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quarta-feira, 3 de março de 2010

Economia e Emprego - Setor da Construção Civil fechou 2009 com 16,7% mais contratações do que em 2008

Isso, apesar da crise econômica global e de uma pequena retração na média salarial

Mariana Branco
Publicação: 03/03/2010 08:37
 
A construção civil, o mais forte segmento da economia do Distrito Federal, conseguiu encerrar 2009 com desempenho positivo apesar da turbulência causada pela crise econômica global, que estourou em setembro de 2008. De acordo com os dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) sobre o mercado de trabalho do setor, entre o primeiro e o segundo semestres do ano passado o setor contratou 6 mil trabalhadores no DF, elevando em 10,5% o contingente de ocupados, que passou de 57 mil para 63 mil. Comparado ao mesmo período de 2008, quando 54 mil pessoas estavam empregadas, o crescimento do emprego foi de 16,7%.

Osmani trocou a Bahia pelo DF, onde conseguiu uma vaga de servente
 de obra com carteira assinada - (Adauto Cruz/CB/D.A Press
)
Osmani trocou a Bahia pelo DF, onde conseguiu uma vaga de servente de obra com carteira assinada
Além do aumento no número de ocupados — incluídos os trabalhadores autônomos e sem carteira assinada —, o Distrito Federal também contratou mais empregados com carteira assinada no segundo semestre do ano passado, em relação ao mesmo período do ano anterior. O número de celetistas cresceu 19,2%, em um ritmo maior do que o de ocupados, o que sugere um avanço na formalização no setor da construção civil.

A pesquisa do Dieese levou em conta mais cinco regiões metropolitanas, além do Distrito Federal — Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo — nas quais também foi verificado crescimento na quantidade de ocupados, entre eles celetistas, na construção civil.

Surpresa
Na avaliação da entidade, o setor surpreendeu em um ano em que o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas do país) teve um crescimento próximo de zero. A entidade atribuiu os resultados a medidas de estímulo adotadas pelo governo após a eclosão da crise internacional, por meio da expansão dos programas de transferência de renda para sustentar a demanda e do fomento ao crédito. As ações foram adotadas a partir do segundo trimestre do ano passado. De acordo com o Dieese, o aumento da massa salarial de trabalhadores de outro setores também contribuiu para a abertura de vagas na construção civil. Ou seja, a maior demanda por imóveis acabou impulsionando o segmento.

O DF foi a segunda região metropolitana dentre as pesquisadas com a maior alta de emprego se comparados o segundo semestre do ano passado e o mesmo período de 2008. A capital federal ficou atrás apenas do Recife, onde o número de ocupados cresceu 34,4%. O segundo semestre de 2009, em relação a igual intervalo imediatamente anterior, registrou alta na oferta de emprego no Recife (de 17,8%), e em Belo Horizonte (15,7%), deixando o DF em terceiro lugar no ranking nacional.

A boa maré de contratações detectada pelo Dieese beneficiou pessoas como o servente de obras Osmani Moreira dos Santos, 29 anos. Ele mudou-se da Bahia para o DF em busca de emprego. Na terra natal, Osmani trabalhava como garçom e conseguiu ser efetivado, há um ano, na Brookfield Incorporações, por indicação de um parente empregado na empresa. “Brasília está crescendo e, por isso, a construção tem oportunidades”, diz .

Se as ofertas de emprego cresceram, a renda média do trabalhador da construção civil no DF caiu entre o primeiro e o segundo semestres de 2009. O recuo foi de 1,1%, fazendo com que o valor médio do salário passasse de R$ 874 para R$ 869. Entre 2008 e 2009, no entanto, a renda ficou quase estável, com leve decréscimo de 0,6%.

Segundo Luiz Carlos Botelho, vice-presidente do Sindicato das Indústrias da Construção Civil no DF (Sinduscon-DF) e proprietário da empresa LDN Construções, a crise iniciada em 2008 amorteceu o crescimento previsto para o segmento, mas não trouxe prejuízos. “A crise segurou um grande incremento que ocorreria. Mesmo assim, o mercado ficou estável quanto à rentabilidade”, afirmou. Para ele, as medidas anticíclicas adotadas pelo governo, como a liberação maciça de financiamentos para construir, foram fundamentais para o resultado. “Foram ações efetivas, que mantiveram 2009, que poderia ser um ano de retração, no patamar de 2008”.

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