Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

quinta-feira, 18 de março de 2010

RIO DE JANEIRO/ROYALTIES - Nem a chuva atrapalhou. O Centro do Rio reviveu os melhores dias de intensa mobilização popular. Desta vez, foi para manter os recursos do petróleo no nosso estado.


A chuva não dispersou a multidão. Milhares de pessoas se concentraram na Cinelândia, em frente a um palco montado especialmente para o ato público. Segundo a Polícia Militar, 80 mil pessoas participaram da manifestação.



O protesto foi contra a emenda que propõe mudanças na distribuição dos royalties do petróleo. Segundo cálculos do governo, o estado e os municípios perderiam cerca de R$ 7 bilhões por ano de arrecadação.


O governador Sérgio Cabral e prefeitos de vários municípios discursaram no palco, onde também se apresentaram vários cantores, como Fernanda Abreu, Toni Garrido e Neguinho da Beija-Flor. A atriz Letícia Spiller e o bailarino Carlinhos de Jesus também participaram do protesto.

Segundo o governador Sérgio Cabral, foi um protesto com o jeito carioca, não só com discursos políticos, mas também com muita música.

Os lugares de onde vieram os manifestantes são diferentes: Campos, Japeri, Seropédica. Mas o objetivo é o mesmo. “A verba do petróleo tem que continuar com a gente. Sem esse dinheiro, via ficar tudo mais difícil para as prefeituras do interior do estado”, observou uma jovem.

Ao todo, dos 92 municípios do estado do Rio de Janeiro, 90 serão prejudicados se a lei dos royalties for mesmo alterada.

Entre os manifestantes, havia milhares de funcionários públicos, beneficiados pelo ponto facultativo da tarde desta quarta-feira.

Pouco antes das 17h, as pessoas começaram a sair da concentração, na Candelária, em uma caminhada em direção à Cinelândia. O dia chuvoso não intimidou quem se propôs a sair de casa e fazer desta quarta-feira um dia de luta em favor do estado.

“O impacto ambiental e social é no estado do Rio de Janeiro”, afirmou um senhor. “É uma coisa nossa que estão querendo tirar”, acrescentou uma senhora.

A multidão tomou conta da Avenida Rio Branco e o bom humor deu o tom do protesto. “Aha, uhu, o petróleo é nosso!”, cantaram manifestantes em coro.

Nesta quarta-feira, o governador de São Paulo, José Serra, se posicionou em defesa do Rio. “Eu acho legítimo entregar recursos do petróleo para beneficiar o Brasil como um todo. Mas isso não se pode fazer liquidando dois estados. Anteriormente, estava se discutindo o que ia acontecer com uma parte do pré-sal, que iria ser explorado futuramente. O projeto alterou a distribuição atual do petróleo, inclusive na plataforma continental”, afirmou Serra.

A emenda que traria tantos prejuízos para o Rio, com uma perda anual de R$ 7,3 milhões, de autoria dos deputados federais Humberto Souto e Ibsen Pinheiro, foi aprovada pela Câmara Federal na semana passada. Desde terça-feira, está sendo discutida no Senado, onde deverá ser votada até maio.

O governo do estado está confiante no bom senso dos senadores, e também acredita que, se for preciso, o presidente Luiz Inácio Lula pode vetar a mudança na distribuição dos royalties.

Mas, por via das dúvidas, melhor contar com o apoio popular. “Tem que fazer a diferença. O petróleo é o nosso! Então, os royalties também têm que ser nosso”, concluiu uma jovem.


 


 

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