Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro disse Dom Pedro II

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Programa Fome Zero está desidratado e desfiguradoO

por Zózimo Tavares 

O jornal Folha de S. Paulo publicou, no domingo passado, ampla reportagem sobre a situação de Guaribas, cidade-símbolo do Fome Zero, sete anos depois do lançamento do programa, vendido como a principal bandeira do governo Lula na área social. A reportagem, assinada pelas jornalistas Simone Iglesias e Marta Salomon, de Brasília, conclui que Guaribas não tem o que festejar, pois o Fome Zero está desidratado e desfigurado.
O jornal cita que o asfaltamento da estrada que daria acesso ao município não saiu do papel. Por isso, a visita do presidente Lula foi cancelada em cima da hora, pela segunda vez. Em fevereiro de 2003, a viagem do presidente foi desaconselhada pela segurança do Planalto. A estrada que liga Guaribas a Caracol tem 52 km, percorridos em duas horas, em média, por veículos com tração nas quatro rodas. Quando chove, a viagem fica difícil. Carros de passeio simples não conseguem passar.
“O Fome Zero foi lançado em Guaribas sem Lula e, em sete anos, já sem a propaganda inicial, viu as doações reduzidas a 20% dos valores registrados em 2003 —e basicamente à custa do leilão de bois “piratas”, apreendidos em áreas de desmate ilegal na Amazônia”, descreve a reportagem, completando:
“Mais importante: ele teve seu desenho original (distribuição de cupons aos pobres para troca por alimentos) substituído pelo Bolsa-Família, carro-chefe da política social de Lula. Hoje o Fome Zero já não é o que era: designa uma estratégia genérica de segurança alimentar”.
O jornal levantou que boa parte das famílias de Guaribas sobrevive hoje com o dinheiro do Bolsa-Família, de R$ 22 a R$ 200 mensais, dependendo do número de filhos e do tamanho da pobreza. Localizada no semiárido do Piauí, a 488 km de Teresina, a cidade-símbolo do Fome Zero tem 4.814 habitantes e um dos mais baixos IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano) do país.
“Depois que o pessoal do governo veio aqui para lançar o programa, muitas pessoas acham que a vida mudou, que Guaribas virou uma cidade-modelo, mas isso não aconteceu. Nosso poder aquisitivo até melhorou um pouco, houve esforço do governo, mas muita coisa não funcionou. Não houve aquele “boom” que se esperava”, avalia Henrique Gomes, morador de Guaribas e assessor técnico da prefeitura.

Diário do Povo

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