Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

quarta-feira, 3 de março de 2010

Chapa única reúne antigos desafetos

Renato Alves
Publicação: 03/03/2010 07:00
Líderes de sete expressivos partidos políticos decidiram ontem lançar uma chapa única para eleições no Distrito Federal este ano. À frente do grupo estão nomes como o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) e os deputados federais Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e Tadeu Filippelli (PMDB-DF). Além das legendas deles, o bloco engloba PPS, PV, PRB e PCdoB.

Os candidatos aos cargos no Palácio do Buriti, na Câmara Legislativa, no Senado e na Câmara dos Deputados serão definidos nos próximos encontros, previstos para ocorrerem semanalmente. Mas as lideranças da coligação têm um discurso comum. Falam em punição severa aos envolvidos no atual escândalo político e em apresentar aos brasilienses nomes diferentes dos que integraram os governos de José Roberto Arruda e Joaquim Roriz.

No entanto, dois integrantes da frente, o PMDB e o PPS, estão diretamente ligados às denúncias de corrupção investigadas pela Polícia Federal. Ex-secretário de Saúde do governo Arruda, o deputado federal Augusto Carvalho, e seu adjunto Fernando Antunes, ambos do PPS, estão citados no inquérito do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Assim como os três distritais do PMDB: Eurides Brito, Rôney Nemer e Benício Tavares.

Diferentemente de outras legendas, como o PSB — que expulsou o distrital Rogério Ulysses —, PMDB e PPS sequer abriram investigação própria ou falaram em punição aos filiados acusados de integrar o suposto esquema de corrupção. Presidente do PMDB no DF, Filippelli, era homem de extrema confiança de Roriz, de quem foi secretário de Obras, e participou ativamente do governo Arruda. Indicou, por exemplo, toda a diretoria da Companhia Urbanizadora de Brasília (Novacap), estatal responsável pela administração das maiores obras do governo local.

Agora, Filippelli defende a moralização e a renovação da política brasiliense. “Esse grupo aqui reunido reconhece a angústia que se abateu sobre Brasília. Sentimos o incômodo sobre o silêncio de todos nós. Por isso decidimos reagir e apresentar uma alternativa à cidade”, afirmou, após a reunião da coligação, ocorrida no Diretório Nacional do PRB, sediado em uma luxuosa casa da QL 22 do Lago Sul.

Antigos adversários

Adversário político de Filippelli nos tempos de governo Roriz, para quem perdeu uma eleição ao governo do DF, Cristovam Buarque agora tem o mesmo discurso do deputado federal pelo PMDB. “É grande a angústia em nossa sociedade. Ela é provocada por um vazio de propostas para resolver o problema do DF nas próximas semanas, meses”, comentou, dizendo também se sentir incomodado com questionamentos sobre uma postura mais clara e firme de sua parte em relação aos escândalos que implodiram a administração Arruda e estremeceu a Câmara Legislativa.

Cristovam, como todos os representantes de partidos presentes no encontro, ressaltou que a intenção do grupo é participar da definição do governador que deverá ser escolhido pelos deputados distritais. A coligação dá como certa a renúncia ou cassação de José Roberto Arruda, o que provocaria a convocação de uma eleição do sucessor em que apenas os integrantes da Câmara Legislativa teriam poder de escolha. “Esse novo governador precisa ser uma pessoa isenta, sem interesses políticos-partidários. Alguém que consiga dar estabilidade à Brasília”, defendeu Cristovam.

A frente de Cristovam e Filippelli descarta, a princípio, a adesão de outros partidos. Vale lembrar que outras legendas já têm candidatos colocados, como PT, PTB e PSC. E, a exemplo do PMDB de Filippelli, outras duas estão no centro da crise, como DEM e PSDB.

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