantasia, aplicado a especializações lato sensu – mais rápidas e menos aprofundadas do que o mestrado, que é strictu sensu – com enfoque em administração e gestão dentro de vários setores. Como, a rigor, nada diferencia o MBA de uma especialização comum, o Ministério da Educação não mantém um registro de quantos cursos do tipo existem no país. Toda instituição credenciada a oferecer cursos de pós-graduação lato sensu pode oferecer MBAs.
Sob medida para gestores
Viola Júnior/CB/D.A Press - 4/2/10
Madureira faz MBA em gestão de negócios e sente os reflexos na renda
O MBA é basicamente um curso adequado a todos os profissionais que trabalham com alguma forma de gestão, seja ela de recursos humanos, empresas, finanças, saúde, comunicações. “Ele é feito para profissionais em cargos de coordenação ou que administram negócios e fizeram graduações em outras áreas”, explica o professor Jorge Pinho, do Departamento de Administração da Universidade de Brasília.
Emerson Madureira de Oliveira, 39 anos, se adapta ao perfil descrito pelo especialista. Depois da graduação e de dois mestrados, ele decidiu fazer um MBA em gestão de negócios após ser alçado a um posto de chefia. Formado em ciência da computação, ele atua há 18 anos na área de telecomunicações. Em 2004, entrou para a Embratel, onde assumiu o cargo de gerente de vendas. “Gosto de evoluir e sei que a evolução passa pelo estudo. A empresa estimula e eu faço a minha parte”, disse Oliveira.
É ele quem paga o curso, considerado de excelência: R$ 17,9 mil. O salário do executivo varia de acordo com a quantidade e a importância dos projetos que ele lidera no mês. Desde que começou a frequentar a sala de aula duas vezes por semana, Oliveira percebeu o trabalho render mais, o que, segundo ele, começou a refletir no contracheque.
José Kobori, 40 anos, é sócio de uma empresa do mercado financeiro que se instalou há seis anos em Brasília. Ele está no último mês de um MBA em finanças. Sai de casa às 7h e só volta às 23h. Na escola de negócios, durante as aulas e no intervalo delas, faz contatos e fecha negócio. “Encontrei vários clientes aqui: empresas e pessoas físicas que passaram a investir comigo. O público seleto do MBA é uma vantagem”, afirmou ele. “Também faço um mestrado. A diferença é que o MBA é mais voltado para o mercado. O que aprendemos aqui é aplicado no nosso dia a dia”, comparou.
Dicas para quem quer fazer MBA
Para garantir um bom curso na área que escolheu, fique atento à vocação da escola. O Ibmec, por exemplo, é a melhor na área de finanças. A Escola Superior de Publicidade e Marketing (ESPM), de São Paulo, tem um excelente MBA na área de propaganda. A FGV é boa nas áreas de administração e negócios.
Verifique se a escola é credenciada no MEC para oferecer cursos
de pós-graduação lato sensu.
Desconfie de instituições desconhecidas, com preços muito abaixo dos praticados no mercado. Tudo bem optar por um curso mais barato, mas tenha a certeza de que a qualidade do ensino não ficará comprometida. Se puder, converse com quem já fez um curso no local escolhido. Peça para conhecer as instalações e cheque se a empresa não tem pendências financeiras ou judiciais.
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