O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) poderá fechar suas contas no vermelho em 2012, caso a Desvinculação de Receitas da União (DRU) seja prorrogada, como quer o governo. Esse mecanismo retira 20% de todas as receitas "carimbadas" e autoriza que elas sejam utilizadas em qualquer outro setor no qual o governo considere mais adequado.
No caso, a DRU tiraria R$ 11,6 bilhões do fundo, cujo orçamento em 2012 é de R$ 58 bilhões. Até agora, o único déficit registrado na história do FAT, de R$ 1,8 bilhão, ocorreu em 2009, em meio à crise internacional.
O FAT só perderá esses recursos se o governo conseguir aprovar, ainda este ano, uma emenda à Constituição alongando a vigência da DRU, que acaba em 31 de dezembro de 2011. A proposta, que já está no Congresso Nacional, prevê que o mecanismo só seja extinto no fim de 2015.
O governo alega que a DRU é necessária para dar ao Executivo maior margem de manobra sobre o Orçamento da União, que é fortemente "engessado" por causa do alto volume de receitas que já são, por lei, "carimbadas" para finalidades específicas.
Há dúvida, porém, se a presidente Dilma Rousseff conseguirá que sua turbulenta base de apoio no Legislativo, que tem se mostrado tão incerta em recentes votações, aprove a emenda até o fim do ano.
A proposta já se transformou num instrumento de expressão de insatisfações da base em relação ao governo. Caso a proposta seja rejeitada, isso representará uma mudança importante nas finanças públicas. Com nomes diferentes, a DRU está em vigor ininterruptamente desde o Plano Real, de 1994.
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