Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

domingo, 14 de março de 2010

CAIXA DE PANDORA - Denúncia racha de vez o PT



  A uma semana das prévias que decidirão o candidato do partido ao GDF, Agnelo terá que explicar a compra de uma casa no Lago Sul
Daniel Brito
Publicação: 14/03/2010 08:23

A uma semana das prévias que escolherão seu candidato ao Governo do Distrito Federal nas eleições de outubro, o Partido dos Trabalhadores (PT) mergulhou ainda mais na crise em que se transformou a disputa interna entre Agnelo Queiroz e Geraldo Magela. Até então favorito na disputa, principalmente em função do apoio da cúpula nacional do partido, o ex-ministro do Esporte teve sua pré-candidatura bombardeada por denúncias de evolução patrimonial suspeita e até mesmo invasão de área pública.

Chico Vigilante, que apoia o ex-ministro: suspeita de fogo amigo -
 (Monique Renne/Esp. CB/D.A Press - 9/2/08
)
Chico Vigilante, que apoia o ex-ministro: suspeita de fogo amigo
O surgimento das acusações mexeu com o PT. Ontem à tarde, várias lideranças do partido se reuniram para avaliar o impacto das denúncias publicadas pela revista Época. De acordo com a reportagem, Agnelo teria gasto na compra e na reforma de uma casa no Lago Sul valores não condizentes com sua renda. O pré-candidato também teria invadido área pública para construir uma quadra de tênis, além de tentar esconder um acordo eleitoral feito em 2008 com Joaquim Roriz, hoje pré-candidato ao Buriti pelo PSC.

Agnelo, que atualmente é diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), passou a manhã cumprindo agenda com militantes na Ceilândia e não quis se manifestar sobre as denúncias. Ainda ontem à noite se encontraria com o presidente do diretório local do PT, Roberto Policarpo, e com Arlete Sampaio para apresentar suas justificativas. Somente hoje o ex-ministro deve se pronunciar publicamente.

Para medir os estragos causados pela denúncia, a direção local do PT se reuniu ontem à tarde. Além de Policarpo e Arlete, participaram do encontro o ex-presidente do PT-DF Chico Vigilante e o secretário executivo da Câmara Legislativa, Raimundo Júnior. Durante a reunião, o grupo chegou a discutir a renúncia de Agnelo à sua pré-candidatura ou então o adiamento das prévias, marcadas para o próximo domingo. No entanto, uma posição oficial sobre a questão só seria divulgada hoje. “Não tomaremos qualquer decisão antes de ouvir o Agnelo”, disse Policarpo.


Policarpo: "Não tomaremos qualquer decisão antes de ouvir o Agnelo"
Fogo amigo
Aliados de Agnelo creditam as denúncias a petistas ligados a Geraldo Magela, também pré-candidato ao GDF. De acordo com essa avaliação, se o vazamento de informações viesse de outros adversários, as denúncias viriam à tona somente após a oficialização do nome de Agnelo como candidato. Como o caso surgiu uma semana antes das prévias, a avaliação dos aliados do ex-ministro é de que alguém de dentro do próprio PT teria interesse em minar sua candidatura. Na próxima terça-feira, Magela e Queiroz participam de um debate, que será mediado por José Eduardo Dutra, presidente nacional do PT. O evento será às 19h, no Hotel San Marco.

Agnelo sabia das denúncias desde a noite de quinta-feira. Reclamou a correligionários não ter tido tempo suficiente para reunir provas mostrando que a compra da casa foi legal. De acordo com a denúncia, o ex-ministro teria declarado à Justiça Eleitoral, em 2006, que todos os seus bens atingiam a soma de R$ 224.300,00. No ano seguinte, ele comprou uma mansão de 500 metros quadrados de área construída no Setor de Mansões Dom Bosco, no Lago Sul, com R$ 150 mil de entrada e o restante dividido em quatro parcelas. Na escritura, o valor da casa é de R$ 400 mil.

Na área verde vizinha à mansão, o pré-candidato teria construído uma quadra de tênis, um campo de futebol e um pequeno lago. O problema é que o local é público e Queiroz não tinha autorização para ocupar o espaço. Ele disse que havia mandado desmontar a quadra no ano passado, mas depois afirmou que o fez somente em 2010. Quanto à ligação com Joaquim Roriz, Queiroz negou, para depois corrigir-se, de que encontrou-se com o ex-governador em 2008. Possivelmente para selar um pacto de não agressão na campanha eleitoral deste ano. São justamente essas contradições o que mais incomoda a cúpula do PT-DF.

Chico Vigilante credita as denúncias ao também pré-candidato Geraldo Magela. “Faz parte do jogo bruto que está acontecendo internamente no Partido dos Trabalhadores do Distrito Federal. O senhor Geraldo Magela partiu para a baixaria”, disse ao Correio, por telefone. Magela, por sua vez, disse que não entraria em debate com Chico Vigilante e que seu propósito é discutir uma limpeza ética no Distrito Federal. “Da minha parte, não vou tocar neste assunto (as denúncias) no debate de terça-feira”, avisou.

Colaborou Ana Maria Campos

 

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